quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A CASA DOS HÓSPEDES

 
Adaptado de um poema do mestre Sufi do século Xll: RUMI
 
 

O “ser humano” é uma casa de hóspedes.

Cada manhã é uma nova visita.

A alegria, a depressão, a  maldade, a falta de sentido

Aparecem, como uma visita inesperada.

Devemos a todos dar as boas vindas e entretê-los

Mesmo que sejam uma multidão de dores e mágoas

Que violentamente varram a nossa casa e, levem a mobília

Mesmo assim, devemos tratar honradamente cada hóspede

Ele pode estar a purificar-nos  

Para que possamos receber uma nova alegria.

O pensamento obscuro, a vergonha, a malícia

Devemos recebe-los à porta rindo

E, convidá-los para entrarem.

Sejamos gratos a quem quer que venha

Porque cada um foi enviado

Como um guia do além.

domingo, 6 de novembro de 2016

Sustentabilidade

Estima-se que anualmente a nível mundial são abatidos nos matadouros mais de 60 biliões de animais (sem contabilizar o abate doméstico). Esta é uma frase que por si só, pode não ter muito significado. Mas, se fizermos uma pequena análise sobre o que está por detrás desta simples frase, logo ganha proporções gigantescas. O percurso de um animal até o matadouro tem uma pegada ecológica de grandes dimensões. Como a maior parte das pessoas não tem sensibilidade para a exploração e sofrimento dos animais, este artigo, tem como objectivo alertar para as causas ambientais e, fazer compreender a influência que a causa animal tem na sustentabilidade do planeta.
 Então vejamos: Mais de metade da água potável do mundo é destinada à pecuária. A produção animal consome até dez vezes mais água do que a usada pela agricultura. Trinta por cento da superfície terrestre do planeta é utilizada pela pecuária e até setenta por cento da superfície agrícola pertence à criação de animais. Metade da produção mundial de grãos é destinada à pecuária. Cerca de oitenta por cento da produção mundial de soja, setenta por cento da produção mundial de milho e setenta por cento da produção mundial de aveia são destinadas ao consumo animal. Mais de oitenta por cento do desmatamento da Amazónia brasileira destina-se à pecuária. A quantidade de comida atualmente consumida pelo gado mundial alimentaria mais de nove biliões de pessoas, uma vez que a população humana mundial é de sete biliões, a quantidade de alimentos destinados hoje ao gado seria mais do que suficiente para alimentar toda a população humana e, cobriria as necessidades de uma população mundial só prevista para 2050. Os recursos usados para alimentar dois biliões e meio de pessoas com produtos animais, poderiam alimentar vinte biliões de pessoas com uma alimentação vegetariana.Com uma alimentação vegetariana, alimentaríamos três vezes a população atual do planeta e ainda haveria sobra de alimentos. Para produzir 1kg de arroz são precisos 2 litros e meio de água, 1 kg de trigo cento e trinta litros, 1 kg de carne de bovinos dezassete mil litros. Mais de cinquenta por cento dos gases do efeito estufa ocorre devido à pecuária, sendo maior que a produzida pelos automóveis que é de cerca de onze por cento. A produção animal é a principal causa de poluição de rios e lagos. Os dejetos suínos têm um potencial poluidor duzentos e cinquenta vezes maior do que o esgoto doméstico.

Podemos concluir: 1 - Com uma alteração dos nossos hábitos alimentares e de consumo o planeta é auto sustentável. 2- Deixam de fazer sentido os argumentos da indústria dos transgénicos que para a produção destes alimentos tão nefastos para a natureza, argumentam para a sua utilização o; “suprir as necessidades alimentares do planeta” 3 - Urge tomar medidas para evitar uma catástrofe que se avizinha. Mas, existe uma resistência muito grande, mesmo a nível do próprio Estado, como por exemplo, a chamada Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público que rejeitou o Projeto de Lei 4624/12, que criava o “Programa Segunda Sem Carne”. O texto proibia o fornecimento de carne e seus derivados às segundas-feiras nas escolas da rede pública de ensino ou de quaisquer órgãos públicos, obrigando-os a expor em local de fácil visibilidade um cardápio vegetariano. Nós não podemos mudar as pessoas, mas podemos ser a razão pela qual as pessoas mudem. Continuaremos a alertar, e como dizia a canção “ até que a voz me doa”

