terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Poucos e bons / Poucos e maus





Durante um treino, falávamos sobre o projecto de atletismo feito em São Paulo ( Brasil) pela equipa “ Rede Atletismo” que tem como objectivo descobrir talentos.
O projecto tem como meta seleccionar 60 jovens talentosos para irem viver num complexo desportivo localizado em Bragança Paulista.
Ai é proporcionado de forma gratuita condições ímpares para a prática da modalidade, Educação, cuidados com a saúde, moradia e alimentação.
O mais impressionante deste magnífico projecto, é a adesão que o mesmo teve. Começou com 16.079 jovens inscritos, fez-se uma 1ª selectiva e ficaram 4.466, na 2º selectiva ficaram 600, depois foram apurados 180 que disputaram a grande final, de onde saíram os 60 contratados.

O tema da nossa conversa versava em como é que Portugal só com 9 milhões de habitantes, poderia ter atletas com o nível dos brasileiros.
Um dos intervenientes na conversa disse:
Não é preciso sermos muitos para sermos bons.
Comecei a reflectir sobre o assunto, e vou escrever sobre alguns dos pensamentos que passaram pela minha mente.

A ilha da Madeira que é o lugar onde nasci e habito, tem uma população que não chega aos 250 mil habitantes, no entanto tem um jogador de futebol que foi considerado o melhor do Mundo (Cristiano Ronaldo) um velejador campeão do Mundo (João Rodrigues), vários atletas Olímpicos, já teve três equipas de Futebol na 1º divisão Nacional, e tem imensos títulos de Campeão Nacional em várias modalidades.

Portugal é um minúsculo País, mas isso não impediu de ter construído o primeiro Império Global da história, através de um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes sob a sua soberania, resultado das explorações realizadas na era dos descobrimentos.

Outras situações que achei relevantes:

Aeróstato – Aeróstato é a designação dada às aeronaves mais leves que o ar, como por exemplo os balões e os dirigíveis. O primeiro voo efectuado num aeróstato foi efectuado por Bartolomeu Gusmão que em 1709 perante a corte de Lisboa, voou num invento da sua autoria baptizado de Passarola.

Aviação – Gago Coutinho e sacadora Cabral realizaram em 1922 a primeira viagem aérea entre a Europa e a América do Sul. Gago Coutinho também fez uma adaptação do Sextante antigo, passando o seu nome a fazer parte da lista dos grandes inventores.

Batalha – Na batalha de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385, o exército português utilizou algumas inovações tácticas que permitiu que o seu exército apeado, que contava com cerca de 6500 homens fosse capaz de derrotar uma poderosa cavalaria medieval de Castela com cerca de 31000 homens.

Burlão – Alves dos Reis o maior Burlão português e um dos maiores a nível mundial, organizou uma gigantesca operação de fraude financeira onde consta a maior falsificação de notas de Banco da História

Circum – Navegação – O português Fernão de Magalhães, comandou a primeira expedição marítima que efectuou a primeira viagem de Circum - navegação à volta do Globo

Derrotas – As maiores derrotas portuguesas foram nas batalhas de Alcácer Quibir a 4 de Agosto de 1578, onde se estima que tenham morrido cerca de 9000 portugueses e 16000 fossem feitos prisioneiros, e em La lys entre 9 e 29 de Abril de 1918 em que a 2ª divisão do corpo expedicionário português, constituído por cerca de 20000 homens, não conseguiu suster o embate de oito divisões do exército Alemão com cerca de 55000 homens, sofrendo 7500 baixas entre os quais 327 oficiais.


Maledicência - Quando a maledicência for uma modalidade olímpica, Portugal vai ganhar a medalha de ouro, prata e bronze. Aqui diz-se mal de tudo, ninguém tem mérito em nada. SE tem uma mulher bonita é corno (chifrudo), se é musculoso é maricas (viado),se é rico é porque roubou, mas se é pobre é burro pois nem roubar sabe etc,etc, etc.....

Neurocientista - António Damásio a residir actualmente nos EUA é um dos maiores neurocientistas mundiais da actualidade.

Fernando Nobre – Médico fundador da AMI, assistência médica internacional – representa a parte mais positiva de Portugal.

Desporto – Vinte e duas medalhas olímpicas, vários títulos de campeões europeus e Mundiais em diversas modalidades, é um bom pecúlio para um país tão pequeno.

Papa - Um português foi Papa, seu nome Pedro Julião ou Pedro Hispano que adoptou o nome de João XXl

Prémio Nobel – Dois portugueses foram galardoados com o prémio Nobel, um de medicina através de Egas Moniz e um de literatura entregue a José Saramago.


Gestores -Em portugal 20 gestores públicos ganham o mesmo que 65000 funcionários púplicos. Somos os maiores corruptos do Mundo, embora nos páíses que foram colonizados por Portugal a corrupção esteja registada no ADN de muita população, mas nada se pode comparar ao que se passa em Portugal.

Acho que já chega – só com estes pequenos exemplos já dá para perceber que para sermos muito bons, ou muito maus, não é preciso sermos muitos – o meu amigo tinha razão

Um bom ano de 2011, para todos

domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma simples notícia




Esta pequenina digitalização foi retirada do Jornal Da Madeira do Dia 13/04 1961. Numa coluna intitulada “ Jornal da Sociedade” entre muitas referências a aniversários, aparece esta notícia a felicitar os meus pais e avós pelo meu nascimento. Quem publicou a notícia se tivesse adivinhado as dores de cabeça que eu dei aos meus pais, se calhar tinha escrito: Já que ele nasceu, agora tenham paciência. eheheh
A notícia pelo menos serviu para que o jornal fosse preservado até os dias de hoje. Lá de vez em quando dou por mim a ler este jornal e a deliciar-me com as notícias desse tempo.
Fiquei a saber que no dia em que eu nasci a Rússia lançou o primeiro homem no espaço. Tratava-se do major Yuri Gagarin de 27 anos que segundo o jornal tinha dois filhos. A notícia vem muito bem documentada e como não poderia deixar de ser, junto à mesma, vinha outra a mencionar que os americanos nas próximas semanas também iriam colocar um homem no espaço. Ao fazer uma pequena consulta no Google sobre este tema, descobri que Yuri Gagarin nessa viagem disse duas frases que se tornaram famosas “ A terra è Azul” e “ olhei para todos os lados, mas não vi Deus”
O jornal tinha uma coluna “ Agenda do leitor” onde eram colocadas informações úteis: câmbios, horários das Farmácias, Marés e até o preço do Peixe na Praça e na Lota.
No dia em que eu nasci o Atum era vendido a 8 escudos ao Kg, que corresponde actualmente a 4 cêntimos, e o cinema que eram sempre dois filmes, custava 6 escudos ou seja os actuais 3 cêntimos. Eheheh
A minha ideia em colocar este artigo, não é a de mencionar as notícias desse Jornal, mas sim chamar à atenção para um facto. Hoje em dia nos telejornais e nos jornais só se dão notícias desagradáveis. A necrologia nos jornais ás vezes enche duas páginas, até parece que só morre gente. O resto das noticias é para falar da crise financeira, da guerra, acidentes de viação, violações e sei lá mais Quê… Estamos a tornar a sociedade uma coisa deprimida e triste.
Que tal voltar aos anos 60 e começarmos a felicitar através dos jornais o nascimento dos filhos dos nossos amigos, começarmos a salientar tudo o que de bom se passa à nossa volta. No fim de contas, há sempre duas maneiras de ver as coisas: Tanto podemos dizer que as Rosas Têm espinhos, como podemos dizer que os Espinhos têm Rosas.
(Quando comecei a escrever este artigo estava com a ideia que ás vezes a vida de uma pessoa não é nada mais do que o tempo que vai entre duas noticias de jornal. Mas depois lembrei-me da história das rosas e dos espinhos e alterei o texto)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Gratidão no Amor


Vou colocar um poema do poeta português Carlos Queirós. Só a título de curiosidade ele é irmão da famosa Ofélia Queirós, com quem Fernando Pessoa teve uma relação amorosa . Este poeta é pouco divulgado, mas é muito bom.
Definição de gratidão na Wikipédia - "A gratidão é uma emoção, que envolve um sentimento de dívida emotiva em direcção de outra pessoa; frequentemente acompanhado por um desejo de agradecê-lo, ou reciprocar para um favor que fizeram por você "




Canção Grata

Por tudo o que me deste:
— Inquietação, cuidado,
(Um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
— Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão.
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
— Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: — Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!

Carlos Queiroz, in “Obra Poética, Vol. I”

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nada é por acaso, existe uma razão para tudo




“ Chega o momento que a vida de cada homem é uma derrota assumida. É uma verdade que todos sabemos” Marguerite Yourcenar

Várias vezes dei por mim a pensar no porquê de tantos milhões de pessoas aderirem ao jogo, como praticantes ou como simples espectadores, seja ele futebol, ténis, atletismo ou um trivial jogo de cartas. Também muitas vezes tentei perceber a razão da necessidade das pessoas terem uma religião.
Penso que uma das razões do homem aderir ao jogo tem a ver com o facto de a sua vida real terminar sempre com uma derrota (que é a morte) e o ser humano como é um ser que tem necessidade de se transcender, utiliza o jogo para obter vitórias, que de alguma forma acabam por fazer dele um vencedor.
A religião aparece como complemento do jogo, pois as vitórias do jogo são demasiado efémeras e o homem precisava de uma vitória total e assim a religião deu-lhe essa hipótese, dotando-lhe de um espírito imortal e propondo-lhe uma vida eterna, seja através da reencarnação, da ressurreição ou de outras teorias que acabam sempre por torna-lo imortal.
Assim o homem é sempre vencedor e pode viver feliz e descansado. (as tretas que nós arranjamos para enganarmo-nos. No fundo o que interessa é que funcione eheheh)
Ao ler uns textos da obra “ O Homem e o Sagrado” de Roger Caillois,aprendi mais algumas coisas sobre o tema, como por exemplo, a de que o jogo é a base de quase tudo. Eu pensava que o jogo era resultado de uma cultura, mas segundo este autor, o jogo antecede a cultura e não ao contrário.

