As lendas da mitologia grega
conduzem-nos inevitavelmente a uma reflexão. São histórias que começaram por
ser transmitidas oralmente pelas pessoas, até que um dia, passaram a ser
registadas na linguagem escrita. Embora muito fantasiadas, algumas lendas
contêm um fundo educativo. É o caso da lenda do rei Midas. Esta lenda conta que
o rei Midas por ter tido uma ação que orgulhou o deus Dionísio (baco), este
como gratidão ao rei Midas, disse-lhe que pedisse algo que desejasse muito, que
lhe proporcionaria esse desejo. O rei Midas, embora fosse muito rico e vivesse
na abundância, era ganancioso. Então, pediu ao deus Dionísio que lhe desse um
dom, para que em tudo o que tocasse se transformasse em ouro. Dionísio tentou
demovê-lo desse pedido, mas, em vão, Midas recusou. Começou logo a utilizar o
seu novo poder, tocou numa pedra e ela transformou-se em ouro, tocou numa folha
caída de uma árvore e também se transformou em ouro, era uma maravilha. Passado
algum tempo, deu-lhe fome, mas não podia comer, tudo o que tocava
transformava-se em ouro, tentou beber vinho, mas o líquido transformou-se em
ouro. Percebeu que iria morrer à fome e à sede. A sua adorada filha quando
chega a casa e vê o pai em agonia, corre para ele e ao abraça-lo transforma-se
numa estátua de ouro. Desesperado, Midas pede a Dioniso que lhe retire esse poder.
Dioniso satisfaz-lhe este novo pedido e Midas arrependido voltou para os campos
para viver uma vida humilde e longe das cidades. O rei Midas foi demasiado
ambicioso e a ambição desmedida é ganância, confundiu o superficial com o
essencial, colocou a riqueza material como o seu maior bem enquanto ser humano.
Aprendeu uma grande lição, mas à custa de muito sofrimento. Hoje, existem
imensos reis Midas, gente que em tudo o que toca quer transformar em fortuna,
fortuna essa, que nunca é suficiente. É o campeonato do mundo dos ricos, a
classificação sai na revista Forbes. Em 2017 o 1ª lugar foi para Jeff Bezos,
fundador da Amazon com uma fortuna avaliada em 112 bilhões de dólares. Os reis
Midas da atualidade, numa corrida desenfreada pelo “vil Metal”, delapidam os
recursos naturais do planeta, sem questionamento, sem pensar no impacto futuro
que terão as suas ações de hoje. Seguem sem olhar a valores morais, sociais e
respeito pelo meio em que vivem, recusam um equilíbrio entre as necessidades
humanas, o progresso e preservação dos recursos naturais. Só no Brasil matam-se
quase 90 mil vacas e bois por dia. Uma fábrica da Hyundai é capaz de produzir
um automóvel em cada 10 segundos (até seis mil por dia). A Tailândia em 2016
produziu 521 mil barris de petróleo por dia. O consumismo desenfreado está a
destruir o Planeta e tal como na história do Rei Midas, um dia vai haver gente
com muito dinheiro, mas com uma vida triste demais para ser vivida. Somos todos
responsáveis pela preservação do meio ambiente. Uma economia circular, onde a
reutilização de recursos é maximizada, redução do consumo de carne e peixe e
eficiência energética são meios disponíveis que a maior parte de nós pode
utilizar para diminuir o impacto nocivo no planeta.
domingo, 24 de março de 2019
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