quarta-feira, 9 de setembro de 2020

A Alimentação

Que tempos são estes em que temos que defender o óbvio?” quando uma cidade em cada quarteirão tem uma farmácia é um sinal inequívoco de que a sua população está doente. Provavelmente a primeira causa desta situação são as opções alimentares, sendo que são vários os fatores que determinam as essas opções. Alguns fatores mais referenciados e relativamente aos jovens são: o ambiente familiar, tendências sociais, publicidade de alimentos e influência dos colegas. Mas num mundo em que em cada 4 segundos morre uma pessoa de fome, para muita gente essas influências e opções alimentares não existem, o objetivo é tentar sobreviver. Por isso, quando falamos de opções alimentares falamos para pessoas com acesso a informação, educação e com alguns recursos financeiros, pois a falta de dinheiro também condiciona essas opções. Comer é um ato básico essencial das nossas vidas, mas deveria merecer uma reflexão que fosse além do aspeto nutricional. Pensar no efeito ambiental que tem aquilo que comemos. A pecuária intensiva é responsável por 14,5 % dos gases estufa, ou seja, polui mais que todos os carros, navios e aviões que se deslocam pelo mundo. Esta indústria é também responsável por grande parte da desflorestação, destruição de ecossistemas naturais, perda da Biodiversidade e consumo excessivo de água potável. Efetivamente uma das saídas para este problema é o vegetarianismo ambiental. Mas isto não significa que só quem come carne é que contribui para a maior fonte de poluição do mundo. Uma pessoa que se alimente de sistemas integrados de produção animal e vegetal de origem biológica e local, pode poluir menos que um vegetariano que consome alimentos naturais provenientes de uma outra parte do mundo daquela onde vive, com imensa pegada de carbono e por vezes exploração humana. É importante ter em consideração a proveniência dos alimentos, consumir de preferência produtos locais e evitar desperdícios. As nossas opções alimentares também devem merecer uma reflexão sobre os princípios éticos, o que comemos não deveria ter uma proveniência do sofrimento animal ou exploração humana. Nós sabemos e podemos constatar no dia a dia que os animais vivenciam sentimentos como a dor, solidão, alegria, tristeza, carinho, raiva entre outros sentimentos que são comuns aos seres humanos. Também sabemos que os sentimentos dos animais, não são só dos cães e dos gatos, as vacas, os porcos e os outros animais também os manifestam. Também sabemos que muitos alimentos proveem de grandes latifúndios onde grassa a exploração humana e onde são utilizadas grandes concentrações de produtos químicos. Para quem tem alguma informação e alguma disponibilidade financeira comer é um ato de responsabilidade nutricional, económica, social, ecológica e ética. Nós somos seres espirituais a fazer uma caminhada evolutiva e o respeito pelos outros seres humanos, pelos animais e pela natureza são alguns dos aspetos evolutivos dessa caminhada. Viver é estar em permanente reflexão sobre os nossos comportamentos.