sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Questionar e agir



No clássico infantojuvenil “Alice no País da Maravilhas”, o seu autor Lewis Carroll coloca um diálogo interessante entre Alice e o Gato. Alice pergunta ao Gato qual seria o melhor caminho que deveria seguir para sair daquele lugar. O Gato responde:” Isso depende muito do sítio onde queres chegar”.  Alice diz: “Na verdade não me importo muito”, ao que o gato responde:” Então pouco importa o caminho que sigas”. Nesta história L. Carroll também coloca Alice num monólogo, onde Alice se interroga: “(…) a questão é: quem sou eu afinal? Ah, esse é o grande dilema!”. Neste diálogo e monólogo que podemos interpretar como filosóficos, existem duas questões que deveríamos colocar a nós próprios. Quais são os nossos objetivos como seres humanos e, quem somos nós além da nossa identificação civil. Com estas duas questões respondidas, então, podemos pedir aconselhamento quanto ao caminho a seguir. Até lá, tal como respondeu o Gato a Alice, não importa qual o caminho que sigamos. Num outro clássico da mesma índole: “O Principezinho” de Saint Exupéry, o autor descreve um diálogo entre a Raposa e o Principezinho:” Adeus, disse a Raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Este também é um pressuposto importante para a evolução humana, vermos as situações pela perspetiva humanista. Cito dois livros para adolescentes porque é sobre duas adolescentes que vou continuar a escrever. Malala Yousafzai, ganhou o Prémio Nobel da Paz com apenas 17 anos. Num local dominado por melícias fundamentalistas Talibãs, onde havia grande repressão sobre as mulheres e se matava alguém simplesmente por discordar do sistema, Malala com apenas 11 anos começou a manifestar-se defendendo o direito de as meninas frequentarem a escola. Continuou com várias formas de luta defendendo a liberdade e a sua causa: “O direito à educação”. Quando tinha 15 anos aconteceu o que parecia inevitável, um terrorista disparou três tiros na sua cabeça. Felizmente não morreu. Agora, outra adolescente, Greta Thunberg com 16 anos de idade, lidera uma luta Hercúlea para salvar o planeta. Conseguiu o apoio de milhões de pessoas. Em março deste ano cerca de 1,4 milhões de crianças em idade escolar, fizeram greve e saíram à rua manifestando-se e apoiando a causa ambientalista. Embora muito jovem já se encontrou com personalidades como o Papa Francisco, Barack Obama, já discursou por duas vezes na Cimeira do Clima das Nações Unidas, onde no seu último discurso acusou os líderes das nações de:” não serem maduros o suficiente para encarar os factos e de estarem a deixar o peso das alterações climáticas para as crianças”. Malala e Greta são exemplos de alguém que por certo sabe quem é, qual o seu objetivo como ser humano e que vê com o coração. “Sejamos a mudança que queremos ver no mundo”, é importante pensarmos globalmente, mas agirmos localmente, percebermos qual a nossa responsabilidade naquilo que condenamos. Como disse G. Thunberg:” Temos de agir como se a nossa casa estivesse a arder, porque está mesmo”.