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A Cidade e as Serras


O romance “ A cidade e as Serras “ de Eça de Queiroz, escrito nos finais do século XIX, parece ser uma visão antecipada de uma realidade que é muito actual. O Jacinto, protagonista do romance, até aos seus 34 anos, personifica grande parte da nossa sociedade que vive de e para o progresso tecnológico. Vivemos numa sociedade de consumo, destruidora de recursos, alheia à sustentabilidade do planeta, que pensa unicamente no seu bem-estar imediato. Muitos de nós estão a tornar-se seres amorfos e egoístas que privilegiam a socialização através das redes sociais em detrimento do contacto físico. Já é comum numa casa, cada elemento da família encontrar-se isolado dos restantes elementos, vivendo no ciberespaço ou isoladamente a ver o seu programa de televisão preferido. Voltando ao Jacinto, este, nasceu e cresceu rico na vanguardista cidade de Paris e, vivia com a convicção de que a felicidade dependia da perfeita simbiose entre a cultura e a tecnologia, que a ciência avidamente disponibilizava para o seu bem-estar pessoal. Era um comprador compulsivo de todos os gadgets da altura, costumava dizer: “O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado” Na sua casa, o opulento Nº 202 dos Campos Elísios, Jacinto disponha de Telégrafo, telefone, elevador, máquina de escrever, conferençofone, teatrofone, máquina de calcular e uma biblioteca com cerca de 30 mil volumes. Eram festas e banquetes com a alta burguesia. Contudo, Jacinto mergulhou no mais profundo tédio e, como filosofava o seu amigo Zé Fernandes “…o homem tornava-se escravo de uma ilusão infeliz”. O romance acaba com Jacinto vivendo em Portugal, mais propriamente no baixo Douro em Tormes, antiga terra dos seus avós. Ai descobre a felicidade na rusticidade e no trivial, começa a apreciar as estrelas, as cores da natureza o ar da Serra o “ vinho com alma” O arroz com favas melhor que os pratos gourmets e de lá nunca mais saiu. Hoje temos a televisão com mais de duzentos canais, jogos digitais, Facebook, Instagram, Youtube e o Google que tem muito mais informação que os mais de 30 mil volumes da biblioteca do Jacinto. Tal como o protagonista do romance continuamos a ser consumidores compulsivos de gadgets, só que com outras designações, hoje são: Tablets, Computadores, Smartphones, Leitores de MP3 e muitos mais. A mim preocupa-me o vazio que este tipo de hábitos está a provocar na sociedade. Sou um usuário da maior parte desta tecnologia e penso que se bem administrada é uma mais-valia para a humanidade. Mas, não podemos deixar morrer as tertúlias, que já nos séculos xix e xx faziam parte da intelectualidade Portuguesa, que do cruzar de ideias e debate de opiniões, surgiram novas formas de pensar a sociedade. As noites de serão, as discussões pela noite dentro onde dissertam os pluralistas e os obstinados, nunca foram tão importantes como agora. Após o jantar é preciso sair de casa, ocupar as mesas dos cafés, filosofar, falar do trivial, do raro e, contribuir para a mudança que queremos ver no mundo. É necessário revitalizar o conceito de família que cada vez mais desagregada está a construir uma sociedade sem valores. No momento em que já é preciso 1, 6 planetas para satisfazer o consumismo, é necessário criarmos um novo paradigma ecológico. Rapidamente temos que deixar de ser tão virtuais e mais humanos, estarmos mais juntos, física e espiritualmente. Correremos o risco de calmamente em casa, através da televisão, assistirmos às imagens da destruição do planeta e, quando despertarmos não termos a sorte que o jacinto de Tormes teve, descobrir a felicidade ao meio da natureza, porque ela pode já não existir.

