Já defendiam os pensadores da
antiga Grécia e mais tarde Marx e Sartre, entre outros, que o homem é um animal
social e produto do meio em que vive. O homem mentalmente constrói-se a partir
das suas relações sociais, sendo influenciado pelos paradigmas (cultura) que
lhe são impostos desde a mais tenra idade. Somos vitimas e cúmplices de uma
educação familiar, religiosa, escolar e social. “...nascemos originais e morremos cópias “esta frase retrata a vivencia
da maioria das pessoas. Somos treinados para sermos trabalhadores e não empreendedores.
A sociedade de forma inteligente e, sabendo que um indivíduo num determinado
ambiente se ajusta ao mesmo, molda os seus membros conforme as suas
necessidades. Esta organização (sociedade) gerou mecanismos de repetição
constante, que por sua vez acabam por criar automatismos, na ação dos indivíduos. Os vícios, são um exemplo de
como a repetição constante manipula facilmente o ser humano. Podemos constatar
este aspeto mesmo nas chamadas drogas legais: cafeína, nicotina e álcool,
aceites e fomentadas socialmente, cujo efeito dissuasor de uma sociedade
estratificada, instrumentalizada e altamente competitiva, serve plenamente os
objetivos dessa mesma sociedade. Estaremos condenados a ser apenas um produto
do meio em que vivemos? Eu penso que não. Nós podemos ser subversivos, temos
capacidade para fazer uma reprogramação “emocional”, destruir padrões “mentais”
entranhados, mudar de hábitos criando novos paradigmas. Com a repetição
sistemática de um determinado comportamento o cérebro cria vias sinápticas mais
rápidas fazendo com que ações promovam outras ações de uma forma quase
automática. Assim foram criados os nossos atuais padrões de comportamento e,
desta forma também podemos criar novos hábitos, abandonando aqueles com que não
concordamos. Mas, é importante sabermos que os novos hábitos levam algum tempo
a se fixarem. Também é preciso lembrar que os nossos antigos hábitos sugiram
através de repetições de comportamento e, mesmo depois de “quebrados”, esses
comportamentos podem ser reativados sobre o menor estímulo. Depois de
adquirirmos novos padrões de comportamento, não devemos abrir alguma exceção
para voltar a utilizar algum dos padrões que com tanto esforço conseguimos eliminar.
Alterar comportamentos pode ter um efeito que vai muito além do fator
individual. Dou o exemplo do que uma simples alteração dos hábitos alimentares
pode fazer: foi feito um estudo pela universidade de Oxford onde prova
cientificamente que ser vegetariano reduz para metade a pegada ecológica. Como
podemos verificar os nossos comportamentos podem ter impacto a nível global. Nota-se
um número crescente de pessoas a quererem alterar os seus padrões de
comportamento, mas nós somos seres programados, a mudança mete sempre medo, exige
esforço e dedicação. Qualquer um de nós
e após uma introspeção, se quiser, pode mudar qualquer hábito por muito enraizado
que esteja. Na minha opinião o fator importante para conseguirmos reprogramar
os nossos hábitos não é a força de vontade, mas a consciência e a capacidade de
se liderar.