Vou expor a forma como interpretei o capítulo ll “ o Jogo e o Sagrado “ da obra " O Homem e o Sagrado" de Roger Caillois, que quanto a mim é mais uma ferramenta para ajudar-nos a abrir a mente.

"O HOMEM E O SAGRADO”

II. O JOGO E O SAGRADO
Utilizando a obra de J. Huizinga “ Homo Ludens” como grande referencia o autor Roger Caillois debruça-se sobre a importância do jogo na evolução da civilização. A identificação do lúdico e do sagrado que o autor considera ser a questão mais delicada e complexa é importante para podermos perceber a sua influência na nossa sociedade.
Partindo de um principio que o jogo é um dos instintos primários do homem o autor refere que “ a ciência, a poesia, a sagacidade, a guerra, a filosofia, as artes, nasceram e enriqueceram algumas vezes do espírito lúdico ”. Através do jogo o homem cria regras e acções que por algum tempo o conseguem absorver e separá-lo do seu mundo habitual., por esta razão Huizinga tenta demonstrar que “ o estádio, a mesa de jogo, o círculo mágico, o templo, o palco, o ecrã, o tribunal” por tratarem-se tal como o jogo de mundos temporários no dia-a-dia e por terem uma actividade regulada que tem o seu fim em si mesma, são terrenos ou lugares de jogos.
A dissertação que Caillois faz sobre o lúdico e o sagrado transporta-nos para os primórdios da nossa existência e leva-nos a reflectir profundamente sobre procedimentos que utilizamos e conotamos como triviais, por exemplo a origem do alfabeto, que sendo fonético muito provavelmente teve a sua origem nas brincadeiras com diferentes sons.
A ideia de que o lúdico (jogo) está na base da nossa aprendizagem e que aparece antes da cultura leva-nos a reflectir sobre os gestos dos recém-nascidos que antes de aprenderem qualquer coisa a sua primeira atitude é brincar. Se observarmos o reino animal também constatamos procedimentos idênticos, quando dois cães bebés brincam estabelecem regras pois ao morderem as orelhas uns dos outros mordem só até o ponto de não ferir, as suas acrobacias e procedimentos não são nada mais do que uma aprendizagem para o que será a sua vida adulta.
O jogo também tem uma função protectora pois nele escolhemos os riscos que podemos correr, as regras que limitam as nossas capacidades e leva-nos a atingir uma perfeição que embora limitada e provisória traz-nos uma satisfação pessoal. Este facto não é suficiente para alimentar o ego do ser humano pois ele continua a viver em insegurança, e para colmatar esta lacuna surge o sagrado. O sagrado e o lúdico tem em comum o facto de não fazerem parte da vida real mas terem uma função idêntica em relação à mesma, que é retirar temporariamente o homem da sua vida real que em muito se assemelha a uma selva.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Na realidade, eu sou aquilo que não sou





Quem é que eu sou realmente? Sou as várias personagens que eu criei e represento e nas quais acredito com tal convicção que acabo por perder-me dentro delas, ou serei uma outra pessoa que nem sei que existe?
Isto tem tudo a ver com a obra “A apresentação do eu na vida de todos os dias” de Erving Goffman e da qual passo a descrever de forma muito sucinta algumas ideias que retirei da mesma.

Erving Goffman em vez de fazer uma análise do que é a realidade, debruça-se sobre a forma como vemos a realidade, ou seja em que circunstâncias pensamos que as cenas que vemos ou fazemos são reais. Na sua perspectiva toda a gente em toda a parte com maior ou menor consciência está sempre a representar, todos somos actores.
Por essa razão, e na sua óptica é que utilizamos a palavra “pessoa” que tem origem na palavra grega prósopon que significa máscara. A pessoa que nos tornamos ao representar certos papeis e a forma como vemos as representações dos outras pessoas, passam a ser as personagens mais verdadeiras, pois são nelas que projectamos os nossos ideais, no fundo, aquilo com que nos gostaríamos de parecer.
A personagem que representamos e o que realmente somos acabam por fundir-se e formar a pessoa (máscara) pois segundo o autor nascemos como indivíduos, adquirimos carácter e só depois é que nos transformamos em pessoas (máscaras)
Para podermos representar uma máscara que seja coerente é necessário cumprir certos deveres sociais, e actuar de forma consistente. Goffman recorre a vários exemplos para demonstrar as dificuldades que existem no desempenho da máscara e apresenta soluções para as ultrapassar.
O autor classifica a forma como desempenhamos os nossos papéis, de “cínico” quando não acreditamos nos papéis que representamos, nem temos interesse em convencer a nossa audiência e de “Sincero” quando acreditamos na impressão que o nosso desempenho vai causar.
Goffman chama de fachada a um conjunto de elementos através dos quais o publico avalia ou descobre onde decorre a cena qual é o estatuto do autor assim como o papel que o mesmo procura desempenhar. Dela fazem parte o “Quadro” constituído pelo cenário e o palco onde se irá representar a acção humana e outras subdivisões como “aspectos cénicos da fachada”, fachada pessoal” etc.
A minha interpretação do texto é que perante a sociedade em que vivemos, acabamos por criar adaptações para podermos responder de maneira satisfatória às expectativas solicitadas pela mesma. Tentamos criar perante a sociedade a imagem que a própria sociedade define como ideal e assim podermos impressionar os outros elementos da sociedade positivamente. Esta situação também é válida perante nós próprios, que normalmente queremos ser aquilo que idealizamos e não o que somos na realidade. O benefício do desempenho é que “ Se nunca tentássemos parecer um pouco melhores do que somos, como seriamos capazes de nos tornar de facto melhores” .

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um pouco de Poesia para combater o stress





Uma vez que actualmente as pessoas são normalmente tratadas como se fossem máquinas,desprovidas de sentimentos,aqui vai um poema de José Carlos Ary dos Santos para lembrar que também somos seres sentimentais. Este poema é maravilhosamente interpretado num fado pelo Carlos do Carmo.




Estrela da Tarde


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!


José Carlos Ary dos Santos

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma outra forma de pensar

Há muitos anos, não sei quantos, mas, mais do que 20, saía eu de um treino de atletismo e o director da Secção perguntou-me se queria fazer-lhe companhia, pois ia assistir a uma prelecção sobre o desporto de Alta Competição no Teatro Municipal do Funchal. E lá fui eu.
O prelector era o professor Manuel Sérgio. Ouvi-o com muita atenção, fiquei chocado, mas fez-me pensar. A partir daí a minha forma de pensar alterou-se substancialmente. Ele falou dos malefícios do desporto de alta competição, disse os nomes de grandes jogadores e a idade com que morreram, falou do que era o stress num balneário antes de um grande jogo de futebol, etc. Etc. Ou seja, falou como se diz na minha terra “ chamando os bois pelos nomes”
Hoje o professor Manuel Sérgio é reconhecido como um dos maiores pensadores do desporto a nível mundial, um grande filósofo. Coloco uns vídeos de uma entrevista dada pelo professor, que vale a pena ver e ouvir. Quem sabe se mais alguém fica a pensar de maneira diferente?( Quem tiver dificuldades em visualizar os videos no blogue pode ir ao youtube e escrever "Juca entrevista Manuel Sérgio"



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Das rugas aos implantes





Para comemorar os 100 anos de república, o Diário de Noticias de Lisboa tem vindo a publicar diariamente de Segunda a Sexta-feira fascículos de uma colecção intitulada” As Estórias nunca contadas pela História”
Esta colecção consta de “conteúdos inéditos extraídos dos arquivos dos dois jornais mais antigos de Portugal continental, o Diário de Noticias e o Jornal de Noticias” As fotos, as notícias e os artigos publicados, proporcionam uma visão mais aprofundada da forma como se vivia e pensava nas respectivas épocas. No fascículo publicado ontem vi uma notícia que achei interessante, razão pela qual à vou publicar no blogue.

Notícia com o título “ SOFRER PARA SER BELA” publicada a 4 de Junho de 1939 ou seja à 71 anos:
“ A ruga ou o bisturi – trágico dilema das mulheres que não se resignam a envelhecer. Para senhoras que não crêem que a graça do seu sorriso, a doçura do seu carácter e o natural das suas falas encantam mais do que a reparação das suas desgraças físicas.
Conta o Dr. Galand que, de cem mulheres que vêm implorar-lhe o socorro do bisturi para destruir as ruga que invariavelmente elas julgam prematuras, trinta apenas têm paciência, ou a constância, ou a coragem de levar o tratamento até ao fim (…) O homem não olha para o espectáculo do presente, conservou os olhos do passado. Uma mulher aterra-se contemplando ao espelho as suas rugas. O marido que a ama conserva no coração a imagem do que ela era na flor da sua juventude e no apogeu do seu poder de sedução”

Será que 71 anos após a sua publicação este artigo ainda se mantém actualizado?
O jornalista começa o artigo com o que ele chama de ” trágico dilema das mulheres” e que eu digo; e actualmente também dos homens eheheh. Efectivamente a maior parte das pessoas não se resignam a envelhecer, e até penso que actualmente esse sentimento é mais acentuado. Hoje as pessoas querem manter uma boa imagem não só para se sentirem atraídas sexualmente mas também por muitos outros factores. Estudos indicam que 55% da primeira impressão que as pessoas têm de outras pessoas é baseada na sua aparência e acções, 38% no tom de voz e só 7% no que a pessoa diz, demonstrando assim que somos criaturas visuais. Os estudiosos também dizem que não são precisos mais de 30 segundos para formarmos um pré conceito. Talvez por isso existe a frase “ a primeira impressão é que conta”. Actualmente já não se recorre só à eliminação de rugas, são também, retirar sinais, corrigir o nariz, os tão em voga implantes mamários, aumentar o pénis, além de um grande numero de outras cirurgias cujo objectivo é tornar-se mais belo(a) e aumentar a auto-estima. Na continuação do seu excelente texto o jornalista escreve: “o homem não olha para o espectáculo do presente” e termina escrevendo: “conserva no coração a imagem do que ela era na flor da sua juventude e no apogeu do seu poder de sedução”. São sem dúvida palavras bonitas e cheias de conteúdo. Este artigo com uma ligeira adaptação à evolução tecnológica, especialmente à terminologia teria todo o sentido se fosse escrito actualmente, e se for escrito daqui a 100 anos, provavelmente terá a mesma pertinência. As palavras de incentivo à valorização do ser humano como pessoa de bem, culta, educada, inteligente e humilde, foram, são e serão sempre bem-vindas.
Ps. Embora identificando-me mais com o carácter de uma pessoa do que com a sua beleza física é natural que esta não me deixa indiferente. Não sendo apologista da frase: “ a tua mulher fez 40 anos? Troca por duas de 20”eheheh, acho que devemos fazer o possível para mantermo-nos jovens, sobretudo na nossa forma de pensar, e nunca devemos deixar morrer a criança que existe em nós. O facto de sentimo-nos amados pelo nosso parceiro(a) não nos dá o direito de sermos desleixados, pois e embora não perceba lá muito do assunto, eu acho que até o amor tem limites….

