segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Filme Lucy

No filme de ficção Lucy, numa preleção e baseando-se no mito de que o ser humano só utiliza cerca de 10% da sua capacidade cerebral, o professor Norman (interpretado por Morgan Freeman) salienta o caso do único ser vivo que usa o cérebro melhor do que o ser humano, o golfinho. Diz o professor Norman que: “estima-se que esse incrível animal use até 20% da sua capacidade cerebral, isso permite que ele tenha um sistema de ecolocalização mais eficiente do que qualquer sonar inventado pelo homem. Mas o golfinho não inventou o sonar, ele o desenvolveu naturalmente, essa é a parte crucial da nossa reflexão filosófica, poderíamos então concluir que: os humanos estão mais preocupados em ter do que ser”. Eu penso que não devemos desassociar o ter do ser, mas é importante o equilíbrio entre estes dois vetores. Vivemos numa sociedade de consumismo, promovida de forma agressiva pela comunicação social. As pessoas são avaliadas muito mais pelo que têm do que pelo que são, concomitantemente, isso cria um vazio existencial. Para preencher esse vazio, a propaganda consumista induz-nos a comprar coisas, muitas delas desnecessárias. Os últimos modelos de telemóvel, tablet, televisão, computador e uma infinidade de gadgets, sempre com inovações que nos tornam incompletos se não os possuímos. Quem leu “A Cidade e As Serras” de Eça de Queiroz, vê lá tudo isto bem explanado. Tal como no romance de Eça, o vazio nunca é preenchido, exatamente porque o vazio não existe, é uma criação da mente racional, uma ilusão que rapidamente passa. O homem, a natureza e o Universo são só um, dividimos parte do DNA com plantas e animais, todos somos feitos de átomos, e do que temos conhecimento, tudo o que existe no Universo é feito do mesmo material, a falta de compreensão destes aspetos é o que provoca o vazio. O estilo de vida que vivemos com fabulosos avanços tecnológicos, tem atrasado o desenvolvimento das nossas capacidades intrínsecas, coisas que poderíamos fazer sem dificuldade com os nossos meios naturais, hoje dependemos de tecnologia para executar esses procedimentos. O filme de ficção Lucy, tenta que façamos uma reflexão sobre o que aconteceria se conseguíssemos usar 100% do nosso cérebro, se um dia pudéssemos atingir o nível de compreensão que a Lucy atingiu através da droga. Para entendermos melhor o filme, é importante sabermos que Lucy foi o nome dado ao fóssil fêmea descoberto em 1974, e que é o fóssil mais antigo visto até hoje, 3,2 milhões de anos. A título de curiosidade este nome foi dado em homenagem à música dos Beatles “Lucy in the Sky With Diamonds”. Para melhor compreensão desta obra também facilita termos breves noções sobre Kant, Schopenhauer, Einstein e física quântica. Analisando o conteúdo do filme e se acreditarmos que somos feitos de átomos organizados e imaginarmos esses átomos colocados tipo legos, é fácil perceber que se através da nossa capacidade mental conseguirmos alterar a organização dos átomos, podemos nos transformar em outras coisas. A física quântica prova que nada é sólido, tudo é energia e informação. O nosso cérebro é ainda um universo por explorar, e se o utilizarmos em equilíbrio entre o desenvolvimento pessoal e o tecnológico, daremos um grande passo na nossa evolução. Neste filme tal como em Matrix1, temos de nos aliar dos tiros e das peripécias e nos concentrarmos na mensagem filosófica. Termino com uma frase do Millôr Fernandes, que faço questão de não esquecer “É importante ter, sem que o ter te tenha” esta frase alerta-me constantemente para manter o meu equilíbrio entre a mente o espírito e os bens materiais, percebendo que os bens materiais têm valor, mas não devem dominar a minha vida.

 Adriano Gonçalves

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O Mito dos Cavalos Alados

 