domingo, 25 de setembro de 2016

Tens de ser o Melhor

“Tens de vencer, tens que estar entre os melhores”. Esta frase podia se reportar a um atleta de alta competição de uma qualquer modalidade desportiva, mas provavelmente está a referenciar o que poderá ser o lema do estudante do futuro. No desporto, os patamares de exigência foram subindo até um nível que para treinar um atleta, foi necessário criar equipas multidisciplinares com: treinador, psicólogo, fisiologista, fisioterapeuta, biomecânico, nutricionista, utilização de recursos ergogênicos e, em alguns casos, ainda o recurso a substâncias dopantes. Será que uma situação similar um dia ocorrerá na prática estudantil?
A baixa empregabilidade em certos setores e, a exigência do mercado de trabalho, farão com que só os melhores alunos das melhores universidades consigam empregos bem renumerados e de longa duração. Os menos cotados, se conseguirem entrar no mercado de trabalho, provavelmente vão encontrar a precaridade.

Há alguns anos atrás os chamados “ explicadores” eram solicitados para ajudar alguns alunos com dificuldades de compreensão em uma determinada disciplina, hoje, já são um recurso frequente para potenciar o conhecimento em alunos de excelência. O ser bom já não é suficiente, têm de ser os melhores. Na sequência do que aconteceu no desporto é provável, que os alunos venham a ter equipas multidisciplinares de apoio ao estudo e que utilizem substâncias ergogénicas para uma melhor concentração e controle de ansiedade. Por este caminho, o doping aparecerá naturalmente com a utilização de anfetaminas e outros produtos que permitam o aluno estudar 10 ou 12 horas seguidas sem cansaço aparente. A questão é: Será este o tipo de ser humano que queremos construir para a nossa sociedade? Será este o tipo de vida que pretendemos para os nossos filhos? Na minha opinião, é um tema que merece uma rápida reflexão.

terça-feira, 5 de julho de 2016

O Professor


Na minha opinião, um professor tem o poder de mudar gerações e, essas gerações podem mudar o mundo. Tanto para o bem, como para o mal. Hoje sabemos que a maioria dos extremistas islâmicos é incentivada nas escolas (Madrassas) às práticas mais bárbaras que todos conhecemos. Um professor quando tem um aluno à sua frente, o seu primeiro pensamento deve ser: que tipo de ser humano é que eu quero ajudar a construir?

Serve esta breve introdução, simplesmente, para apresentar um pequeno texto que encontrei algures na net e, que sendo ou não verídico o local onde apareceu, o texto vale pela reflexão que pode produzir….

Texto encontrado após a Segunda Guerra Mundial, num campo de concentração nazista:

“ Prezado Professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Os meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebés fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades. Assim tenho as minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é: ajude os seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e saber aritmética só são importantes se fizerem as nossas crianças mais humanas.”

terça-feira, 28 de junho de 2016

Alfa e Ómega


                      

                       Alfa e Ómega

Tudo tem um princípio e um fim
Apareceste com a sublime beleza de uma aurora boreal
Aprisionaste-me no teu esplendor
Foste; a alegria e a dor
O doce beijo, a palavra amarga
O mais belo sol, a terrível tempestade
A estrela que brilha, a escuridão
Depois, desapareceste, com o encanto do mais belo crepúsculo
E, assim, se cumpriu a vida
Tudo termina, quando a lição está aprendida
Adriano

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Livro - Os Miseráveis

Com o intuito de tecer um comentário sobre o livro, durante a sua leitura fui anotando numa pequena agenda, diálogos e frases maravilhosas que ia encontrando. Acontece que perdi a agenda. Sendo assim, vou recorrer a um apontamento de um livro “ A Tentação do Impossível”  que é um ensaio desenvolvido sobre um curso ministrado por Vargas Llosa na Universidade de Oxford.

Vargas Llosa, neste ensaio faz uma análise da criação, estrutura e dos elementos que envolveram a composição de “ Os Miseráveis” de Victor Hugo

Passo a transcrever:
 “tudo é impossível nas aspirações de Os miseráveis, e a primeira dessas impossibilidades é o desaparecimento de todas as nossas misérias”. E ainda, não há a menor dúvida, tampouco, de que “Os miseráveis é uma das obras na história da literatura que mais fizeram homens e mulheres de todas as línguas e culturas desejar um mundo mais justo, mais racional e mais belo do que aquele em que viviam”.