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Juntos pelo Planeta


















Os problemas ambientais já não passam despercebidos. Os mais variados meios de comunicação social, as escolas, associações ambientais, autarquias,entre outros, têm tentado sensibilizar as pessoas para esta temática. Uma prova disso é a foto em cima à esquerda que mostra o meu filho mais novo na sua escola primária. É uma escola pública já com muitos anos, onde foi aproveitada uma das paredes para fazer um magnífico desenho que incentiva todos a estarem juntos numa luta por um bem que é comum. Este artigo vem a propósito de ter lido o livro “ Sétimo Selo” de José Rodrigues dos Santos. Um excelente livro em que o autor recorrendo a dados científicos recentes aborda o grave problema do aquecimento global e os grandes interesses que se movem no negócio do petróleo.
Sinceramente fiquei apreensivo (para não dizer assustado) com a brevidade que se prevê os efeitos nefastos provocados pelo aquecimento global, assim como o impacto que terá a falta dos combustíveis fosseis que segundo o autor prevê-se o seu esgotamento até 2050. Sabendo que tudo isto se irá passar ainda na minha geração, nem sei o que dizer!
É um livro que deveria ser aconselhado aos alunos pelos professores, pois é uma forma de divulgar os problemas ambientais. Neste romance também é abordado o tema da velhice e a colocação do progenitor num lar. Eu que há poucos anos passei pela situação de colocar o meu pai num lar, achei a descrição muito real. Até parece que o José Rodrigues dos Santos ouviu as minhas conversas com o meu pai e as suas respostas. Por tudo isto e por muito mais, façam o favor leiam este livro, pois vale a pena.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os Nadas





Quero escrever alguma coisa no blogue mas não tenho Nada para escrever. Por isso vou escrever sobre Nada, pequenos e grandes Nadas que me irritam profundamente.
Algumas definições de Nada no dicionário: Ausência de quantidade; ausência, quer absoluta, quer relativa, de ser ou de realidade; o que não existe; o que se opõe ao ser; bagatela; Coisa nenhuma; Não; de modo nenhum; coisa mínima; nenhuma novidade; sem resultado, etc.

NÚMEROS - No meu trabalho sou o Nº 1000437, se estiver doente pedem-me o Nº de utente, para receber dinheiro é o Nº de identificação fiscal, para identificar-me é o Nº de identificação civil, tratar de algum assunto no Banco o Nº de identificação Bancária e por ai adiante. Deixamos de ser pessoas e passamos a ser números, e como os números não têm sentimentos, carências socais nem outro tipo de problemas, ninguém quer saber de nós. Estamos tramados, somos Nada.

LUZ - Uma luz vermelha acende e eu paro o carro. A rua está deserta, não passam pessoas nem carros em algum sentido, mas eu só posso avançar quando uma luz verde acender. Fico parado à frente da luz vermelha, pensando: Eu aqui a obedecer a uma estúpida luz. Até uma simples e estúpida Luz já manda em mim…. Sou mesmo Nada

ESTATÍSTICA - Quando morre uma pessoa é uma coisa muito séria, muitos lamentos e condolências. Mas quando morre muita gente em situações como uma catástrofe natural, uma guerra, um acidente ou uma epidemia, passa tudo a ser estatística, tipo : No anterior conflito houve mais 3% de mortos, no último ano morreram menos 6% de pessoas em acidentes de viação, etc, etc. Para sermos pessoas temos que morrer sós e de morte natural, caso contrário somos simplesmente estatística, ou seja, passamos a ser Nada

TRADIÇÃO – Durante a minha infância, na minha casa, era habitual tratarmos um Porco para matar no Natal. O Porco era tratado com carinho, fazíamos festas na sua cabeça, coçamos o seu corpo com um pau ou uma escova (o que o fazia muito feliz), e até dávamos-lhe um nome. O bicho ia crescendo e engordando, quando chegava o Natal era morto. Uma morte agonizante, o Porco gritava de aflição, num ritual de crueldade difícil de descrever. Quase cinquenta anos depois, continua a matança do porco no Natal em nome da tradição. O que é que aprendemos nestes cinquenta anos? NADA!....

POUPANÇA – Quando alguém diz ao filho, frases tipo: Apaga a luz porque a electricidade está muito cara, no mês passado pagamos um balúrdio. Em vez de explicar que grande parte da electricidade é produzida por motores que consomem imenso combustível e fazem muita poluição, que quando apagamos uma lâmpada que está desnecessariamente ligada, estamos a contribuir para que haja menos poluição no mundo, fazendo ver os benefícios que dai advêm. Estamos ensinando errado, e ele está aprendendo Nada

EDUCAÇÃO – Uma das frases que mais me irrita é: “antigamente é que havia educação, as pessoas antigamente (no tempo da ditadura) tinham mais respeito. Agora (na democracia) não se respeita ninguém, nem policia nem professores nem os próprios pais”. Mentira, as pessoas antigamente não eram mais educadas tinham era medo. Se não se portassem bem, levavam pancada dos professores, da polícia dos pais e não se podiam queixar. Se as pessoas fossem educadas na ditadura, quando passou à democracia não deixavam de o ser. O que se passa neste país é que nunca se educou ninguém. As pessoas não podiam ter certos procedimentos porque iam presas, levavam pancada ou eram excluídas socialmente. Mas em termos de educação a educação do nosso povo vale Nada

PEDRAS - Quando o meu pai andava irritado dizia: “ hoje estou pegando com as pedras” e então desatava a desancar sobre tudo. Eu herdei isso dele e hoje estou “ pegando com as pedras” por isso tinha necessidade de deitar cá para fora algumas das coisas que mais me irritam. É claro que não escrevi nem metade do que me apetecia escrever, mas penso que como terapia o que escrevi já vai ajudar um pouco…. eheheh

Para terminar o inicio de um poema Álvaro de campos:
-Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dicionário Madeirense


" O regionalismo é um conjunto das particularidades linguísticas de uma determinada região geográfica decorrentes da cultura lá existente" Quando vi este dicionário madeirense lembrei-me logo de muitos termos que usava ou ouvia na minha infância. Acho que é uma parte da cultura que deve ser preservada. Para que os meus amigos do continente português não tenham dificuldade em perceber os madeirenses quando cá vêem, aqui vai o dicionário.

A

Abelhinha - Automóvel, taxi.
Abicar-se - Atirar-se.
Aboseirado - Sentado descontraídamente
Aduelas - Costelas; "Estepilha, levei um sopapo e quebrei as aduelas".
Adufa – Fossa "Cheiras que nem uma adufa"
Afiusas - Esperar ter sucesso a troco de outro. Assegurar
Agarra-te ás orelhas - Diz-se quando se tropeça e cai.
Agetivar - Amealhar.
Áh cão – Expressão de nojo.
Ajoujar - Sofrer o peso de qualquer carga ou ceder com o peso
Alivia - Atira, por ex. alivia a bola...
Altear - Utilizado para expressar o acto de elevar/subir o volume do rádio, tv (alteia a televisão)
Altear a Joeira - Masturbação masculina.
Aluado - cabeça no ar, maluco
Amanhar - Endireitar qualquer coisa. Também no sentido de se livrar de apuros - "Ele que se amanhe"
Andar de beiças - Estar amuado com alguém.
Andar ao cote (especialmente roupa) - usar regularmente nos dias da
Anona - fruto tropical abundante na Madeira, casca verde, interior branco e com pevides pretas
Á pata - Ir a pé.
Arcas - Costas
Arrelia – Incomodidade
Arriba dos pés - Dejectar.
Arrevalhar - Chuva miúda.
Atremar - Ver, compreender.
Atilho – Cordel Fino, Atacadores
Atupir - Enterrar
Aoua – Expressão de admiração
Apatinhar/Apatanhar - Expressão usada para descrever o acto de pisar o pé a alguém
Apilhar Apanhar "Jogar à apilhagem"
Apoitar - Ficar parado, morto (Derivado de lançar a pouta - tipo pequena âncora das embarcações)
Aquetar - Ficar quieto "Aqueta-te pequeno!"
Avezar - No sentido de repetir alguma acção até abusar.
Azougar – morrer
Azougue - Imen

B

Babádo - Tolo.
Bábeda - Pequena erupção da pele; baba
Babiar - Derrapar
Babuginha - água que fica perto da rebentação das ondas
Bafio - Mau hálito da bebida.
Bagas - Olhos.
Balaio – Cesto
Baldear - Cair
Banheira – Alguidar
Barbante - Fio; cordel; guita.
Batatas - Punhadas.
Batoque - Rolha.
Bêbra - Tipo de figo grande típico na Madeira.
Beiças - Lábios "Pintaste ei beiças?"
Beiçolas - Aquele que mostra tristeza.
Bibi - Galinha (infantil).
Bicha - Fila
Bicharada - Grupo numeroso de pessoas.
Bicho de pêssego - Diz-se de quem é irrequieto.
Bicho do buraco - Diz-se de quem é acanhado.
Bilhardar - falar dos outros, espreitar, ver, ter curiosidade na vida dos outros (vem de Bilharda – o pau que move as percianas na janela)
Bisalho – Pinto
Boseira - Indivíduo sem vontade para trabalhar. Excremento mole.
Brisa - refrigerantes variados...
Brocão - Soco bem forte
Broquilha - Sujeito novo, desajeitado, sem instrução
Brunir - fazer sons idênticos
Bucho Virado - Problemas de Intestinos
Burage - Comida a base de misturas normalmente para os porcos. Diz-se de comida mal feita.
Buzico - Nome que dão ás crianças ou crias de animais. Pequeno Lobo Marinho Mascote da Região