Vou escrever um pouco sobre a natureza da alma, dentro do contexto do diálogo platónico Fedro. Platão na sua obra Fedro, descreve um diálogo que houve entre Sócrates e Fedro. Embora os temas debatidos neste diálogo sejam essencialmente o amor e a retórica, vou-me cingir apenas à questão da alma, abordada também nesta obra através do conhecido Mito da Parelha Alada. Nesta alegoria, Platão faz uma reflexão sobre o que é a alma e qual a sua natureza. A primeira ideia é que a alma é imortal e indestrutível, transcende à matéria, não nasce nem morre, porque a alma é o princípio de tudo e como é um princípio não pode ser gerado, senão deixa de ser um princípio. A segunda opinião é sobre o dualismo, para tudo o que existe há sempre um oposto. Na abordagem da alma, existe o mundo sensível que é o mundo que observamos através dos cinco sentidos, e o seu oposto é o mundo das ideias (céu) constituído de coisas não observáveis, onde existe tudo o que nós conhecemos, mas de forma imaterial, imutável e perfeita. O mundo sensível é uma cópia imperfeita (por vezes demasiado imperfeita) do original que existe no mundo das ideias. Entre esses dois mundos existe um espaço onde andam as almas dos Deuses que são aquelas que já atingiram a perfeição e as outras que ainda estão a passar por provações para evoluir. Das que ainda estão a passar por provações, muitas vão encarnar num corpo humano. Platão escreveu que o seu mestre Sócrates, para melhor explicar a Fedro o seu pensamento sobre alma e como é que a consciência humana pode lidar com os elementos que a constituem, criou o Mito dos Cavalos Alados. O Mito divide a alma em três partes e começa a ser explicado da seguinte maneira: a alma pode ser comparada com uma parelha alada, constituída por uma biga (carruagem)com dois cavalos alados (cavalos voadores) conduzida por um Auriga (cocheiro). O Auriga é a parte que representa o intelecto, a razão, sendo ele que controla e tenta harmonizar os dois cavalos. As outras duas partes são representadas pelos cavalos, sendo que um cavalo é o bom e representa o impulso racional da alma, a parte positiva da paixão, e o outro é o cavalo mau, que representa a parte instintiva da alma, ou seja, a parte das paixões e dos desejos irracionais. Ambos os cavalos têm uma coisa em comum, amam as coisas belas. O cavalo bom é branco e belo é amigo da opinião certa não precisa de ser esporeado pois basta para o fazer trotar uma palavra de comando ou de encorajamento, ele olha para o mundo das ideias (céu) comtemplando toda a beleza que lá existe. O cavalo mau tem um aspeto feio, é amigo da soberba e da lascívia, não obedece a ordens e a muito custo obedeceu, depois de castigado com açoites, fica olhando para baixo contemplando as belezas terrenas, e ao contrário do cavalo bom que se contenta em contemplar, tenta possuir tudo o que é belo, foçando a carruagem para baixo. para o mundo material. E assim anda a alma a vagar pelo espaço, e o cocheiro a tentar equilibrar uma carruagem com dois cavalos que querem estar em lugares diferentes. Nesta indecisão a carruagem por vezes fica descontrolada e cai na terra, os cavalos perdem as asas e a alma fica habitando um corpo para passar pela experiência dos sentidos. Este é o sinal de que o cavalo mau venceu. Todos os que habitamos a terra pertencemos às almas em que a parte má da alma venceu. As nossas Asas que estão partidas vão ter de voltar a crescer para voltar a voar e levar a alma novamente para a luminosidade. Para que as asas voltem a crescer os cavalos têm de ser bem alimentados e os bons alimentos segundo Platão, são a beleza, a sabedoria a justiça e as virtudes. Para isso o cocheiro tem de ser mais habilidoso para conseguir harmonizar os dois cavalos, uma vez que não podemos negar nenhum deles, pois os dois são necessários, só que têm de estar em harmonia e bem alimentados. O problema é que são muitos os incentivos para o mau alimento, é muito o lixo que entra na nossa mente das mais variadas formas e isso impede a nossa evolução espiritual. Muitos de nós vão precisar de muitas reencarnações até que as asas cresçam e a alma possa voltar a voar. Constantemente sou puxado violentamente pelo cavalo mau e por vezes continuo a ser um mau cocheiro e não o consigo controlar os cavalos e a minha carruagem (minha vida) vai no rumo errado. Mas o facto de conhecer este mito tem-me ajudado a refletir e nos momentos menos bons, digo sempre para mim mesmo, lá está o cavalo mau a dominar e isso permite-me ir em busca do equilíbrio. Se alguém ao ler esta minha divagação sinta a curiosidade de explorar este mito e o ajudar a conhecer-se melhor, valeu a pena mais esta divulgação. Mas se ninguém ler, também valeu a pena, porque enquanto o escrevia fiz várias reflexões positivas para mim mesmo.

Adriano


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024


 

Continuando a ler O POETA

Publico pequenos retalhos de alguns escritos de Fernando Pessoa. São pérolas que o pensamento brota. Embora eu escreva para mim, fico feliz se alguém tropeçar neste blogue e ao ler um pouco do que transcrevi, desperte a curiosidade para explorar o poeta mais profundamente.