Acho que neste excerto de “ A tentação do Impossível” Vargas Llosa descreve todo sentido do livro. Sei que algumas das personagens que compõem este livro vão me fazer companhia durante muito tempo. È  um livro colossal, diria que, sem defeitos e, que nos leva a uma reflexão muito profunda do que é a humanidade. Um dia volto a Lê-lo


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Livro - A Relíquia


Gostei de reler A Relíquia de Eça de Queiroz. Embora em algumas fases deste romance o escritor seja demasiado descritivo, é um romance que contém algumas pérolas da literatura. O romance apresenta as memórias de Teodoro, conhecido por raposão. Ele vivia com uma tia muito rica e beata. Teodoro sabia que para herdar a fortuna da tia tinha que ter uma vida muito religiosa e uma conduta condizente com essa religiosidade. Mas, Teodoro adorava a boémia e tentava a todo o custo esconder a sua vida privada da tia e, ao mesmo tempo, tentava agradar a tia com a sua aparente dedicação à causa espiritual.

Passo a transcrever alguns excertos:

Quando Teodoro questiona e acusa de responsabilidade Cristo (DEUS) sobre a situação que o colocou na desgraça, ele ouve uma voz dentro de si que lhe aponta alguns erros como: a falsa beatice para com a sua tia, as suas mentiras e a sua convivência com prostitutas. Depois essa voz diz-lhe esta maravilha:

 “ Eu não sou Jesus de Nazaré. Nem outro deus criado pelos homens…..Sou anterior aos deuses transitórios; eles dentro de mim nascem; dentro de mim duram; dentro de mim se transformam: dentro de mim se dissolvem: e eternamente permaneço em torno deles e superior a eles, concebendo-os e desfazendo-os, no perpétuo esforço de realizar fora de mim o deus absoluto que em mim sinto. Chamo-me consciência; sou neste instante a tua própria consciência reflectida fora de ti, no ar e na luz, e tomando ante teus olhos a forma familiar, sob a qual, tu, mal-educado e pouco filosófico, está habituado a compreender-me”

Este é um livro contra a hipocrisia, ensina que a mentira é má e que se formos sinceros tiramos benéfico disso. Teodoro ficou na desgraça por causa da mentira e, por isso, resolve passar a ser sincero. Falando com o seu patrão Crispim, homem este,que já tinha despedido o seu antecessor por maldizer a religião, tem este desabafo: 

“ Olha, Crispim, eu nunca vou à missa…tudo isso são patranhas…Eu não posso acreditar que o corpo de Deus esteja todos os domingos num pedaço de hóstia feita de farinha. Deus não tem corpo, nunca teve…tudo isso são idolatrias, são carolices…podes fazer agora comigo o que quiseres. Paciência!” E o patrão responde: “ pois olha, raposo, calha-me essa franqueza!... Eu gosto de gente lisa… o outro velhaco, que estava aí nessa carteira, diante de mim dizia: «Grande homem, o Papa!» E depois ia para os botequins e punha o Santo Padre de rastos….”
Mais tarde quando o patrão o indagou a ver se ele era o homem ideal para casar com a sua irmã Jesuína, ele volta a ser sincero, mesmo sabendo que poderia perder tudo “ Há ai dentro amor sincero à mana Jesuína?” ele responde: “ Amor, amor não….Mas acho-a um belo mulherão: gosto-lhe do dote; e havia de ser um bom marido”

 É intrigante como é que em 1887, Eça escrevia sobre um tema que iria dominar o século XX. Então vejamos as referências que ele faz relativamente às conversas que o seu amigo alemão Topsuis tinha com ele: “… … A Alemanha, mãe espiritual dos povos; depois ameaçava-me com a irresistibilidade das suas armas. A omnisciência da Alemanha! A omnipotência da Alemanha! Ela imperava, vasto acampamento entrincheirado de in- fólios, onde ronda e fala de alto a Metafisica armada” e para mim mais arrepiante é a conversa em sonho com Lúcifer “… Não lamente as fogueiras de Moloch. Há-de ter fogueiras de judeus”

Gostei imenso do sonho que Teodoro teve e em que estava a presenciar o julgamento de Cristo e onde vemos uma nova versão para este acontecimento.