C


Caçoar - gozar ou fazer troça de alguém. "Tás a caçoar comigo?"
Cachimónia - Cérebro.
Cacul – Cheio a transbordar
Cacúlo - Monte de terra.
Cagança - Bazófia.
Cagar de Saco - Armar-se 'em pessoa importante', falar com convicção sobre algo que não percebe
Cagaço - Susto "Ai cão, tomei cá um cagaço..."
Camalhão - monte de terra usado nos poios...
Cambado – Coxo
Canalha - Conjunto de crianças
Cangalhas - Chifres; cornos.
Cara de cú à paisana - Serve para humilhar alguém.
Caralhinho - Pau para mexer a poncha
Carrolaço – "Tapona" no pescoço.
Carroulo - Parte de trás do pescoço.
Cá te viste - Afirmação negativa." Para receber ele é menino, mas para dar cá te viste"
Catre – cama
Catchú - Bola de Futebol
Charnota - Habitante de Machico
Chavelha - Habitante de Câmara de Lobos.
Chibarro - Marido enganado.
Chibo - Corno, contar algo que não devia ser dito...
Chiquemane - Bom, perfeito.
Chinesa – Café Meia de Leite
Chorrica - Diarreia.
Cisco - Lixo.
Colma - Vagina.
Consciência – Lamento, Tristeza "É uma consciência!": Que pena!
Coral – Cerveja
Cochiquinha – Muito Pouco. Um bocadinho
Cramar: Queixar-se "tás sempre a cramar"
Conduto - Petisco para acompanhar o prato principal.
Cubanos - Todos os habitantes do Continente, principalmente os alfacinhas!

D

Da fábrica se-me-dão - Coisa gratuita.
Dar aúga a pintos - Que não dá nada; pessoa muito forreta.
Dar Bêbras – Horas erradas "O teu relógio ta dar "bêbras""
Dar o canêlo - Morrer.
Dar no porco - Ter insucesso.
Dar no gôto - Causar inveja, engasgar-se
Dar o fuseco - Prostituir-se ou "dar o cú"...
Dar uma carreira - correr
De pata rapada - Descalço; Zé Ninguém.
Demitado - De propósito "Vim demitado aqui para falar consigo"
Dentinho - Petisco para tomar bebidas.
Diache: Diabo "Ah Diache..." Seu Diache..."
Dita - União natural de dois frutos.
Dose - Veneno.

E

Emantado - Triste; doente.
Embate - Brisa fresca que sopra do mar para terra.
Embalagem – Andar depressa (quase descontrolado). "passou por aqui embalado que mal o vi.
Embalamado - Gordo que mal pode andar
Embolajádo - Achatado, deformado
Em cima dos cornos - Em cima da cabeça.
Escamalhar - Fugir de alguém.
Emazarulhado – Enxovalhado
Enxerto de porrada - Grande sova
Escarafunchar - Remexer, esgravatar
Escramentar - Aprender a lição, não voltar a fazer algo que correu mal "Tás escramentado?"
Estepilha - Define exclamação. O mesmo que Caramba
Estepulha - criança traquina
Estepor - Peste, pessoa de má índole "Seu estepor!"
Esticar o pernil - Morrer (o diache da cabra tá quase a esticar o pernil"
Estrampalho - Estomago
Em cima do pente - No baixo ventre. Ex.: " A minha velha anda com uma dor em cima do pente, vou levá-la ao dôtor".
Estar pelas pelinhas - Ameaça de castigo ou desprezo.
Estiar – Parar de chover
Esvarar - Escorregar. "Tava arrevolhando, esvarei e pizei-me"

F

Falta de pau - Diz-se quando alguém tem comichão nas costas ou falta de homem.
Fazer o catatau - Molestar; fazer sofrer.
Fazer focinho - Mostrar que não lhe apetece.
Fazer ramelas - Provocar inveja.
Fazer sinagogas - Fazer trejeitos.
Feio cuma noite dos trovões - Pessoa muito feia, medonha.
Fincar na pança - Empanturrar-se de comida ou levar uma facada.
Fiusos – Fusíveis ou Dijuntores. Fios de Cobre Fino
Fome de rabo - Muita fome; miséria.
Forrado – Tempo nebuloso, nuvens da serra para o mar"
Frangolho - Papas de farinha grosseira de trigo, temperadas com banha de porco
Fraima – Susto, Ânsia, angústia "Não sei o que se passou, tou cá cuma fraima..."
Frigir - o mesmo que fritar
Furado – Túnel

G

Gadelha - Cabelo cumprido...
Gamesse – Pastilha elástica
Gardadeira - mulher típica de Câmara de Lobos (aquela que guarda a p... do marido e usa a dos outros) ...
Garoto - café com leite
Gavela - quantidade indeterminada
Gofe - Género de massa tipo de padeiro, feita de farinha de centeio torrada
Godilhões - Caroços "O milho hoje ficou cheio de godilhões"
Gosma - Pessoa que tem por hábito obter coisas por favor. "tas sempre na gosma"
Grado - cão.
Grêlo no ar - Diz-se de mulher libertina.
Grumitar - vomitar.
Guedelha – Cabelo
Guiador – Direcção do Automóvel (Volante)

H

Horário - Autocarro
Hora de tempo - O mesmo que dizer uma hora.

I

Ilha da minhoca - Cemitério
Incravar - Cravar.
Indagora - Frase de concordância, vá(ão) embora, à pouco tempo atrás
Inhame - tubérculo muito abundante nas ribeiras da Madeira e utilizado na culinária local.
Ir cascar batatas - Maneira de mandar alguém embora.

J

Joeira - Papagaio de papel.
Já fui e já vim - Fui lá e já voltei.
Jericar - Carregar fardos ao ombro
Juntar – Apanhar do chão.

L

Lagaceira - Água espalhada pelo chão.
Lá-lá - Dar um passeio às crianças.
Lagartixa - Lagarto Insular
Lambaça - Falar muito alto de forma irritada.
Lambeca – Gelados de Máquina
Lanço - Caudal secundário das levadas.
Lanzudo - Termo irónico que se aplica a alguém quando nos irrita ou pessoa com muito pêlo.
Lapinha - Trono ornamentado onde se coloca o Menino Jesus no Natal.
Lar - Lareira.
Larilhas – Homossexual
Lascar - Rasgar
Lenhos – Cortes na cara
Levada - canal de transporte de agua na serra
Levar o recado na cara - Criticar com aspereza.
Luzir - Indícios de maturação dos frutos.

M

Macacos - Letras mal feitas.
Macaqueira - Pequena doença.
Maçaroca - Espiga de Milho (Milhe)
Madorna - Sonolência.
Mais velho qu' o norte - Muito velho.
Mal ataganhado - Mal feito.
Mal injusto - O mesmo que dizer : injusto.
Malha – Tareia "Levou uma malha"
Malhão - Sova, malha grande
Mamada - Bebedeira
Manilha - Cano para condução de água.
Manta - O mesmo que "Poio" (O grado azougou e foi atupido na manta das tenerifas)
Manulhão - um galo na cabeça
Marca – Botão da Roupa
Mau cum' as cobras - Pessoa muito má.
Melancão - Indivíduo sem actividade, submisso.
Menino - Pessoa inteligente, esperta.
Menineiro - Aquele que parece que nunca envelhece.
Mercar – Comprar
Modilhos - Fazer trejeitos, caretas
Morgado - Nome que se dá a pessoa irreflectida, desobediente ou filho de uma relação fora do casamento.
Morrer com os pés amarelos - Morrer solteira.
Mouco - Surdo "Nã me ouviste, tás mouco ou quê?" ou "Conversas Loucas Orelhas Moucas"

N

Nada no mundo - Coisa nenhuma.
Nan dar amor de si - Estado comatoso.
Nan fósses - Não mexas.
Nan s' andamos na escola juntos - Repreensão que se faz a alguém que não se conhece e nos trata por tu.
Não é filha de minha mãe - O mesmo que dizer: "Não sou eu".
Nausear - Vomitar.
Nem todos ui dias é dia de festa - O mesmo que: "Nem sempre se faz isso".
Nikita - Bebida tipicamente madeirense com cerveja, ananás, gelado, etc
No cabo - No fim. Ex.: "Ele táva para ir, mai no cabo o patrão não deixou".
No sintido - Na memória.
Nunca nan vi - O mesmo que: "Nunca vi coisa assim".

O

Obra - Excremento humano.
O dinheiro é meu moço - O mesmo que " Com dinheiro compro o que quero".
Oh mãe! - expressão de surpresa, susto.
Olho de boi - Lanterna a pilhas.
O que vier morre - O mesmo que: " O que me derem serve".
Ouro e fio - Nem mais nem menos, com referência ao peso certo.
O relógio da Sé é que repete - Diz-se quando não estamos dispostos a repetir o que se disse

P

Paciência de corno - Diz-se quando se tem paciência para aturar alguém que nos chateia constantemente.
Padaria - Cú de uma mulher boa ou de alguém que queremos chatear.
Pancume - Pancadaria.
Palheiros – Galinácios de raça pequena
Palhete - A fósforo
Pampilhões - Socos "Se não tás calado levas uns pampilhões!"
Papelotes - Madeixas enroladas de cabelo.
Paral - Pau roliço que se mete debaixo dos barcos para auxiliar o seu deslizamento.
Pastilhas - Comprimidos
Pataca - Moeda de um escudo; moeda pequena sem valor, Cêntimos de euro
Pao de lume - Fósforos.
Pau de conto - Vara comprida com um cone de ferro na extremidade inferior servindo como vara de salto para transpor as deficiências do terreno onde apascenta o gado.
Peneirento - Vaidoso
Penca - Nariz
Pepinela - Xu-Xu, para os "cubanos"...
Pegar - O mesmo que "peguilhar"
Peguilhar - Expressão utilizada para descrever o acto de estar a irritar, picar ou "pegar" com alguém
Pevides - caroços dos frutos...
Pineco - Pinto, o mesmo que 'bisalho'. Diz-se de rapaz pouco corpolento em tom de desdém
Pizar - magoar, ferir "Ele caiu e está pizado"
Poio – socalco de terreno sustido por pedras de basalto muito comum na agricultura madeirense
Poncha - Outra bebida tipicamente madeirense com aguardente de cana-de-açúcar, sumo de limão e mel de abelha
Porradal - Grande sova, grande quantidade de algo "Um porradal de garrafas vazias no caixote"
Prisão - Mola de Cabelo (Tranca = Mola de Roupa)
Profeta - Porto Santense


Q

Quéto - Quieto.