domingo, 31 de dezembro de 2017
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Sete Anos
Nas últimas semanas têm surgido
na comunicação social, com maior regularidade, alguns nomes que são
desconhecidos por grande parte das pessoas. Refiro-me a: WEB Summit, Startups e CEOs. Simplificando esta terminologia: a
Web Summit é simplesmente uma
conferência sobre tecnologia que se realiza anualmente desde 2009. Startups são empresas que iniciam uma
atividade com baixo custo de manutenção em atividades inovadoras no mercado e
crescem rapidamente aumentando grandemente os seus lucros. Os CEOs são os chefes máximos das grandes
empresas, responsáveis pelas suas estratégias e visão. Como podemos constatar,
não vale a pena ficar amedrontado com estas nomenclaturas, pois sempre houve
conferencias sobre tecnologia, empresas que apostando com baixos custos em
produtos inovadores, tornaram-se grandes empresas e, também sempre houve “Chefões”
que orientaram e inovaram com grande visão grandes empresas. No suplemento
Económico do Expresso de 18 de novembro, a jornalista Sónia Lourenço, faz um
excelente artigo tomando por tema uma informação da consultora Deloitte, em que esta consultora prevê
sete anos para o surgimento de “alterações
drásticas nos modelos de trabalho e nos próprios trabalhadores com a entrada no
mercado global das novas gerações”, isto quer dizer que as empresas e os
trabalhadores têm um espaço temporal bastante curto para se adaptarem à nova
realidade. Neste artigo a jornalista faz menção ao robô “Sophia” que na Web Summit
realizada recentemente em Lisboa disse: “Nós
não vamos destruir o mundo, mas vamos roubar os vossos empregos”, depois
fazendo referência a um estudo, diz que em Portugal 57% dos empregos são
vulneráveis à automação. Na minha modesta opinião, a forma como toda esta
temática é apresentada, tem objetivos que ultrapassam a simples informação da
evolução tecnológica. Visa preparar as pessoas com menos habilitações para o
desemprego, atribuindo as culpas à tecnologia e passando uma mensagem de
incapacidade técnica para acompanharem os tempos que se seguem. O avanço
tecnológico não vai fazer desemprego, o que vai produzir desemprego é a
ganância humana. O desemprego atual não é devido aos computadores nem às
máquinas é devido à deslocação das grandes empresas para os países emergentes e
do terceiro mundo à procura de mão de obra barata e onde é fácil escravizar
seres humanos, tudo isto em nome do vil metal. Mesmo nos países desenvolvidos
as empresas, alegando engenharias financeiras, promovem o trabalho precário e o
desemprego. A história ensina que a
evolução tecnológica não produz desemprego, pelo contrário o número de empregos
que cria é superior ao que destrói. Citando Sérgio Lee, sócio da Deloitte a revolução industrial acontecida
no início do século XIX, “embora
alterando a estrutura de emprego, gerou mais empregos que os que eliminou”.
Sérgio Lee defende: “acreditamos mais no
conceito de Inteligência aumentada no que no de inteligência artificial….A nova
espécie dominante serão seres humanos “mesclados” com máquinas”.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Não Obstante a Palavra
Não obstante a
palavra “vegetariano” já não ser uma palavra exótica e, reconhecendo que
atualmente existe uma maior curiosidade e procura de informação sobre a
alimentação vegetariana, ainda assim, existem alguns mal-entendidos sobre este
tipo de alimentação. Estando referenciados vários tipos de vegetarianismo, na
maior parte dos casos, quando alguém diz ser vegetariano, simplesmente está a
dizer que não come animais. Com exceção dos vegetarianos” Vegans” que além de
não comerem animais, não consomem nenhum produto de origem animal, grande parte
dos vegetarianos têm uma alimentação que se coaduna com a alimentação dita”
Normal” Omnívora, excetuando três alimentos: carne, peixe e marisco.
Desmistificando o vegetarianismo, começo por dar o exemplo de um convívio onde
consta uma refeição omnívora e, a presença de um vegetariano nesse convívio
possa causar algum constrangimento ao anfitrião. A pergunta mais comum é: mas o
que é que vou cozinhar para ele? É muito fácil. À exceção do animal, o
vegetariano come de tudo. Todo o tipo de farináceos, legumes, leguminosas,
frutas e alguns até comem ovos, queijos e demais derivados do leite, que podem
ser preparados e cozinhados de qualquer forma. Ou seja, com os ingredientes que
estão a fazer a refeição omnívora, só não adicionando a carne, peixe ou
marisco, poderão fazer uma bela refeição vegetariana. Todos esses alimentos
quando bem confecionados e condimentados com as excelentes especiarias que
existem, fazem pratos deliciosos para o vegetariano ou qualquer outra pessoa.