“ Depois de amanhã, quando acabar o Sabbath, as mulheres da galileia voltarão ao sepulcro de José de Ramata, onde deixaram Jesus sepultado…. E encontram-no aberto, encontram-no vazio! «Desapareceu, não está aqui!...» Então Maria de Magdala, crente e apaixonada, irá gritar por Jerusalém - «ressuscitou, ressuscitou!» E assim o amor de uma mulher muda a face do mundo, e dá uma religião mais à humanidade!

Frases que fazem a delicia de quem às lê:

 “ ….. Aquela sumptuosa noite do Egipto. As estrelas eram como uma grossa poeira de luz que o bom Deus levantava lá em cima, passeando sozinho pelas estradas do céu” ou “ Quando os seus olhos se cerravam, tudo em redor parecia escurecer; e quando se levantava a negra cortina das suas pestanas, vinha dessa larga pupila um clarão, uma influência como o sol do meio-dia no deserto, que abrasa e vagamente entristece”

 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Livro - A Cabana


E se Deus marcasse um encontro consigo? As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada. Quatro anos mais tarde, Marck, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar á malograda cabana. Ainda que confuso, Marck decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre: Fonte livro Bertrand
Li algumas criticas sobre este romance, algumas a dizerem muito mal, outras bem , enfim, o importante é que cada um pense pela própria cabeça. Quem gosta de livros Tipo: “ Conversa com Deus “ de Donald Walsch, vai adorar este.
 Não é por mero acaso que “ A Cabana” já vendeu mais de 15 milhões de exemplares. Na minha opinião é um livro simples, para descontrair e, do qual podemos fazer algumas reflexões. O livro aborda fundamentalmente a capacidade de perdoar, o que não implica esquecer, como lá vem referenciado. Quando Mackenzie acusa Deus de não evitar que tantas coisas más aconteçam no mundo, Deus responde “ Ninguém sabe de que horrores eu salvei o mundo, porque ninguém pode ver as coisas que nunca aconteceram”
Frases como.” A fé não nasce na casa da certeza”  ou “ O simples facto de acreditares firmemente numa coisa não implica que ela seja verdadeira” dão algum embelezamento à história. Também sublinhei “ Nunca menosprezes a maravilha das tuas lágrimas. Podem ser águas curativas e uma fonte de alegria. Por vezes, são as melhores palavras que o coração pode dizer”
É um livro que não me atrevo a aconselhar. Acho que é um livro muito pessoal. Eu li e acho que precisava de ler um livro para descontrair e nesse aspecto gostei. Mas agora que acabei, já fui buscar a “ Relíquia” do Eça de Queiroz, pois fiquei sedento daquela escrita trabalhada que tanto gosto.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Livro- José Saramago nas suas palavras


Depois de lermos o primeiro livro de José Saramago, este deveria ser o segundo a ser lido. Ao lermos esta obra composta por imensos excertos retirados de entrevistas dadas pelo escritor, estamos prontos para abordar a sua obra e compreender de uma melhor forma o seu pensamento.  Gostei e recomendo a leitura

Único escritor de língua portuguesa a ganhar o prémio Nobel, José Saramago (1922-2010) é um exemplo perfeito do intelectual engajado preconizado pelo autor de As palavras, Jean-Paul Sartre. Com efeito, a intervenção na esfera pública, o comprometimento com uma visão crítica do mundo, a defesa de ideias muitas vezes polémicas, a indignação diante das injustiças e desigualdades económicas e sociais são características marcantes de alguém que jamais separou o escritor do cidadão e sempre disse com todas as palavras o que pensava. Este livro, editado por Fernando Gómez Aguilera, biógrafo espanhol de Saramago, traz uma ampla selecção de declarações do escritor extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas, publicados em Portugal, no Brasil, na Espanha e em diversos outros países, da segunda metade da década de 1970 até Março de 2009.