R

Rabichól - Cú.
Rabiçar - Vomitar.
Rabo da lancha - Lugar no fundo, para trás.
Raça atravessada - Atribui-se a pessoa de má índole.
Rebendita - Fazer algo com maldade.
Refresco - qualquer bebida para refrescar a garganta.
Reina - Zanga.
Renheta - Indivíduo de nunca está satisfeito.
Respingo – Salpico "Respingaste-me toda ca agua da rega"
Rezonda - Repreensão em caso de discordância.
Rijeiras - Suspensórios.
Roeza - Fome.

S

Saloba - Diz-se quando a água não está boa para beber.
Saltar a lage – Cometer Adultério.
Sassinar - Assinar.
Sarimba - Caruma de pinheiro para fazer a cama ao gado nos currais
Se cair nan passa do chão - Diz-se quando cai alguma coisa ao chão.
Semálha - Galeria onde se colocam os cortinados.
Semilha (falado) – tubérculo, batata
Shongaria - Termo que se aplica a pessoa de baixa categoria.
Sofrer da mola - Sofrer de desarranjo mental.
Sopapo - Cair.
Soquete - Repuxão.
Stefan - Roda sobresselente de um automóvel.

T

Tabaibo - Fruto de uma espécie de cacto muito apreciado no Verão.
Tapona - Chapada na cara.
Tarimbeiro - Espertalhão que não se deixa enganar.
Tarraço - Algo muito implantado "Aquele gajo é um bêbedo tarraço"
Tempo do rei quinze - Tempo antigo.
Tenda - Oficina de sapateiro.
Tentear – Poupar
Tenerifa – Abóbara Madeirense / Tipo de Alface
Ter o diabo no coiro - Diz-se de pessoa que faz tropelias.
Titiço - Pescoço.
Tocar um toque - Tocar uma peça de música.
Topetada - Dar com o pé acidentalmente em alguma coisa
Tosse de cachorro - Tosse rouca.
Traineira - barco dos pescadores
Trambolhar - Cair.
Trancas - Molas de roupa
Tratuário - Passeio de calçada
Trompicar – Cambalear, Enganar, Dar-se mal "Se continuas na tua teima, vai-te trompicar comigo"
Tropezia - Fraqueza nos membros

U

Um pau pelo olho dentro - Diz-se quando se verifica uma coisa rara, surpresa.

V

Vaca - Mulher corpulenta.
Vaginha - feijão verde
Vento na poupa - Andar apressadamente.
Ver um mosquito nas desertas - Diz-se de pessoa que tem boa vista.
Verga - Grande bebedeira "Tou cá cuma verga"
Viração – Corrente de Ar

X

Xixarro - Carapau
Xou - Termo usado para enxotar.



Z

Zangalha - Peixe gata.
Zangalheiro - Pouco firme.
Zarolho - Vesgo

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Férias em Palma de Maiorca ( 15 dias mágnificos)

























Embora o meu desejo fosse fazer férias no sul da Croácia, acabei por ir bater novamente a Palma de Maiorca, e digo novamente porque já é a quarta vez. Desta vez resolvi partilhar através do blogue, algumas das maravilhas desta ilha. Não tenho dúvidas em afirmar que este é um dos chamados destinos turísticos paradisíacos, pois além das imensas praias, algumas delas fabulosas, esta ilha tem um enorme legado histórico, onde podemos contemplar entre algumas Aldeias pitorescas, uma enorme quantidade de monumentos, desde o estilo gótico, muçulmano e mesmo barroco. Locais como Valldemossa, Alcúdia, a famosa Catedral de Palma (século Xlll), são entre muitos outros locais e Monumentos, lugares fascinantes.
As famosas noites de Magaluf e Palmanova, onde a loucura (diversão) não tem limites, com bares para todos os gostos, ruas apinhadas de gente numa busca frenética de novas sensações, fazendo da noite dia, são também locais únicos.
Na minha primeira visita a Palma de Maiorca, fui passar um dia à praia de Formentor e fiquei com a sensação que era impossível encontrar uma praia melhor que aquela. O mar parecia um lago, a água era quente a paisagem deslumbrante, até lembro-me de ter dito: ”se existe o paraíso, é aqui”.
Desta vez e quando pensava que já conhecia todas as praias de Palma de Maiorca, indicaram-me duas que eu não conhecia e que passaram a ser as melhores praias onde alguma vez estive. O nome das Praias é: Es Trenc e Ses Covetes. A areia é branca a água limpa, clara e quente, é um dos lugares mais belos onde se pode estar, a única palavra que tenho para definir este local é:“ simplesmente belo”
A cidade de Palma também é muito bonita. Tem uma marina com quase 3 Km, que está sempre cheia com alguns dos melhores Iates da Mundo. Tem muitos lugares para fazer compras e uma oferta de diversões muito diversificada. Não me vou alongar mais e deixo a sugestão, façam férias em Palma de Maiorca, pois vale a pena. (coloquei umas fotos da minha praia preferida)





terça-feira, 17 de agosto de 2010

O meu livro das Férias



Nestas férias tive o prazer de ler mais um livro de José Rodrigues dos Santos e fiquei fascinado. Depois de ter lido a Fúria divina e a Filha do Capitão, dois maravilhosos livros deste escritor,aproveitei as férias para ler o Codex 632. O livro está muito bem escrito, e para quem como eu é um viciado em romances históricos, este livro não poderia ter sido melhor. Embora para mim não haja dúvidas que Colombo era português e que os portugueses já tinham conhecimento da existência da América muito antes de Colombo la ter ido, aconselho a quem tenha dúvidas ler este livro.Mas também para quem não liga nada a estes pormenores, aconselho a ler o livro pois como romance é fantástico.
De seguida um resumo que retirei do site http//: pt. shvoong.com

Tomás Noronha é um historiador perito em criptologia e é contratado por uma fundação americana (American History Foundation) para reconstituir as investigações de um outro historiador, também português, entretanto falecido. Apesar das complicadas pistas deixadas remeterem inicialmente para a descoberta do Brasil, a American History Foundation parece demonstrar um interesse camuflado em Cristóvão Colombo. A intriga desenvolve-se a partir da estranha mensagem deixada pelo historiador falecido: MOLOC NINUNDIA OMASTOS.
O romance de José Rodrigues dos Santos rebusca pois as misteriosas origens de Cristóvão Colombo. Para isso percorre a história dos descobrimentos, passando por uma série de monumentos e lugares plenos de significado. Ao longo de 550 páginas, o autor transporta-nos numa viagem à descoberta dos mistérios que rodearam a vida de “Colombo”, numa aventura plena de enigmas e que decorre em locais diversos: Lisboa, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Génova, Sevilha, Sintra, Jerusálem, Tomar, Londres. Para além da história maior, coexistem outras pequenas narrativas paralelas, tais como o romance de Tomás com Lena, uma inteligente e esbelta aluna sueca; a ruptura do mesmo com Constança, sua esposa; ou ainda a filha Margarida, com 9 anos e possuidora de Trissomia 21.
Habilmente escrito, o romance é em grande parte a reposição das teorias do historiador Mascarenhas Barreto («The Portuguese Columbus: Secret Agent of King John II», 1992) e do médico Manual Luciano da Silva, («Columbus wasn´t Columbus»,1989). É que, embora a história oficial afirme que o descobridor da América provinha duma humilde família de tecelões de Génova, existem outras possibilidades que têm vindo a ser levantadas e que colidem com esta tese, defendendo, como o faz este livro, que a nacionalidade do navegador seria portuguesa. «O Codex 632» é mais um romance histórico, mas também uma obra que pretende ficcionar em torno da verdadeira missão de “Colombo”, porventura um dos segredos mais bem guardados da epopeia dos Descobrimentos portugueses.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Desbravar terreno - Desporto adaptado