Ao contrário do que se pensa, o vegetariano não é somente um comedor de
saladas. Embora possa comer, o vegetariano também não é um comedor de soja,
tofu, Shoyu, Algas, seitan, alimentos integrais e, tantos outros produtos que
fazem parte da alimentação macrobiótica e não da alimentação vegetariana. O vegetariano faz uma alimentação completamente normal, só
não come animais. Como acontece com pessoas que por motivos de alergias,
gustação ou alguma sensibilidade, não comem certos alimentos é, normal que também
algum vegetariano tenha algumas restrições mesmo nos alimentos que podem fazer
parte do seu cardápio. Anteriormente mencionei que existem vários tipos de
vegetarianismo, este facto está diretamente relacionado com as motivações que
levam as pessoas a esta prática. Podem ser motivos éticos (respeito pela vida
dos animais), a própria saúde, razões ambientais (ecológicas e económicas) ou
por razões espirituais. Independentemente do regime alimentar ou da razão da
opção, o importante é sermos consumidores responsáveis e estarmos conscientes
que a nossa opção alimentar tem consequências devendo ter em conta: um baixo
impacto ambiental, proteger e respeitar a biodiversidade e o ecossistema, ser
sustentável, nutricional e saudável. Daí, devermos dar preferência aos produtos
sazonais, nacionais, de origem vegetal e produção biológica. Assim também
ajudaremos os agricultores e mercados locais e concomitantemente estamos a ser
uteis à economia global.
domingo, 30 de julho de 2017
Capitalismo Global
Império:
“Unidade política que abrange uma vasta
extensão territorial e que integra povos com diferentes culturas sob um único
poder, independentemente da forma de governo”. Nos últimos dois milénios, utilizando a força
e as invasões militares floresceram impérios como o Helénico, Romano,
Bizantino, Otomano entre outros, com um objetivo comum, conquistar terras e ter
um domínio total sobre as suas riquezas e povos. Todos esses impérios eram
personificados por uma grande figura, uma nação ou um sistema político. Assim
sendo, a sua génese estava identificada e, foi possível lutar contra esses
poderes e vencer. O imperialismo para os historiadores foi dado como extinto e,
ao longo das últimas décadas um sistema democrático e a independência das
nações foi-se impondo na generalidade dos países. Mas, subtilmente, surgiu um
novo modelo de domínio, que sem rosto, nação ou sistema politico, cumpre na
integra os objetivos do antigo Império. Tem um especto aparentemente
inofensivo, objetivos altruístas, é atrativo, fascinante, domina as sociedades,
sistemas políticos e nações. O império não acabou, mudou de estratégia. Hoje
não utiliza as invasões militares como antigamente, o atual sistema imperial
cujo nome é: “capitalismo global” faz exatamente o que os antigos impérios
faziam, invade as nações, domina os seus povos e riquezas. Este sistema
conseguiu absorver e comprometer as elites da maior parte dos países, fossem
eles considerados ricos, emergentes ou pobres. Impôs ao mundo um mercado livre
e global, os estados, seus habitantes e as multinacionais começaram a funcionar
em função desse mercado. Criou-se mecanismos que permitiram a transferência de
empresas e empregos dos países desenvolvidos para países onde a mão-de-obra
qualificada e a matéria-prima são mais baratas e com uma baixa carga de
impostos. Tudo vale para fazer riqueza, o império não permite que alguém o
conteste, só no último ano foram assassinados 200 ativistas ambientais, por
contestarem o sistema. Conforme escreveu
Aldous Huxley “A ditadura perfeita terá a aparência de uma democracia, uma
prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão com a fuga. Um sistema de
escravatura onde graças ao consumo e divertimento, os escravos terão amor à sua
escravidão” É alarmante a nível
ambiental a crescente destruição da biodiversidade e o uso excessivo de
recursos naturais, a nível social, o aumento de desemprego e trabalho precário
nos países desenvolvidos. O capital precisa de transformar continuamente a
natureza em mercadoria para sustentar o seu crescimento, a sua expansão tem de
ter um ritmo sempre crescente para que não caia em crise e haja uma queda das
ações. O consumismo excessivo está a ser introduzido nas populações como uma
droga altamente viciante. O “capitalismo global” a seguir às armas atómicas é a
maior ameaça que o mundo já enfrentou. Cabe a cada um de nós, ter consciência
desta realidade e iniciar a sua luta contra o sistema, não se deixando
manipular e passando esta mensagem tão importante para a salvação do planeta e
da raça humana.
