Usando como
tela, Portugal, Rússia, China e Japão o escritor projectou a vivência de quatro
famílias num percurso onde podemos observar cidades como: Tóqui no Japão,
Irkutsk na Russia, Changsha na China e Lisboa em Portugal. É através do
narrador de nome Artur, que o autor relembra algumas das grandes transformações
políticas e sociais que aconteceram no mundo no final do século XIX e princípio
do século XX. Além dos países anteriormente mencionados e por motivos
históricos também passam pelas páginas deste romance, a Itália de Mussolini e o
seu partido nacional fascista, a Espanha de Primo Rivera fundador da União
Patriótica e que inspirou a União Nacional em Portugal, a Alemanha e a França.
O principal foco
do romance é dirigido para quatro situações:1) A ascensão ao poder de Mao Tse –Tung na
China 2) A forma como Estaline implementou o seu sistema político na Rússia 3) Da
queda da monarquia até entrada de Salazar no governo português 4)A sociedade
japonesa e a aversão da mesma em relação aos ocidentais.
Grandes
pensadores e filósofos também fazem parte deste romance. Hegel, Maquiavel,
Engels e Marx, Sócrates, Platão, Aristóteles, Rosseau e Confúcio são
mencionados.
É um romance que
por certeza não agrada a quem é comunista, nele está explícito a crueldade que
esses regimes impuseram às populações. Também podemos verificar ao longo das
histórias contadas que tanto o comunismo como o fascismo enquanto regimes
totalitários provêem da mesma base filosófica.O Diálogo de Salazar com Carmona,
os argumentos de Salazar ao Capitão Artur Teixeira para não aceitar a pasta das
finanças, a forma como é apresentada a cultura chinesa e japonesa, está tudo
muito bem conseguido. É um livro que se lê rapidamente como todos os livros do
José Rodrigo dos Santos.
Aconselho a
leitura fundamentalmente àqueles que como eu já leram os livros anteriormente
publicados por este autor. Para quem quer iniciar a leitura das obras deste
autor, aconselho que deve começar por ler “A
Filha do Capitão”.
Na minha opinião,
José Rodrigues dos Santos continua a escrever como jornalista, sempre com a
preocupação de dar informação e transmitir conhecimento. Nos seus romances
sente- se a falta da adjectivação e dos advérbios que nos conseguem dar aquela
sensação de visualização e despertar a imaginação. Recorre pouco aos estilos
linguísticos como a hipálage, sinestesia, aliteração e tem pouca ironia. Vou
aguardar a continuação deste romance que é “O
Pavilhão Púrpura”, para ver se é tão interessante como “As Flores De Lótus” mas um pouco menos
pragmático e com uma escrita mais burilada.
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