A selecção Nacional de Atletismo ANDDI- Portugal, participou no 5º Campeonato da Europa de Atletismo INAS – FID, realizado em Varazdin na Croácia. Os resultados desportivos superaram as expectativas.
Além dos diversos títulos individuais, colectivamente Portugal foi campeão da Europa no sector masculino e vice – campeão no sector feminino.
Mais uma vez tive o privilégio de integrar a equipa técnica que acompanhou a nossa selecção. Um Grupo maravilhoso de pessoas que só se encontram esporadicamente, mas que rapidamente criam empatias e reúnem sinergias que permitem os nossos atletas concretizarem os desideratos propostos. Os atletas geriram da melhor forma possível as suas limitações e foram exemplares no seu comportamento.
Como o desporto adaptado não tem grande visibilidade nos órgãos de comunicação social, e tendo em conta a importância da sua divulgação, a mesma deve ser efectuada por todos aqueles que de alguma forma estejam ligados ao sector. Por esta razão vou utilizar o meu humilde blogue para tecer umas breves considerações sobre esta temática.
Começo por citar ( Winnick 1997) numa definição de desporto adaptado “ Experiências desportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O âmbito do desporto adaptado inclui a integração de pessoas portadoras de deficiências com pessoas normais, e lugares nos quais que se incluem apenas pessoas com condições de deficiência”
Com o objectivo de demonstrar a importância desta actividade faço também referência à Constituição Portuguesa, que consagra o direito à cultura física e ao desporto para todos. Este aspecto é reforçado por um artigo da lei de Bases do Desporto que coloca o desporto como factor indispensável na formação da pessoa e no desenvolvimento da sociedade, fazendo também referência ao valor da prática desportiva para os cidadãos portadores de deficiência, tanto no desporto de recreação, como na prática do desporto de alta competição.
O problema é que a constituição, estatutos de Associações, Federações e definições de grandes pensadores nunca colocarão um único indivíduo com deficiência a praticar desporto ou uma outra actividade qualquer. Para que isso aconteça, é necessária a intervenção Humana na prática, fundamentalmente por indivíduos altruístas (no verdadeiro sentido da palavra), que de uma forma abnegada se dediquem à causa.
Fico feliz por Portugal continuar a ser um exemplo no desporto Adaptado, fundamentalmente na área da deficiência mental/ incapacidade intelectual, onde os resultados desportivos têm atingido a excelência. Os atletas portugueses através dos seus êxitos estão a desbravar um caminho onde ainda existem muitos obstáculos, que penso, só poderem ser removidos através de momentos de felicidade como aqueles que vivemos neste campeonato. E eu digo isto, porque sei que a felicidade é contagiante.
Parabéns à ANDDI- Portugal, e a todos aqueles que de alguma forma deram o seu contributo para mais este êxito desportivo. Mas não posso deixar de fazer uma referência especial ao Seleccionador Nacional Costa Pereira o grande dinamizador e ao Atleta Lenine Cunha que pela forma como exprimirem os seus sentimentos, dentro e fora das pistas, são um autêntico espectáculo dentro de um espectáculo.
E como disse na reunião de encerramento “ estes campeonatos sem a presença destas duas personagens, nunca serão a mesma coisa “
Um Pensamento:
” O desporto tem o mérito de dar visibilidade às visibilidades dos indivíduos, e não às suas dificuldades, pois ninguém pratica uma actividade desportiva e recreativa em que não tenha oportunidade de colocar em evidência as suas capacidades”
Aqui vai um link fornecido pela fisioterapeuta Maria João com uma sessão fotografica do atleta Lenine Cunha ( fotos tiradas no 5º Campeonato da Europa na Croácia)
http://www.youtube.com/watch?v=tRvh2M1vU7c

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As razões de um povo triste - Apenas a minha opinião


Ontem falava com um amigo e questionava o porquê do sentimento de fatalidade do povo português. De eu achar que na sua essência, o nosso povo é triste. Porque é que nós temos o Fado e os brasileiros o Samba?
Na sequência dessa conversa, nasce este artigo, onde eu vejo algumas razões, do porquê de sermos assim.
Normalmente quando se conta a história de um País, evitamos falar das derrotas, preferimos enaltecer tudo o que de bom foi feito. Hoje vou escrever umas breves notas, sobre as grandes derrotas de Portugal.
A primeira grande derrota foi a quatro de Agosto de 1578 com a batalha de Alcácer Quibir. A teimosia de um rei sem experiência militar, e que se recusava terminantemente a seguir os conselhos dos seus capitães, esses sim, homens com conhecimento na arte de guerrear, fez dessa batalha o maior desastre da história militar portuguesa.
D. Sebastião organizou um exército com cerca de 17000 homens para atacar o norte de África. Cometeu muitas imprudências, não teve em consideração as regras mais básicas para defrontar um inimigo que além de estar a lutar no seu terreno, tinha um exército com cerca de 60000 guerreiros, ou seja, ultrapassava os portugueses numa proporção de 4 para 1.
Entre os muitos erros cometidos existem três que foram decisivos: 1º O percurso entre Arzila e Larache foi feito a pé, quando deveria ter sido feito de barco, o que desgastou fisicamente o nosso exército.2º Saiu de Larache que é uma zona costeira e onde poderia ter o apoio do poder de fogo dos navios, aliás estratégia essa, com grandes resultados em outras acções deste género e dirige-se para Alcácer Quibir, onde vai lutar numa zona quase desértica. 3ª A hora do combate que segundo consta deu-se perto do meio-dia, a hora em que havia mais calor. Dessa batalha poucos portugueses voltaram. O Rei provavelmente foi morto, embora o seu corpo nunca tenha sido encontrado.
Os efeitos desta batalha foram muito além das perdas humanas. Aproveitando essa situação Filipe ll de Espanha, invadiu Portugal derrubando um exército fragilizado que apoiava D. António o Prior do Crato. E assim Portugal ficou 60 anos sobre o Domínio Espanhol.
Filipe ll de Espanha passou a ser Filipe l de Portugal.
E aqui segue-se mais uma grande derrota. Filipe ll resolve construir a chamada “Invencível Armada “ para invadir a Inglaterra. Esta esquadra com 130 barcos, saiu de Lisboa a 28 de Maio de 1588. Aproximadamente um terço desta frota (43 navios) era português. Um dos principais esquadrões de batalha era chamado de “ Esquadra Portugal” contendo alguns dos melhores Galeões de guerra do Mundo. A maior parte dos navios foram destruídos. Foi uma humilhante derrota para os Espanhóis com graves repercussões para Portugal.
Depois vieram as invasões francesas em 1807.Em 1808 a Família Real com mais cerca de 10000 pessoas, onde se contava praticamente toda a aristocracia portuguesa, ministros, sacerdotes, criados, documentos e tudo o que era de valor, vão de abalada para o Brasil.
Como aquilo por lá era bom, só regressaram em 1921.
Por cá ficou o povo português, com a ajuda? Dos ingleses a combater os franceses e a sofrer maltrates e humilhações dos franceses e posteriormente dos ingleses, que se achavam no direito de punir e escravizar aqueles que ajudaram a salvar.
Mas como se isso não chegasse, veio o D. Miguel que ficou dono da coroa portuguesa, e depois vem o D. Pedro, que abdicou do título de Imperador do Brasil, para combater o irmão e colocar a sua filha D. Maria ll no trono de Portugal. Foi uma guerra civil, entre os absolutistas e os Liberais, para fazer sofrer um povo que já tanto tinha sofrido.
Também temos a batalha de La LYS, onde as tropas alemães provocaram uma estrondosa derrota ás tropas portuguesas. Esta é sem sombra de dúvidas a segunda maior catástrofe militar portuguesa a seguir a Alcácer Quibir.
Portugal tinha cerca de 20000 homens, mal armados e em condições precárias. Inclusivamente, alguns oficiais portugueses, já tinham comunicado ao governo português o estado de calamidade em que se encontravam as nossas tropas. Portugal tinha cerca de 15000 soldados nas primeiras linhas de combate, que foram impotentes para sustentar o embate com oito divisões do 6º exército Alemão, constituído por cerca de 55000 homens. As tropas portuguesas em apenas quatro horas, perderam cerca de 7500 homens, entre os quais 327 oficiais. Eu acho que dá para imaginar um pouco o que se passou por lá.
Estas breves linhas sobre alguns acontecimentos menos felizes e seguindo a minha reflexão, não são os únicos motivos para não sermos um povo de grandes euforias.
A Inquisição, quarenta e um anos (1933 a 1974) de ditadura .Uma guerra colonial (1959 até 1975) em que Portugal combatia simultâneamente em Angola, Moçambique, Cabinda, Guiné, Timor, entre outras colónias, também contribuíram em muito para o que somos.
Como podemos constatar, este é um povo que durante gerações não teve razões para rir, e isso ficou no nosso código genético. Ensinaram a este povo que quando tivesse dificuldades, rezasse a Fátima que ela iria ajudar. Deram-lhe o Futebol ao fim de semana para poder distrair-se, e o fado para através da canção, contar os seus lamentos.
Não lhe deram cultura, pois não interessava que o povo soubesse que havia algo mais que os três efes, (Fátima, Futebol e Fado)
Aos poucos vamos aprender a ser alegres e optimistas. A felicidade também se aprende.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Uma estranha tristeza

Uma estranha tristeza. Morreu Saramago, mas não partiu só, pois como ele uma vez disse “ Quando eu me for deste mundo, partirão duas pessoas. Sairei, de mão dada, com essa criança que sempre fui” .
Foi uma pessoa por quem nunca nutri simpatia. Talvez pelo seu semblante tristonho, pelas suas opções politicas ou pela forma agressiva (digo eu) que exprimia as suas opiniões.
Mas ao saber da sua morte, senti uma tristeza, um sentimento que eu não sei bem explicar. É o único prémio Nobel da língua portuguesa, é português, já vendeu mais de 10milhões de livros pelo mundo inteiro, e se não existissem outras razões, acho que estas deveriam ser suficientes para que eu tivesse alguma admiração por ele. Nem que fosse uma divida de gratidão pela projecção que ele deu à língua portuguesa.
Além do mais, ao ver, ouvir, e ler as suas entrevistas, revejo-me em muitas das suas opiniões. Frases como “ Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos” e usando os exemplos de violência ocorrida na Índia, Israel e outros Países, supostamente por motivos religiosos expressou a sua ideia de que “ as religiões, todas elas sem excepção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, mas pelo contrário, foram e continuam a ser a causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais” o facto de ser uma pessoa de rotura com o sistema, desde a sua forma de escrever até a sua forma de pensar e (provocar) nas pessoas novas formas de pensar, são factos em que eu me revejo. Por esta e muitas outras razões, não compreendo o meu distanciamento desta personalidade.
Um dos meus passatempos favoritos é ler, e nunca li um livro do Saramago. O primeiro livro que comprei do Saramago foi O Evangelho Segundo Jesus Cristo, comecei a ler, fiquei pelo terceiro capitulo e ofereci o livro. Depois comprei o Ensaio sobre a cegueira, fiquei mais ou menos pelo mesmo numero páginas e ofereci o livro. As minhas filhas ofereceram-me A Viagem do Elefante, mas também não li. Acho que um dia destes vou ler, A viagem do Elefante e depois irei comprar o Memorial do Convento, pois é um livro que me desperta muita curiosidade.
Mas há uma coisa que o Saramago não disse, é que ele assim como os religiosos defendia uma ideologia (politica) e a ideologia que ele defendia e outras, também nunca serviram para congraçar os homens e também foram causas de muitos sofrimentos.
Se formos contabilizar o sofrimento e as mortes causadas pelas religiões, começando pelas cruzadas, passando pela inquisição e indo até aos dias de hoje. Penso que não ficam nada a dever ao sofrimento e mortes causadas pelas ideologias politicas com as revoluções comunistas, socialistas, fascistas, etc. Não sei quais das duas maior sofrimento e mortes causou e ainda causa.
De qualquer forma, a estranha tristeza que senti, acho que tem a ver com o facto de nunca ter conseguido separar a opinião que fabriquei sobre a sua pessoa e a obra que sempre me recusei a ler.
A terminar, resta lembrar, que os fanatismos não são bons para nenhuma sociedade. Vivemos em sociedade, mas cada pessoa deve pensar sempre por si e nunca ser um seguidor cego de qualquer ideologia, seja ela qual for. Podemos votar em pessoas e não em partidos, podemos acreditar em Deus e não nas religiões, podemos ver futebol sem sermos facciosos, etc. É difícil? Eu acho que não. Eu experimentei ser assim e estou a dar-me muito bem.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cromos - uma colecção e uma lição