sexta-feira, 9 de junho de 2017
Uma boa Notícia
Maria Helena Braga, uma investigadora portuguesa docente da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) está ligada a uma descoberta
tecnológica com enormes benefícios para meio ambiente. Helena Braga e a sua equipa,
descobriram o eletrólito sólido de vidro, sobre o qual em 2014 publicaram um
artigo na revista cientifica “Materials
Chemistry A”, que serviu de base para o grande interesse demonstrado pela
comunidade científica internacional. Esta descoberta pode ser a solução para a
construção de um novo modelo de baterias com um impacto ecológico positivo de
grandes dimensões. Sem entrar em pormenores técnicos sobre os quais não estou
capacitado, menciono apenas aquilo que mais interesse tem para o cidadão comum.
O eletrólito de vidro permite construir baterias com três vezes mais capacidade
de armazenamento do que as produzidas atualmente. O uso de eletrólitos de vidro
permite a substituição do lítio que é um material raro, por sódio que em
contrapartida é muito abundante, barato e extraído da água do mar. Não tem o
perigo de explosão e deverá ser a solução para os carros eléctricos. Pode
também ser utilizada em redes elétricas, resolvendo em grande parte a
problemática da produção de energia a partir das fontes de energia renováveis
intermitentes como a eólica e a solar. Acrescentando a tudo isto, esta bateria
tem uma durabilidade muito maior que as atuais e tem um baixo custo monetário
de aquisição, a sua reciclagem não necessita de grandes cuidados. Helena Braga
encontra-se a trabalhar no desenvolvimento deste projeto na Universidade do
Texas em Austin juntamente com o consagrado John Goodenough que foi o inventor
das baterias de iões de lítio. Embora a produção da nova bateria não dependa
dos investigadores, estes preveem o espaço de dois anos para a comercialização
das mesmas. É uma descoberta que poderá ficar na história Mundial da engenharia
física e pode ser que, após o premio Nobel da Fisiologia e Medicina ganho pelo
médico português Egas Moniz em 1946, o prémio Nobel da literatura entregue ao
escritor português José Saramago em 1998, Helena Barros conquiste o terceiro
prémio Nobel para Portugal. Noticias como esta deveriam abrir os noticiários da
rádio e televisão, serem notícias de primeira página dos jornais. Este feito
deveria servir, para quem informa e divulga, aprofundar o tema da investigação
em Portugal, entrevistar investigadores, dar voz aos que das Universidades
clamam por mais licenças sabáticas para quem quer fazer investigação, ajudarem
as universidades/ faculdades a divulgarem os seus talentos e não estar à espera
de receber de fora do país as notícias dos êxitos dos nossos investigadores. As
televisões a rádio e os jornais não podem estar só ocupados com os treinos e
jogos de futebol, com facadas e tiroteios. As principais notícias não devem ser
sobre créditos, dívidas, penhoras, prestações, juros e multas. Todos os dias existem
portugueses que fazem coisas fantásticas e essas notícias é que deveriam estar
em destaque. Que este êxito sirva para dar o passo qualitativo no ensino
público, que se avalie a possibilidade de inclusão de modelos pedagógicos
alternativos como o método High Scope, a Pedagogia Woldorf, o método
Montessori, o método pedagógico Escola Moderna entre outros que fomentam a
criatividade, desenvolvem o sentido critico, a cidadania, o autoconhecimento e
a responsabilidade. Estes métodos pedagógicos têm por objetivo desenvolver a
potencialidade cada um e estimular uma atitude cada vez mais ativa na procura
do conhecimento. Para os atuais avanços tecnológicos as formas clássicas de
ensino deixam de fazer sentido, desde muito novos os alunos devem aprender a
relacionaram-se com a comunidade, serem colaborativos e cooperativos e
compreenderem os desafios que o desenvolvimento tecnológico lhes apresenta.
