“Tens de vencer, tens que estar entre os melhores”. Esta frase podia se
reportar a um atleta de alta competição de uma qualquer modalidade desportiva,
mas provavelmente está a referenciar o que poderá ser o lema do estudante do
futuro. No desporto, os patamares de exigência foram subindo até um nível que
para treinar um atleta, foi necessário criar equipas multidisciplinares com:
treinador, psicólogo, fisiologista, fisioterapeuta, biomecânico, nutricionista,
utilização de recursos ergogênicos e, em alguns casos, ainda o recurso a
substâncias dopantes. Será que uma situação similar um dia ocorrerá na prática
estudantil?
A baixa empregabilidade em certos setores e, a exigência do mercado de
trabalho, farão com que só os melhores alunos das melhores universidades
consigam empregos bem renumerados e de longa duração. Os menos cotados, se
conseguirem entrar no mercado de trabalho, provavelmente vão encontrar a
precaridade.
Há alguns anos atrás os chamados “ explicadores” eram solicitados para
ajudar alguns alunos com dificuldades de compreensão em uma determinada
disciplina, hoje, já são um recurso frequente para potenciar o conhecimento em
alunos de excelência. O ser bom já não é suficiente, têm de ser os melhores. Na
sequência do que aconteceu no desporto é provável, que os alunos venham a ter
equipas multidisciplinares de apoio ao estudo e que utilizem substâncias
ergogénicas para uma melhor concentração e controle de ansiedade. Por este
caminho, o doping aparecerá naturalmente com a utilização de anfetaminas e outros
produtos que permitam o aluno estudar 10 ou 12 horas seguidas sem cansaço
aparente. A questão é: Será este o tipo de ser humano que queremos construir
para a nossa sociedade? Será este o tipo de vida que pretendemos para os nossos
filhos? Na minha opinião, é um tema que merece uma rápida reflexão.
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