      

E                                            Exerto1

 E                            

Sou um guardador de rebanhos, o rebanho é os meus pensamentos e os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos, e com as mãos e os pés, e com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la, e comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor me sinto triste de gozá-lo tanto, e me deito ao comprido na erva, e fecho os olhos quentes, sinto todo o meu corpo deitado na realidade, sei a verdade e sou feliz.

Exerto2

Se eu pudesse trincar a terra toda e sentir-lhe um paladar, e se a terra fosse uma coisa para trincar, seria mais feliz um momento…Mas eu nem sempre quero ser feliz, é preciso de vez em quando ser infeliz, para se  poder ser natural…Nem tudo é dias de sol, e a chuva, quando falta muito, pede-se. Por isso tomo a infelicidade com a Felicidade, naturalmente, como quem não estranha que haja montanhas e planícies, e que haja rochedos e erva.

Exerto3

Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!

Exerto4

Adoramos a perfeição porque a não podemos ter, repugná-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano, porque o humano é imperfeito.

Exeerto5

Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em querer ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

A Sabedoria do Poeta

Ler Fernando Pessoa ajuda-nos a perceber a vida. Publico pequenos excertos de alguns dos seus poemas que me têm ajudado a refinar o meu modo de pensar. Alterei a estrutura da escrita poética para diminuir o tamanho do texto. São mensagens com muita metafísica e que exigem uma profunda reflexão em cada frase. Não vou comentar a minha análise sobre cada excerto, porque como diz a frase: "Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicação".

 

Excerto 1

 

Da minha aldeia vejo o quanto se pode ver o Universo. Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer, porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura. Nas cidades a vida é mais pequena que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. Nas cidades as grandes casas fecham a vista à chave, escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu. Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos podem dar e tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

 

Excerto2

 

Para além da curva da estrada talvez haja um poço e talvez haja um castelo, ou talvez apenas a continuação da estrada. Não sei nem pergunto. Enquanto vou na estrada antes da curva só olho para a estrada antes da curva, porque não posso ver senão a estrada antes da curva. De nada me serviria estar olhando para outro lado e para aquilo que não vejo. importemo-nos apenas com o lugar onde estamos, há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer. Se há alguém para além da curva da estrada, esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada, essa é que é a estrada para eles. Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos. Por ora só sabemos que lá não estamos. Aqui há a estrada antes da curva e antes da curva há a estrada sem curva nenhuma.

 

Excerto3

 

Quando vier a primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria e a primavera era depois de amanhã, morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir se não no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo, e gosto porque assim seria mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