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Conversas com o filósofo
Tinha o nome de “Conversas Vadias” e foi um programa
histórico passado na RTP em 1990, onde grandes personalidades do jornalismo
português entrevistaram e debateram vários temas com o Professor, filósofo e
ensaísta português Agostinho da Silva. É meu intuito, através destas breves
palavras escritas, relembrar a existência deste vulto da cultura portuguesa e
quem sabe, aguçar a curiosidade a quem não o conheça e acicatar o descobrir
desta personalidade. Todos os programas de “Conversas Vadias” estão no youtube e podem facilmente ser
visualizadas. Agostinho da Silva, falecido em 1994, foi um homem com uma visão
profética. Desafiava as pessoas s serem aquilo para que nasceram e, não viverem sendo no que a sociedade as tornou. Foi um
critico do actual modelo de ensino por achar que o mesmo cerceava a
criatividade dos alunos e, onde grassavam conteúdos sem interesse prático para
a vida. Defendia que o proliferar da tecnologia iria permitir mais horas livres
para o ser humano, que por sua vez iria viver mais anos e a escola deveria
preparar os alunos para esta nova realidade. Nas suas “Conversas Vadias”
incentivava as pessoas a extraírem algo de positivo mesmo das
situações mais adversas, pois, podia ser que fosse a vida a colocar essas
situações, que ao serem ultrapassadas levariam a uma evolução da pessoa em
questão “ não devemos dizer que a vida é
negativa e ficar presos a essa ideia, mas procurar outras soluções. Podemos ser
uma pedra a recusar o cinzel do escultor que nos quer tornar menos pedra e mais
estátua.” Quando lhe perguntaram; O que é que acontece nas situações em que
não conseguimos ultrapassar essas dificuldades? de pronto respondeu:” Pode ser que a vida seja mais inteligente do
que nós, nos faça sinais, supondo que nós somos tão inteligentes como ela e,
nós depois apresentemos soluções que afinal não são as mais correctas e
pretendidas por ela” O filósofo não gostava de dividir as pessoas entre as
que têm qualidades e as que têm defeitos. “ Em
vez disso deveríamos dizer que as pessoa têm determinadas características,
porque ao longo dos anos temos verificado que muitas vezes do que chamamos
defeitos saíram grandes obras e são as qualidades que muitas vezes às abatem.”