Quando eu era miúdo coleccionava cromos (estampas coloridas) com jogadores de futebol. Eram rebuçados (balas) de açúcar que traziam embrulhados as fotos dos craques com um número no verso. Depois comprava uma caderneta e começava a cola-los nos respectivos números (como não tinha cola, fazia uma mistura de farinha com água), só que em milhares de cromos havia um que era único, não era repetido, esse era conhecido pelo premiado. Sem ele não se completava a caderneta que daria uma bola de futebol em cautchouc (coisa fina para a altura). Durante a minha infância e tal como milhares de miúdos coleccionei cadernetas incompletas, pois faltava sempre o premiado.
Com as colecções de cromos, além dos nomes dos jogadores, também aprendi a negociar. Por vezes tinha que dar muitos cromos em troca de um e vice-versa. Ajudou-me na criatividade, e foram as minhas primeiras lições sobre organização (que acabei por nunca aplicar, sou desorganizado por natureza). Mas a grande lição foi com o premiado que nunca vinha parar ás minhas mãos. Através dele, fiquei a saber que há coisas na vida que temos que “lutar” muito para obter e mesmo quando damos o nosso máximo não conseguimos. Mas também aprendi que vale a pena lutar, e que quando termina uma colecção mesmo incompleta, aparecerá outra, para tentarmos completar. Fazendo uma analogia com a minha vida, ainda hoje continuo a fechar cadernetas incompletas, embora já me tenham saído alguns premiados (onde coloco os meus filhos), mas em muitas situações ainda procuro premiados, pois há cadernetas da minha vida que estão incompletas. Mas sei que, com a lição que aprendi com os cromos, até o último dia da minha vida, não deixarei de tentar completa-las.
Continuando a divagar:
Na Terça-feira fui buscar o meu filho à escola (infelizmente um acontecimento raro) e deparei-me com um enorme alvoroço. Da sala do meu filho não saía nenhum aluno. Estavam vários pais à porta da sala num autentico burburinho.
No Pátio os alunos estavam todos organizados em Grupos, havia alguns empurrões, faziam um ruído e uns movimentos que fazia lembrar uma feira. Após algum tempo, fiquei a saber que os alunos da sala do meu filho não podiam sair, porque um aluno tinha-se apropriado indevidamente dos cromos de um colega. A agitação no Pátio, era devido à troca de cromos de jogadores de Futebol. As conversas eram todas à voltas dos jogadores, Já tens o Messi? E o Ronaldo? Queres trocar?
Quem diria que estes putos, os tais da playstation portátil, game boy, phonescoop e outros avanços tecnológicos, andavam seduzidos pelos pedacinhos de papel com fotografias de jogadores de futebol, tal qual os miúdos há 40 ou talvez 50 anos atrás. Afinal eles não são diferentes! UFF que alivio.
Deram-lhe uns cromos e a mão que segurava a tecnologia passou logo a segurar uma simples caderneta.
Os cromos já não trazem o doce de açúcar, o que é muito bom para a saúde. Também já não é preciso cola , pois são auto-colantes, não há o premiado, nem prémio para quem completa a caderneta, mas o entusiasmo é o mesmo.
Espero que expliquem aos miúdos que uma colecção de cromos, além do respectivo divertimento, tem outros atributos, que podem ser úteis.
Quando eles não conseguirem os cromos que pretendem, não os deixem desistir da colecção, e digam-lhes o que estão aprendendo com isso. Eles precisam de ter sempre uma forma positiva de ver qualquer situação , por muito ruim que ela seja.
Vendo bem as coisas, tanto podemos dizer que as rosas têm espinhos, como podemos dizer que os espinhos Têm rosas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010



Comprei o áudio livro do principezinho. Comprei com o pretexto de oferecer ao meu filho, mas claro que já sabia que a oferta ia ser mais para mim do que para ele. Afinal o fã desta história sou eu, e não ele. Não vou falar sobre o livro, pois já o fiz num artigo deste blogue. O áudio livro narrado e interpretado por Pedro Granger está muito bom. Quem gosta da história deve comprar, pois vai ficar maravilhado com a forma como o livro é lido, e quem não gosta da história também deve comprar, pois vai passar a gostar. Eu poucas vezes li histórias para os meus filhos, quem o faz normalmente é a mãe deles, mas ao ouvir esta história via áudio, fiquei a saber duas coisas: Uma, é que ouvir alguém ler uma história é muito bom, a outra é que nunca alguém tinha lido uma história para mim. Sinceramente nunca tinha pensado nisso. Mas ao ouvir esta história, fiquei tal qual um miúdo, ia ouvindo e imaginando, imaginava o Rei,um rei gordo eheheh, como seria o vaidoso, o acendedor de candeeiros, as expressões do principezinho quando ouvia a lição da raposa. Foi assim que tive uma nova sensação,e descobri que nunca alguém tinha lido uma história para mim.
Nota.: A todos como eu, que nunca tiveram alguém que lhes lesse uma história, peçam a alguém que lhes leia, pois vale a pena. Se não houver alguém para ler, já sabem, compram um áudio livro, sentam-se confortavelmente num sofá, vão ouvindo e deixando a imaginação fluir.( é mil vezes melhor que ver um jogo de futebol na televisão e nem é preciso beber cerveja e comer amendoim. eheheheh)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Prometo reflectir


Gosto muito de ler sobre a filosofia oriental, fundamentalmente sobre os ensinamentos de Siddartha Gautama, mais conhecido por Buda. Por isso vou aproveitar uma reflexão atribuída ao "iluminado" para pensar um pouco sobre a minha vida. Para mim o que é importante é o conteúdo do texto,e não o nome do autor. Esta é uma reflexão que já conheço à muitos anos, mas acho que chegou à altura de debruçar-me um pouco sobre a mesma.( até pode ser que sirva para mais alguém)
A reflexão é a seguinte:

"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro; Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. ( Buda ) ou (Dalai Lama)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Império português - até parece mentira


Eu gosto muito de ler sobre história, fundamentalmente história de Portugal. Em relação à história de Portugal, há duas coisas que me fazem muita confusão: A primeira é, como é que Portugal conseguiu derrotar exércitos numericamente tão superiores, como o Castelhano na famosa batalha de Aljubarrota onde a diferença era de 5 castelhanos para um português ou do Indiano na ocupação das províncias de Goa, Damão e Diu. A segunda é, como foi possível um país tão pequeno, ter ocupado tantos territórios. Alguns desses territórios com uma grande dimensão territorial, como o Brasil, Angola, Moçambique ou o arquipélago dos Açores que é composto por nove ilhas, todas habitadas. Em baixo coloco uma lista dos territórios ocupados por Portugal e as respectivas datas de ocupação. (retirei a lista do site lusoafrica.net)

Territórios do Império Português

Acra (1557-1578)

Açores - colónia (1427-1766); capitania - geral (1766-1831); antigo distrito além-mar (1831-1976). Região autónoma desde 1976.

