sexta-feira, 25 de março de 2016

Livro - Pai Nosso de Clara Ferreira Alves

 um livro escrito de forma muito elaborada. Um romance fantástico, que me deixou fascinado. Como disse António Lobato Faria, aquando da apresentação do Livro: “Pai Nosso é para mim um livro perfeito” e eu acrescento, para mim também. A Clara Ferreira Alves esclareceu que: “ Este livro é realidade e ficção”, mas foi na ficção que eu senti mais realidade. Não vou fazer um resumo do livro, apenas vou deixar alguns excertos de forma aleatória que penso, serem um incentivo à leitura deste magnífico romance.
 
 

Começo a beber demais, gin todos os dias, gin para diluir o remorso de pecados que não cometi
 
 

Amei uma pessoa nos labirintos de Jerusalém onde seria mais apropriado amar deus
 
 

 O amor é ópio. É uma droga. Fica-se agarrado. O amor distorce mais a realidade do que a guerra
 
 

 No chão a sombra dele cai sobre a minha, e foi o único momento em que tivemos intimidade, na confusão das sombras no cemitério
 
 

 (…) homens velhos aos quarenta anos. Os ares do mar e o sol cavaram desfiladeiros na pele curtida. Marinheiros e janízaros tão desempregados como os peixes
 
 

Pela varanda aberta sobre a noite entra o cheiro de plantas e árvores de que não sei o nome
 
 

Uma lua cor de fogo incendeia o azul cobalto e a água é uma fosforescência onde flutuam barcos como insectos num charco
 
 

A voz do Eduardo(....)era uma voz funda e acertada a compasso, uma voz treinada para mentir com aprumo......
 
 

Nunca gostei do Eduardo. Um peixe que se move nas profundidades submarinas onde não penetra a luz
 
 

Deus fica longe dali. Deus está no céu que é um sossego. Há-de ser ele a receber os cadáveres dos mártires, a reconstituir-lhes a carne despedaçada como quem reconstitui um quebra-cabeças de milhares de partículas elementares
 
 

Enquanto o lunático falava, eu pensava que alguém devia oferecer um cão, um gato, um peixe, uma tartaruga, às crianças de Gaza. Para os ensinar a amar
 
 

É preciso prestar atenção a todas a s coisas que acontecem pela primeira vez. Não só às coisas que acontecem pela primeira vez na nossa vida. A todas as coisas, as que acontecem fora da nossa vida e dentro das outras vidas. Quando um avião cai não é a primeira vez que acontece. Quando um avião decapita as torres do world trade center é a primeira vez. Os corpos a cair das janelas. Corpos que explodiram no chão sem que ninguém ouvisse o som porque a grande explosão abafou a pequena explosão.
 
 

Porque tens medo desta história? Porque não sei se consigo contá-la direito.
 
 

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