quarta-feira, 6 de abril de 2016

Ser amigo, no comer, vestir e calçar


Não tem este artigo a pretensão de alterar comportamentos ou ferir suscetibilidades de alguns amigos dos animais. Pretende simplesmente, trazer “ à tona de água ”, alguns aspetos que de tão triviais, por vezes escapam à maioria das pessoas. Os dois princípios que regem o vegetarianismo ético são: O respeito pelos animais não humanos e, a preservação do ambiente. Como já devidamente provado e documentado, as indústrias da pecuária e piscatória, são responsáveis por infligirem grande sofrimento aos animais, pela produção de grandes níveis de poluição ambiental e, destruição de ecossistemas.
 Ao adotarmos uma alimentação vegetariana, estamos a contribuir de alguma forma para uma diminuição desses impactos negativos. Mas, de uma forma menos visível, ao lado das indústrias anteriormente referidas, concorre uma outra indústria, tão, ou mais destruidora, que é a indústria de peles, nomeadamente a indústria de curtumes. Várias fundações, associações e investigações jornalísticas, têm denunciado as enormes atrocidades que a indústria das peles vem infligindo nos animais. Uma dessas fundações é a conhecidíssima fundação, Brigitte Bardot, que tem lutado contra o extermínio de centenas de focas bebés que anualmente são sacrificadas. Para um melhor aproveitamento das peles e, uma melhor rentabilidade económica, estas focas bebés são mortas à paulada, sendo posteriormente as suas peles utilizadas na fabricação de casacos de peles.
 Também uma investigação feita em sigilo durante dezoito meses pela Humane Society dos Estados Unidos/Humane Society Internacional (HSUS/HIS) e um jornalista alemão independente, referenciou que cerca de dois milhões de animais de estimação (cães e gatos) são assassinados anualmente para utilização na fabricação de peles. Por estas razões, o vegetarianismo ético não se resume somente à escolha da alimentação, mas também à aquisição de vestuário e calçado. Gestos aparentemente tão simples, como a aquisição de um par de sapatos, construído sem substâncias de origem animal, fazem parte da filosofia do vegetariano ético.
Embora já vá sendo comum encontrar calçado vegan nas sapatarias portuguesas é nas lojas online que se consegue encontrar estes produtos com mais facilidade. Ligeiramente mais caros do que o calçado comum, podemos encontrar sapatos com um design atrativo e de boa qualidade. Têm também se revelado resistentes e com longa duração. Na construção de calçado vegan são utilizadas substâncias como:” (poliéster e poliuretano) poliamida, nylon, cortiça e fibras". Também se utilizam a borracha natural, microfibras, pneu reciclado entre outros produtos.
Em Portugal já existe uma marca que comercializa calçado vegan, do qual cerca 85% deste produto é exportado. A firma portuguesa de produção de calçado vegan, para diminuir a sua pegada ecológica tenta utilizar o máximo de materiais locais, apostando fortemente na cortiça. Embora este seja um mercado em expansão a nível mundial, em Portugal ainda não tem a importância devida.
Em conversas com pessoas do meu círculo de amizade, noto que ainda existe um grande desconhecimento sobre o material utilizado na construção do calçado e vestuário comum e, um desconhecimento ainda maior, sobre a indústria de peles que sacrifica biliões de animais todos os anos. E a realidade vai ser sempre esta: Eles matam porque nós consumimos

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