Angola - colónia (1575-1589); colónia real (1589-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1975). Tornou-se independente em 1975.
Arguim - Feitoria, foi ocupada pelos Holandeses (1455-1639).
Bahrein (1521-1602)
Bandar Abbas (Irão) (1506-1615)
Brasil - possessão conhecida como Ilha de Vera Cruz, mais tarde Terra de Santa Cruz (1500-1530); Colónia (1530- 1714); Vice-Reino (1714-1815); Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), tornou-se independente em 1822.
Cabinda - protectorado (1883-1887); distrito do Congo (Português) (1887-1921); intendência subordinada a Maquela (1921-1922); dependência como distrito do Zaire (Português) (1922-1930); Independência do Zaire e Cabinda (1930-1932); intendência de Angola (1932-1934); dependência de Angola (1934-1945); restaurada como distrito (1946-1975). Controlada pela Frente Nacional para a Libertação de Angola como parte da Angola tornada independente em 1975 não reconhecida por Portugal nem Angola.
Cabo Verde - colonização (1462-1495); domínio das colónias reais (1495-1587); colónia real (1587-1951); província ultramarina (1951-1974); república autónoma (1974-1975). Independência em 1975.
Ceilão - colónia (1597-1658). Os holandeses apoderaram-se do seu controlo em 1656, Jaffna usurpada em 1658.
Cisplatina - Ocupada por Portugal em 1808, Capitania do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1817, aderiu como província ao Império do Brasil em 1822 e tornou-se independente em 1827 com o nome de Uruguai.
Costa do Ouro Portuguesa - (1482-1642), cedida à Costa do Ouro Holandesa em 1642
Fernando Pó e Ano Bom - colónias (1474-1778). Cedidas a Espanha em 1778.
Guiana Francesa - ocupação (1809-1817). Restituída a França em 1817.
Guiné Portuguesa (actual Guiné-Bissau) - colónia (1879-1951); província ultramarina (1951-1974). Independência unilateral declarada em 1973, reconhecida por Portugal em 1974.
Cacheu - capitania (1640-1879). União com Bissau em 1879.
Bissau - colonização sob Cacheu (1687-1696); capitania (1696-1707); abandonada (1707-1753); colónia separada de Cabo Verde (1753-1879). União com Cacheu em 1879.
Índia Portuguesa - província ultramarina (1946-1962). Anexada à Índia em 1962 e reconhecida por Portugal em 1974.
Baçaim - possessão (1535-1739)
Bombaim (também chamada de "Mumbai") - possessão (1534-1661)
Cananor - possessão (1502-1663)
Calecute - posto fortificado (1512-1525)
Cochim (1500-1663)
Chaul (1521-1740)
Chittagong (1528-1666)
Cranganor (1536-1662)
Damão - aquisição em 1559. União com a província ultramarina em 1946.
Diu - aquisição em 1535. União com a província ultramarina em 1946.
Dadrá e Nagar Haveli - aquisições em 1779. Ocupadas pela Índia em 1954.
Goa - colónia (1510-1946). Tornou-se parte de província ultramarina em 1946.
Hughli (1579-1632)
Coulão (1502-1661)
Masulipatão (1598-1610)
Mangalore (1568-1659)
Nagapattinam (1507-1657)
Paliacate (1518-1619)
Salsette (1534-1737)
São Tomé de Meliapore - colonização (1523-1662; 1687-1749)
Surate (1540-1612)
Thoothukudi (1548-1658)
Indonésia (enclaves) Possessões portuguesas entre os séculos XVI-XIX.
Bante - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVIII)
Flores - Possessão portuguesa (século XVI-XIX)
Macassar - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVII)
Laquedivas (1498-1545)
Liampo (1533-1545)
Macau - colonização (1554-1557), território cedido subordinado a Goa (1557-1844); província ultramarina (1844-1883); província ultramarina conjunta com Timor-Leste em relação a Goa (1883-1951); província ultramarina (1951-1975); território chinês sob administração portuguesa (1975-1999). Restituída à República Popular da China como região administrativa especial em 1999.
Península de Macau - ocupação e colonização em 1554
Coloane - ocupação em 1864
Taipa - ocupação em 1851
Ilha Verde - incorporada em 1890
Ilhas Lapa, Dom João e Montanha - ocupação (1938-1941). Tomada de novo ao Japão e restituída à China.
Madeira - possessão (1418-1420); colónia (1420-1580); colónia real (1580-1834); distrito (1834-1976). Declarada região autónoma em 1976.
Malaca - conquistada (1511-1641); perdida para os holandeses.
Maldivas - ocupação (1518-1573)
Marrocos (enclaves):
Ceuta - possessão (1415-1668). Foi cedida à Espanha em 1668.
Aguz (1506-1525)
Alcácer-Ceguer/El Qsar es Seghir (1458-1550)
Arzila (1471-1550; 1577-1589). Restituída a Marrocos em 1589.
Azamor (1513-1541). Cidade restituída a Marrocos em 1541.
Essaouira (antigamente chamava-se "Mogador") (1506-1525)
Mazagão/El Jadida (1485-1550); possessão (1506-1769). Incorporação em Marrocos em 1769.
Safim (1488-1541)
Santa Cruz do Cabo de Gué/Agadir (1505-1541)
Tanger (1471-1662). Cedida à Inglaterra em 1662.
Mascate (Omã) - possessão portuguesa subordinada ao Vice-Reino de Goa (1500-1690).
Melinde - Feitoria portuguesa (1500-1630).
Moçambique - possessão (1498-1501); subordinada a Goa (1501-1569); capitania-geral (1569-1609); colónia subordinada a Goa (1609-1752); colónia (1752-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1974); governo de transição integrando representantes de Portugal e da Frelimo (1974-1975). Independência em 1975.
Molucas
Amboina - colonização (1576-1605)
Ternate - colonização (1522-1575)
Tidore - colónia (1578-1605). Pilhada pelos holandeses em 1605.
Mombaça (Quénia) - ocupação (1593-1638); colónia subordinada a Goa (1638-1698; 1728-1729). Sob a soberania do Omã desde 1729.
Nagasaki (1571-1639). Perdida aos holandeses.
Nova Colónia do Sacramento - colónia (1680; 1683-1705; 1715-1777). Cedida à Espanha em 1777.
Ormuz - possessão subordinada a Goa (1515-1622). Incorporada no Império Persa em 1622.
Forte de Queixome - construído na ilha de Qeshm, no Estreito de Ormuz (1621-1622)
Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz - ilha de Gerun, no Estreito de Ormuz (1615-1622)
Quíloa - possessão (1502-1661)
São João Baptista de Ajudá - forte subordinado ao Brasil (1721-1730); subordinada a São Tomé e Príncipe (1865-1869). Anexado a Daomé em 1961.
São Jorge da Mina (1482-1637). Ocupação holandesa em 1637.
São Tomé e Príncipe - colónia real (1753-1951); província ultramarina (1951-1971); administração local (1971-1975). Independência em 1975. União com a Ilha do Príncipe em 1753.
São Tomé - possessão (1470-1485); colónia (1485-1522); colónia real (1522-1641); administração durante a ocupação holandesa (1641-1648). Ocupação francesa em 1648.
Ilha do Príncipe - colónia (1500-1573). União com São Tomé em 1753.
Socotorá - possessão (1506-1511). Tornou-se parte do Sultanado Mahri de Qishn e Suqutra.
Timor-Leste - colónia subordinada à Índia Portuguesa (1642-1844); subordinada a Macau (1844-1896); colónia separada (1896-1951); província ultramarina (1951-1975); república e proclamada independência unilateral, anexada à Indonésia (1975-1999), reconhecimento da ONU como território português. Administração da ONU de 1999 até à Independência em 2002.
Tanganica (Actual Tanzânia) - Estabelecimentos portugueses criados no litoral (1500-1630).

domingo, 16 de maio de 2010

Era assim que eu corria

Esta foto é de 1974, tinha eu 12 ou 13 anos. Eu corria assim, leve, muito leve, sem o peso das ambições, mas com a leveza dos sonhos. Espero que o artigo que vou escrever não tenha outra interpretação que não seja a reflexão sobre uma determinada situação. É claro que a opinião que tenho sobre o assunto em questão é muito mais vasta e complexa, mas vou abordar aquele que eu considero ser o factor mais preponderante.

Quando vejo que o meu nome ainda consta na lista dos recordes regionais de infantis e iniciados, fico algo perplexo. Como é que é possível que em 37 anos, nenhum miúdo tenha batido os meus recordes. Eu corria numa pista de terra, não fazia exercícios técnicos de corrida e não passei por nenhuma das fases pedagógicas que os atletas passam hoje em dia. Além disso, ao longo dos anos as condições melhoraram substancialmente. O material sintético substituiu os pisos de terra, o calçado de competição é específico para cada disciplina, e os conhecimentos técnicos e metodológicos evoluíram imenso. Então o que é que se passa? Eu acho que tudo tem a ver com as brincadeiras. Na minha infância, como não havia televisão, Play station, computador, ruas onde era perigoso brincar, escola a tempo inteiro, quase todas as brincadeiras tinham actividade física. Brincávamos sempre ao ar livre e os brinquedos eram fabricados por nós ou pelos nossos pais. O intervalo entre duas aulas era normalmente aproveitado para jogar futebol (conhecido por trapalhança, pois só chamávamos futebol quando era jogado num campo com dimensões regulamentares) ou outros jogos que de alguma forma requeriam rebustês. Qualquer pedacinho de rua também servia para jogar futebol (trapalhança), se não cabiam lá seis jogadores, jogávamos com quatro ou mesmo só com dois. Por vezes, os jogos duravam horas. Lembro-me muito bem de quando jogávamos à apanhada (chamávamos apilhagem), que para quem não conhece é um jogo de corrida, com vários elementos e um deles é designado para apanhar (na altura era apilhar) os outros. Não havia zona limitada, corríamos a freguesia toda, mas ninguém desistia a até todos serem apanhados. Quem era apanhado também passava a apanhador. O problema era quando alguém resolvia esconder-se em casa, então aí, o jogo durava horas. Hoje em dia, é comum vermos as crianças levarem os livros escolares em malas com umas rodinhas, pois as malas nas costas provocam problemas na coluna. Quando vejo isso, lembro-me de que com a idade deles jogávamos ao jogo do cavalo. Este jogo era composto por duas ou mais equipas que se defrontavam, uns fazendo de cavalo e outros de cavaleiros que se colocavam nas costas dos colegas (cavalos). O objectivo do jogo era derrubar o cavaleiro adversário. Nunca ouvi falar em problemas de coluna. Se calhar não tínhamos, eheheheh. Havia também o jogo da corda, em que era colocado um elemento em cada lado da corda, era traçado uma linha no chão entre os dois elementos, cada um fazia força para o seu lado e aquele que tocasse na linha perdia. Este jogo era jogado individualmente ou por equipas. Quando não havia nenhum pedaço de corda velha, fazíamos o jogo com um pau, um trapo enrolado ou até sem nenhum objecto, segurando simplesmente as mãos. Um jogo também muito popular era o jogo do avião. Desenhávamos no chão (normalmente com um pedaço de telha) uns quadrados grandes, em forma de um avião, depois tínhamos que saltar a uma perna e com uma determinada sequência todos esses quadrados. Não é meu objectivo descrever a grande quantidade de jogos tradicionais que fazíamos na minha infância, que ainda teriam de ser somados à subida de árvores, lutas de rua e as sovas dos nossos pais. Eu simplesmente acho que embora de forma empírica, nessa época tínhamos uma actividade física em todos os aspectos mais completa, da que se faz hoje em dia, nas escolas e clubes. Sem qualquer tipo de orientação, treinávamos a coordenação, velocidade, força, resistência, flexibilidade e destreza. Acho inclusivamente, que muitos desses jogos deveriam ser recuperados e utilizados como meios de formação tanto nas escolas como nos clubes. Para uma nova situação há que criar um novo paradigma. Se não criarmos programas adaptados à nova realidade os desideratos propostos não serão atingidos. Para quem está dentro do atletismo estas são as minhas marcas que ainda são recordes: Infantil 11/ 12 anos 35” 00 nos 250 metros. Iniciado 13/ 15 anos 9.3 nos 80 metros ( 9.1 em campeonatos escolares) e 37” 6 nos 300 metros. Como podemos verificar e embora tenham sido feitas numa pista de terra, não são grande coisa. O problema é, porque não se faz melhor hoje em dia?