O 7º Princípio Hermético - Género

O Princípio do Género é sétimo e último grande Princípio do Hermetismo. O seu axioma diz o seguinte:” O Género está em tudo; tudo tem o Princípio Masculino e Feminino; o Género manifesta-se em todos os planos”. Vou dissertar um pouco sobre o Princípio do Género, baseando-me fundamentalmente no livro “O Caibalion, Três Iniciados” e nos vídeos da professora Helena Galvão da escola de filosofia Nova Acrópole. O Princípio do género é derivado do Princípio da Polaridade, os Géneros são dois opostos em que a falta de um evidencia o outro. A função deste Princípio é criar, produzir e gerar. As suas manifestações são visíveis em todos os planos e fenómenos. Nenhuma criação, seja física, mental ou espiritual, é possível sem a participação deste Princípio. Nada pode ser criado sem a aliança entre elementos Femininos e Masculinos. Todas as coisas e todas as pessoas contêm em si estes dois elementos. Todas as coisas Masculinas têm igualmente o elemento Feminino; todas as coisas Femininas têm o Elemento Masculino. É importante realçar que este Princípio é muitas vezes utilizado de forma deturpada para justificações de práticas perniciosas e degradantes de índole sexual, o que contraria completamente a filosofia Hermética. Embora o Género se apresente no plano físico através do sexo Masculino e Feminino, o seu alcance é muito mais do que isso. O Género Feminino é a energia Yin que está contida em tudo o que existe. No planeta é caracterizado pelo lado oriental e no humano está ligado à fertilidade, recetividade, conceção de ideias, criatividade e intuição. O Género Masculino é a energia Yang, também está contida em tudo o que existe. No planeta representa o lado ocidental e no humano expressa-se pela lógica, poder racional, força motriz e instinto de proteção. Neste pequeno trecho apenas vou abordar o Principio do Género na parte mental onde constatamos que na nossa mente existe o Género Masculino e o Género Feminino e que se queremos criar algo que possamos chamar de nosso, temos de obrigatoriamente utilizar os dois Géneros na sua elaboração. Então vejamos, na nossa mente o Princípio Feminino é quem gera novos pensamentos, conceitos e ideias, incluindo a obra da imaginação. O Princípio Masculino simplesmente vai potenciar esse trabalho nas suas várias fases. Contudo, sem a ajuda ativa da vontade do Princípio Masculino, o Princípio Feminino corre o risco de gerar apenas imagens mentais resultantes de impressões recebidas de fora, em vez de produzir criações mentais originais. É muito difícil sabermos se uma ideia que temos é originalmente nossa ou uma criação proveniente da projeção das massas ou de alguém que subtilmente a colocou na nossa mente. Dando o exemplo da ave conhecida como cuco, esta ave tem por hábito ir ao ninho de outras aves retirar os ovos desses pássaros e colocar lá os seus para sejam esses pássaros a chocar os seus ovos. Assim, os outros pássaros chocam os ovos do cuco e tratam os filhotes pensando que são seus. Fazendo uma analogia com os ovos do cuco, é o que pode acontecer com a criação de ideias na mente humana. Uma ideia surge na nossa mente e nós começamos a trabalhá-la, alimentá-la, desenvolvendo-a e tal como o pássaro que criou os filhos do cuco e pensa que são seus, nós também pensamos que essa ideia é nossa, mas pode não ser. Quando alguém nos diz: Cuidado que essa pessoa é um mau caráter. A tendência é ficarmos logo com a ideia de que a pessoa referida não é de confiança. Se não analisarmos por nós mesmos o comportamento da pessoa em questão, vamos pensar que a opinião que temos sobre essa pessoa é nossa e provavelmente até à vamos divulgar. Este, é um pequeno exemplo do quanto pode ser desagradável não criarmos ideias próprias. Que a nossa mente não seja um ninho para alimentar as ideias dos outros, mas um útero para fecundarmos as nossas reflexões e gerar ideias próprias. Mas não esquecer que para conceber uma ideia original será sempre necessário recorrer ao Princípio do Género mental, Masculino e Feminino.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

O 6º Princípio Hermético - Causalidade

No dicionário de português encontramos a seguinte definição para a palavra causalidade: 1. A influência da causa sobre o efeito; 2. Modo de operar de uma causa. O Princípio da Causalidade é o sexto grande Princípio Hermético e diz o seguinte: “Toda a causa tem o seu efeito; todo o efeito tem a sua causa; tudo acontece de acordo com a lei; acaso é apenas o nome dado a uma lei não reconhecida”. Se falarmos de física e da terceira lei de Newton conhecida pela lei da Ação Reação, que afirma que a toda a ação corresponde uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto, é fácil de concordar, pois conseguimos corroborar esta situação na prática. Mas quando falamos da lei Hermética da Causalidade ou Causa e Efeito, estando esta relacionada com a Metafisica, logo despoleta controvérsia. Esta lei Hermética responsabiliza cada indivíduo pelas suas ações, lembrando que tudo acontece de acordo com a Lei Universal que diz que para cada ação gerada haverá sempre um efeito correspondente. A Causa é quem produz o Efeito já que o Efeito não se cria a si só, ou seja, nada acontece sem explicação.Acaso é meramente uma expressão respeitante a algo que não compreendemos. Este Princípio incentiva a agir sobre a causa e não sobre o efeito, possibilitando assim um maior domínio sobre os sentidos. Só há um destino para a humanidade que é o seu desenvolvimento intelectual, moral e por consequência espiritual. Por esta razão a “Causa” pode não estar relacionada só com o momento presente, mas com situações vivenciadas em vidas passadas. O espírito carrega sempre consigo as boas e más ações efetuadas enquanto encarnado, sendo o Princípio de Causa e Efeito um método de educação Divina que dá a conhecer o que os nossos atos produziram de efeito. Isto não quer dizer que existe um destino predeterminado, pois apesar de nada poder escapar à lei da Causa e Efeito, o que em certas filosofias e religiões é conhecido pelo Karma, o Hermetismo vem alertar que através do domínio da mente podemos ser agentes causadores motivacionais da nossa força de vontade e através das nossas ações é nos dada a possibilidade de corrigir as nossas imperfeições. Nascer num país do terceiro mundo, sem água, sem alimentos, sem hipóteses de sair da miséria,nascer com doenças graves com origem no fator genético, viver num País que entrou em guerra, é claro que não é possivel alterar esta situação de sofrimento só através da nossa mente, mas aqueles que podem ajudar os que vivem na miséria e não ajudam, os que podem cuidar daqueles que têm doenças graves e não cuidam, os que promovem as guerras,estão sujeitos à Lei Universal, nesta ou em futuras encarnações os seus espíritos terão que se depurar.Ninguém sai dos vários ciclos de vida sem aprender devidamente a lição. Provavelmente ao nascermos temos um determinado desígnio de vida a cumprir, mas para muitos de nós existe a possibilidade de escolher o caminho a seguir e até podemos seguir um caminho contrário ao que nos estava destinado. Mas somos nós que temos de tomar essa decisão e somos nós que viveremos com as consequências de cada ação e decisão que tomemos na nossa vida. Esta lei acaba por nos mostrar o resultado daquilo que vivemos, pensamos e sentimos.