Abordar a obra de Agostinho da Silva pode ser importante incentivo a tudo
questionarmos, desenvolvermos uma opinião própria e não nos deixarmos
manipular. As novas tecnologias de informação estão a ser utilizadas de uma
forma muito agressiva, por vários agentes económicos, políticos e religiosos,
sendo muito importante a capacidade para filtrar toda essa informação,
utilizado somente a parte útil dessa informação. O filósofo, depois das suas
divagações, costumava dizer: “Mas esqueça
tudo isto que lhe estou a dizer, nunca pense por mim, pense sempre por você;
valem mais todos os erros que forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do
que todos os acertos, se eles foram meus e não seus. Se o criador o tivesse
querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas
cabeças também distintas”.Também dizia que : “Os
meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois
da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe
pertence. São meus discípulos, se algum tenho, os que estão contra mim; porque
esses guardam no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais
desejaria transmiti-lhe: a de não se conformarem”. Acabo transcrevendo uma
frase que li algures: “ A mente que se
abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
quinta-feira, 30 de março de 2017
O Quinto Império
quarta-feira, 15 de março de 2017
Evoluindo
Segundo
a Associação Vegetariana Portuguesa, em 2007 existiam em Portugal cerca de
30.000 vegetarianos. Em 2014, a Associação Portuguesa de Medicina
Preventiva anunciou que esse número ascendia a cerca de
200.000. Muitos podem questionar estes números, mas, poucos contestarão a
gestão comercial da McDonald’s,
cuja cadeia de restaurantes em Portugal, lançou um hambúrguer vegetariano,
o McVeggie, composto por quinoa
e vegetais. Ninguém acredita que a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food, iria investir
num produto que não tivesse um grande número de consumidores. Esta
pequena introdução vem a propósito dos projetos de lei, que primeiramente
apresentado pelo partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) e, posteriormente
pelo Bloco de Esquerda (BE) e Partido Ecologista os
Verdes (PEV), torna obrigatório a inclusão de pelo menos uma opção
vegetariana (que não contenha nenhum produto de origem animal) nos menus de
todas as cantinas públicas e refeitórios do Estado. Esta lei, foi aprovada
no parlamento na passada sexta feira com a abstenção do PSD e CDS e
concordância dos restantes partidos que compõem o hemiciclo. Aguarda
promulgação e a respetiva publicação em Diário da Republica. Prevê-se
que entre em vigor daqui a dois meses. De salientar, que a aprovação da lei,
foi pedida em petição pública por mais de 15 000 pessoas. A Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica (ASAE) assegura a fiscalização e o
cumprimento da lei, sendo esta a instituição à qual qualquer cidadão pode
enviar uma queixa. Assim, acabará a discriminação
que existia em relação às pessoas que têm uma opção de vida
vegetariana. Mas, como uma boa notícia nunca vem só, esta semana foi
publicado em Diário da Republica, no dia 3 de março, o novo estatuto
jurídico dos animais. Esta nova lei, largamente noticiada aquando da sua
promulgação pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,
entra em vigor no próximo dia 1 de maio. O estatuto reconhece os animais
como: “Seres vivos dotados de
sensibilidade e objeto de proteção jurídica”. Esta
legislação vem alterar o anterior código penal, no qual os animais eram
considerados coisas. Estas novas leis, só surpreendem aqueles que não
conhecem a história da evolução das leis em Portugal. O nosso país ao
longo da sua história tem estado na vanguarda das leis que acabaram com
muitas injustiças e desigualdades sociais. Vou mencionar apenas algumas
das que considero mais importantes: Portugal foi o primeiro país no mundo
a inscrever na Constituição a abolição da pena de morte. Já, em 1761
Portugal tinha sido o primeiro país a abolir a escravatura, embora de forma
restrita, pois só abrangia o território Continental e a Índia. Em 1869, foi
aprovada a abolição completa da escravidão no império português. Em 1867, primeiro código civil,
começou em Portugal a evolução dos direitos das mulheres. Em
1889, Portugal já tinha uma mulher médica e, em 1890 é autorizado o acesso