Os textos estão organizados cronologicamente no interior de núcleos temáticos que abrangem as questões mais recorrentes nas manifestações do escritor. A primeira parte, centrada na pessoa José de Sousa Saramago, reúne comentários sobre sua infância, a formação autodidacta, a trajectória pessoal, os lugares onde morou, bem como reflexões sobre si mesmo – o pessimismo, a indignação, a coerência, a primazia da ética – que traçam o perfil de um escritor sempre disposto a praticar a introspecção e a compartilhar seu pensamento com a opinião pública. A segunda parte, em que vem para o primeiro plano a figura do escritor, traz reflexões sobre o ofício literário que mostram sua plena consciência dos procedimentos romanescos, concepções pouco ortodoxas para um comunista sobre as relações entre literatura e política – “não vou utilizar a literatura para fazer política” – e o papel do escritor na sociedade: “se o escritor tem algum papel, é intranquilizar”. Na terceira parte, quem fala é o cidadão José de Sousa Saramago, o crítico, entre outras coisas, da globalização económica, do “concubinato” dos meios de comunicação com o poder, do consumismo, do comunismo soviético, da paralisia da esquerda incapaz de inovar, do conservadorismo da Igreja católica, da postura de Israel em relação aos palestinos e do irracionalismo generalizado do mundo capitalista. Sua voz clama pela democracia social plena – não apenas formal e eleitoral -, pelo respeito integral aos direitos humanos e pelo sagrado direito de espernear: “Ao poder, a primeira coisa que se diz é não”.

As palavras de Saramago compõem o retrato falado de um escritor que exerceu seu ofício com o profissionalismo de um operário, a pertinácia de um militante político, a consciência de um cidadão e a visão ampla de um verdadeiro intelectual.

Fonte: Fundação José Saramago

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Livro - Os Maias de Eça de Queiroz


Reler os Maias é sempre um prazer e um pouco de tristeza. Prazer pela bela leitura que este romance proporciona e, um pouco de tristeza por não ter o prazer de o ler pela primeira vez. Embora já o tivesse lido há muitos anos, tinha na mente as principais passagens deste magnífico romance. É claro, que atualmente apercebi-me de uma série de situações, fundamentalmente críticas sociais, que quando o li na minha juventude não tinham grande significado para mim. Muitos amigos dizem-me: eu fui obrigado a ler isso na escola, mas não li o livro, só li o resumo. Não sabem o que perderam. Não vou fazer um resumo do livro, pois já existem tantos, vou só colocar alguns excertos que achei interessantes e que me tinham passado despercebidos aquando da primeira leitura.

Achei interessante a abordagem no livro sobre o ensino. Primeiro o questionar o excesso de carga horária e a utilização de conteúdos que não têm utilidade. Depois a discussão na assembleia sobre a inclusão das aulas de ginástica nas escolas a que o Conde Gouvarinho respondeu: "Creia o digno par que nunca este país retomará o seu lugar à testa da civilização, se, nos liceus, nos colégios, nos estabelecimentos de instrução, nós outros os legisladores formos, com mão ímpia, substituir a cruz pelo trapézio".

Chamou-me também à atenção a referência às instituições de proteção dos animais que já se faziam ouvir na Europa do seculo XIX. Também nesta situação Portugal não acompanhava o pensamento dos países mais evoluídos. Defendia- se que em vez de corridas com cavalos era mais importante uma boa tourada.

“... Pois é verdade, tenho esse fraco português, prefiro toiros. Cada raça possui o seu sport próprio, e o nosso é o toiro: o toiro com muito sol, ar de dia santo, água fresca e foguetes... Mas sabe o Sr. Salcede qual a vantagem da tourada? É ser uma grande escola de força, de coragem e de destreza... Em Portugal não há instituição que tenha importância igual à tourada de curiosos. E acredite uma coisa: é que se nesta triste geração moderna ainda há em Lisboa uns rapazes com um certo músculo, a espinha direita, e capazes de dar um bom soco, deve-se isso ao toiro e à tourada de curiosos...O marquês entusiasmadíssimo bateu palmas. Aquilo é que era falar! Aquilo é que era dar a filosofia do toiro! Está claro que a tourada era uma grande educação física! E ainda havia uns imbecis que falavam em acabar com os toiros! Oh! Estúpidos, acabais então com a coragem portuguesa! (…) O quê, o toiro? Está claro! O toiro devia ser neste país como o ensino é lá fora: gratuito e obrigatório”.