terça-feira, 19 de abril de 2022

O 5º Princípio Hermético - Ritmo

O quinto Princípio Hermético é o Princípio do Ritmo e tem o seguinte axioma: “Tudo tem fluxo; tudo tem as suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é igual a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação”. O Princípio do Ritmo está umbilicalmente ligado ao Princípio da Polaridade, no qual aprendemos que tudo o que existe tem dois polos. O Princípio do Ritmo diz que a energia do Universo se manifesta num movimento de oscilação pendular através do Ritmo entre os dois polos do Princípio da Polaridade. A medida da oscilação dessa energia à direita é sempre igual à medida da oscilação à esquerda e vice-versa (o Ritmo compensa), tudo funciona semelhante ao pêndulo dum relógio. Vários adágios populares corroboram este movimento pendular: “Não há fome que não traga fartura”, “Não há mal que não venha por bem”, existem muitos mais ditos saídos da experiência de vida que ensina que em tudo existe um movimento pendular, tudo o que vai em direção a um polo regressa à mesma posição e distância em que estava no polo contrário. Foi assim com os grandes Impérios que começaram como pequenos países (reinos), vibraram até ao extremo do polo contrário, formaram grandes impérios e voltaram ao seu estado inicial, sendo pequenos países ou nem isso. Alexandre o Grande da Macedónia e o fabuloso império Macedónico e hoje a Macedónia é uma simples região da Grécia, o Império Romano e o que é hoje a Itália? o império Mongol o maior de sempre e o que é hoje a Mongólia? são tantos os exemplos que seriam precisas resmas de papel para menciona-los. Verificamos esta ação pendular no plano emocional, quantas vezes a paixão acaba repentinamente e até se torna em ódio, na bíblia lemos que Saul (São Paulo) era o maior perseguidor de cristãos e tornou-se no seu maior defensor. Podemos ver na natureza, as estações do ano que estão num fluxo continuo do verão ao inverno e depois do inverno ao verão, tudo tem um ritmo ou um padrão, o que parece ser aleatório é na verdade muito ordenado. A noite segue o dia e o dia segue a noite, a euforia origina depressão, “marés” de sentimentos e emoções sobem e descem sendo a energia pendular a sua causa. Tudo o que existe no Universo, nasce, cresce e morre, oscila do nascimento para a morte, da atividade para a inatividade num ciclo organizado apenas para renascer de novo.” Não há repouso absoluto, inércia ou cessação de movimento, e todo o movimento participa do Ritmo. Este Princípio é de aplicação universal”. É importante compreendermos os nossos ritmos internos, trabalhar com eles em vez de lutar contra, tanto a nível sentimental, na forma como pensamos, como falamos ou atuamos. Para manter uma condição perfeita de vida é preciso dominar o Ritmo, saber quando é melhor descansar, parar ou continuar. A vontade é superior à manifestação deste Princípio e embora o próprio Princípio não possa ser destruído, podemos escapar aos seus efeitos. O pêndulo oscila sempre, mas podemos evitar ser arrastados pela sua oscilação através da chamada Lei da Neutralização. Isto é possível desenvolvendo um elevado nível de consciência e se posicionando acima das ilusões. Vibramos para o lado positivo e aí ficamos num nível de consciência superior não deixando o movimento pendular nos arrastar para o lado negativo, pois esse movimento dá- se a um nível de consciência inferior (inconsciente), que é o nível onde a maioria de nós se encontra. Por vezes não conseguimos evitar ser arrastados para o lado negativo pela força pendular, mas, para quem acredita na reencarnação, tudo é lição.” Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do entendimento”.