das mulheres aos liceus públicos. Mais recentemente, o ordenamento jurídico
português consagra, em sede de lei Constitucional, Direitos Fundamentais dos
Cidadãos com Deficiência. Esta lei consagra às pessoas portadoras de
deficiência o direito social, designadamente o direito à subsistência
condigna. Também possuímos uma lei de bases do ambiente, bastante
ambiciosa, que defende o direito dos cidadãos a terem um ambiente humano e
ecologicamente equilibrado. Portugal, subscreve na íntegra a declaração sobre
os direitos das pessoas pertencentes a minorias Nacionais ou Étnicas,
Religiosas e Linguísticas. Muitas destas leis que têm sido fundamentais para a
evolução da nossa sociedade, provêm de propostas de pequenos partidos, ações
individuais e movimentos de cidadania. Dai, a importância de não criarmos
bipolarização politica, dispersarmos os votos, darmos oportunidade às várias
correntes de pensamento e, criarmos sinergias que contribuam para uma sociedade
mais equilibrada e solidária.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Rendimento Básico Incondicional
Uber e Volvo juntam-se para
testar carros sem condutor; Ford quer lançar carro sem condutor até 2021; A
partir de agora todos os carros da Tesla são produzidos com tecnologia
necessária para no futuro serem carros sem condutor. Estas são algumas das
notícias produzidas diariamente anunciando avanços tecnológicos. A produção
deste tipo de veículos Inevitavelmente vai provocar desemprego em milhões de
pessoas cuja profissão é conduzir. As empresas que se dedicam à tecnologia estão
a evoluir os robôs. Segundo estudiosos desta área a inteligência artificial provocará
nos próximos anos uma perda líquida superior a cinco milhões de empregos, nos
15 países líderes. Robôs que trabalham sem revindicações, dias inteiros sem
parar, sem férias, sem horas de almoço, sem doenças, são um aliciante para as
grandes empresas. As máquinas deveriam ajudar o humano, diminuindo as horas
laborais humanas e, concomitantemente melhorando as suas condições salariais. Mas,
a ganância humana não permite que assim seja, então a máquina em vez de ajudar
o humano coloca-o no desemprego e sem meios de sustentação. As pessoas não
podem morrer à fome, vai ser preciso arranjar meios de sustentabilidade para
esses milhões que sem emprego, precisam viver com o mínimo de dignidade. Para
colmatar esta situação, surge o chamado Rendimento Básico Incondicional (RBI).
O que é o RBI? O RBI é uma prestação a ser atribuída a cada cidadão,
independentemente da sua situação financeira, familiar ou profissional, que lhe
forneça condições para viver com o mínimo de dignidade. O RBI, não discrimina
ninguém, pois todos o recebem e garante uma autonomia financeira às pessoas com
mais dificuldades. Esta é uma forma de tentar acabar com a pobreza. Assim dito,
parece uma utopia, uma proposta de alienados, pessoas ignorantes e
irresponsáveis. Mas não é assim, é uma proposta que pode ser viável e com estudos
de implementação a serem efetuados em países como a Finlândia e a Noruega. Na Suíça,
embora sendo rejeitado, foi efetuado um referendo sobre a atribuição do RBI a
Suíços e estrangeiros legais no país há pelo menos cinco anos A ideia de um
rendimento mínimo fixo não é nova. Existe um movimento internacional que desde
1986 defende esta ideia. Este tema é destaque em Portugal devido ao partido
Pessoas Animais e Natureza (PAN) defender um estudo para a sua implementação no
nosso país. Segundo o PAN, ao aplicar o RBI iriam desaparecer muitas das
prestações sociais (não contributivas) como o complemento social para idosos,
pensões de invalidez, rendimento social de inserção, desemprego e, poderia ser
atribuído um valor limite para atribuição de reformas, o que permitiria o Estado
poupar milhões de euros. A esta poupança ainda podemos somar uma “poupança
instantânea” em encargos públicos provocados pela pobreza aos sistemas públicos
de saúde. Segundo O PAN, com os valores das declarações de rendimentos totais
de IRS de 2012, que somaram 80 milhões de euros, aplicando metade dessa verba
para o RBI, permitiria dar 435 euros mensais a cada adulto. O PAN ao lançar
este tema para a praça pública, fez despoletar um grande interesse pelos
principais órgãos de informação e deu início a um debate público com
intervenção de algumas das principais personalidades políticas portuguesas.