Outras frases e referencias de grande encanto podemos encontrar neste livro.

“ – Falhamos na vida, menino! – Creio que sim…Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação”

“É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm «imenso talento» ……..Um país governado «com imenso talento», que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado !Eu proponho isto ,a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentassem uma vez os imbecis”

 ... uma senhora alta, loura, com um meio véu muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor de sua carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem-feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de ouro, e um aroma no ar. Trazia um casaco colante de veludo branco de Gênova, e um momento sobre as lajes do peristilo brilhou o verniz de suas botinas.

Para descrever tudo o que gostei, seriam precisas muitas folhas, fico por aqui e dou um conselho a que ainda não leu que leia e, quem já leu que releia, pois por certo que irá encontrar muitas coisas que passaram despercebidas na primeira vez. E como não há duas sem tês, um dia mais tarde por certo, vou voltar a lê-lo.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Ser amigo, no comer, vestir e calçar


Não tem este artigo a pretensão de alterar comportamentos ou ferir suscetibilidades de alguns amigos dos animais. Pretende simplesmente, trazer “ à tona de água ”, alguns aspetos que de tão triviais, por vezes escapam à maioria das pessoas. Os dois princípios que regem o vegetarianismo ético são: O respeito pelos animais não humanos e, a preservação do ambiente. Como já devidamente provado e documentado, as indústrias da pecuária e piscatória, são responsáveis por infligirem grande sofrimento aos animais, pela produção de grandes níveis de poluição ambiental e, destruição de ecossistemas.
 Ao adotarmos uma alimentação vegetariana, estamos a contribuir de alguma forma para uma diminuição desses impactos negativos. Mas, de uma forma menos visível, ao lado das indústrias anteriormente referidas, concorre uma outra indústria, tão, ou mais destruidora, que é a indústria de peles, nomeadamente a indústria de curtumes. Várias fundações, associações e investigações jornalísticas, têm denunciado as enormes atrocidades que a indústria das peles vem infligindo nos animais. Uma dessas fundações é a conhecidíssima fundação, Brigitte Bardot, que tem lutado contra o extermínio de centenas de focas bebés que anualmente são sacrificadas. Para um melhor aproveitamento das peles e, uma melhor rentabilidade económica, estas focas bebés são mortas à paulada, sendo posteriormente as suas peles utilizadas na fabricação de casacos de peles.
 Também uma investigação feita em sigilo durante dezoito meses pela Humane Society dos Estados Unidos/Humane Society Internacional (HSUS/HIS) e um jornalista alemão independente, referenciou que cerca de dois milhões de animais de estimação (cães e gatos) são assassinados anualmente para utilização na fabricação de peles. Por estas razões, o vegetarianismo ético não se resume somente à escolha da alimentação, mas também à aquisição de vestuário e calçado. Gestos aparentemente tão simples, como a aquisição de um par de sapatos, construído sem substâncias de origem animal, fazem parte da filosofia do vegetariano ético.
Embora já vá sendo comum encontrar calçado vegan nas sapatarias portuguesas é nas lojas online que se consegue encontrar estes produtos com mais facilidade. Ligeiramente mais caros do que o calçado comum, podemos encontrar sapatos com um design atrativo e de boa qualidade. Têm também se revelado resistentes e com longa duração. Na construção de calçado vegan são utilizadas substâncias como:” (poliéster e poliuretano) poliamida, nylon, cortiça e fibras". Também se utilizam a borracha natural, microfibras, pneu reciclado entre outros produtos.
Em Portugal já existe uma marca que comercializa calçado vegan, do qual cerca 85% deste produto é exportado. A firma portuguesa de produção de calçado vegan, para diminuir a sua pegada ecológica tenta utilizar o máximo de materiais locais, apostando fortemente na cortiça. Embora este seja um mercado em expansão a nível mundial, em Portugal ainda não tem a importância devida.
Em conversas com pessoas do meu círculo de amizade, noto que ainda existe um grande desconhecimento sobre o material utilizado na construção do calçado e vestuário comum e, um desconhecimento ainda maior, sobre a indústria de peles que sacrifica biliões de animais todos os anos. E a realidade vai ser sempre esta: Eles matam porque nós consumimos