Este é um tema pertinente, que na minha opinião merece uma reflexão bastante
profunda. Dei o exemplo do ramo automóvel, mas esta evolução tecnológica é
transversal a toda a área comercial, como podemos constatar presentemente nas
self-Checkout, que são a mais recente forma de pagamento nas grandes
superfícies e que dispensam o operador de caixa e, os projectos de construção
dos chamados supermercados “inteligentes”
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Cassandra
Cassandra era a mais formosa das filhas de Príamo rei de
Tróia. A mitologia grega, através da ilíada, conta que o Deus Apolo concedeu a
Cassandra o dom de predizer o futuro em troca do seu amor por ele. Mas, Cassandra
faltou à sua palavra. Apolo irritado, ordenou que as profecias de Cassandra não
merecessem algum crédito e quem às ouvia acabava ridicularizando as mesmas.
Assim, quando Cassandra previu a destruição de Tróia, ninguém levou a sério, o
mesmo aconteceu quando pediu que destruíssem o famoso cavalo de Tróia e, com a
profecia sobre a morte de Ageamenon. Consideravam-na louca. Como sabemos, essas
profecias acabaram por concretizar-se. Hoje, na psicologia, utiliza- se o
termo: “síndrome ou complexo de Cassandra”, uma metáfora para designar pessoas
que, apesar de falarem verdade, são tidas como mentirosas, ou quando alguém
visando o melhor, avisa e aconselha, mas os seus avisos e conselhos são
ignorados. Fazendo uma analogia e um pouco de ironia, parece-me quea maldição
do Deus Apolo, que ao longo dos séculos tem atingido as mais diversas
intelectualidades da história, hoje atinge fundamentalmente os defensores da
sustentabilidade do planeta e, aqueles que se preocupam com o bem comum e com o
futuro das gerações vindouras. Isto passa-se a nível regional, Nacional e
internacional. Quem não se lembra da famosa palmeira no Porto Santo, várias
pessoas alertaram para a sua perigosidade, foram ignoradas e vítimas de
chacota, a mesma acabou por cair fazendo duas vítimas. Os avisos públicos
feitos pelo geógrafo Raimundo Quintal, para uma possível catástrofe devido ao
estado das ribeiras e zonas adjacentes. O geógrafo foi acusado de profeta da
desgraça, inimigo da Madeira e ridicularizado. Depois o previsto aconteceu e foi
a destruição que se viu. Um recente relatório da ONU aponta a América Latina
como a região mais hostil aos ambientalistas. Por toda a América latina e
Caraíbas, os activistas ambientais são desacreditados, classificados como “
antidesenvolvimento” e, enfrentam os piores obstáculos na sua luta por um mundo
mais sustentável. Em muitos casos a sua cruzada em prol do planeta e dos
direitos humanos tem custado as suas vidas. Entretanto vão-nos chegando
notícias credíveis sobre o estado em que estamos deixando a nossa casa. No
oceano Pacífico existe a maior lixeira do mundo, conhecida nos meandros
científicos pela “ Sopa de plástico”. Estima-se que esta lixeira flutuante seja
composta por cerca de cem milhões de toneladas de lixo. Segundo a ONU, os
resíduos de plástico matam por ano mais de um milão de aves marinhas e mais de
cem mil mamíferos marinhos. A verdade (incómoda) sobre a produção de animais em
serie, para um consumo desmesurado de carne que está dizimando os recursos
naturais do planeta. As florestas estão perdendo a área de um campo de futebol
por segundo, para a criação de pastos para a pecuária, que por sua vez também é
considerada a principal fonte de contaminação de oceanos, rios e aquíferos. O aquecimento global, segundo as últimas notícias está chegando
ao aumento de 1ºC, ou seja, à metade da trajectória para um aquecimento de 2ºC
que é considerado pelos climatologistas como “perigoso”. A enumeração destas
situações continuava mas falta-me espaço. Não sejamos como os troianos, não
passemos a vida a ridicularizar todos aqueles que nos avisam sobre o mal que
estamos a fazer à natureza e, as consequências nefastas que isso ira trazer.
Sejamos seres inteligentes, analisar, reflectir e agir pela nossa consciência.
Não deixemos que a nossa Tróia (planeta) seja destruída.
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