terça-feira, 5 de abril de 2016

Livro - As Flores de Lótus

Usando como tela, Portugal, Rússia, China e Japão o escritor projectou a vivência de quatro famílias num percurso onde podemos observar cidades como: Tóqui no Japão, Irkutsk na Russia, Changsha na China e Lisboa em Portugal. É através do narrador de nome Artur, que o autor relembra algumas das grandes transformações políticas e sociais que aconteceram no mundo no final do século XIX e princípio do século XX. Além dos países anteriormente mencionados e por motivos históricos também passam pelas páginas deste romance, a Itália de Mussolini e o seu partido nacional fascista, a Espanha de Primo Rivera fundador da União Patriótica e que inspirou a União Nacional em Portugal, a Alemanha e a França.
O principal foco do romance é dirigido para quatro situações:1) A ascensão ao poder de Mao Tse –Tung na China 2) A forma como Estaline implementou o seu sistema político na Rússia 3) Da queda da monarquia até entrada de Salazar no governo português 4)A sociedade japonesa e a aversão da mesma em relação aos ocidentais.
Grandes pensadores e filósofos também fazem parte deste romance. Hegel, Maquiavel, Engels e Marx, Sócrates, Platão, Aristóteles, Rosseau e Confúcio são mencionados.
É um romance que por certeza não agrada a quem é comunista, nele está explícito a crueldade que esses regimes impuseram às populações. Também podemos verificar ao longo das histórias contadas que tanto o comunismo como o fascismo enquanto regimes totalitários provêem da mesma base filosófica.O Diálogo de Salazar com Carmona, os argumentos de Salazar ao Capitão Artur Teixeira para não aceitar a pasta das finanças, a forma como é apresentada a cultura chinesa e japonesa, está tudo muito bem conseguido. É um livro que se lê rapidamente como todos os livros do José Rodrigo dos Santos.
Aconselho a leitura fundamentalmente àqueles que como eu já leram os livros anteriormente publicados por este autor. Para quem quer iniciar a leitura das obras deste autor, aconselho que deve começar por ler “A Filha do Capitão”.

Na minha opinião, José Rodrigues dos Santos continua a escrever como jornalista, sempre com a preocupação de dar informação e transmitir conhecimento. Nos seus romances sente- se a falta da adjectivação e dos advérbios que nos conseguem dar aquela sensação de visualização e despertar a imaginação. Recorre pouco aos estilos linguísticos como a hipálage, sinestesia, aliteração e tem pouca ironia. Vou aguardar a continuação deste romance que é “O Pavilhão Púrpura”, para ver se é tão interessante como “As Flores De Lótus” mas um pouco menos pragmático e com uma escrita mais burilada. 

sábado, 2 de abril de 2016

Livro - Mataram a Cotovia

Mataram a Cotovia, é um daqueles romances que obrigam a pensar e que deixam personagens para nos fazem companhia durante muito tempo. Se existem livros que eu gostava que os meus filhos lessem, este é um deles.

É um livro que aborda a sociedade americana de um estado sulista durante os anos 30-40 do século 20, onde a segregação racial era aceite de forma natural pela maioria das pessoas. Este livro dá-nos uma perspectiva sobre a educação dos nossos filhos, ensina a importância de nunca lhes limitar o pensamento, mas acima de tudo, mostra-nos uma forma de agir com tudo aquilo que é diferente, minorias étnicas, outras religiões, outras raças e acima de tudo outras formas de pensar.

A história passa-se numa pequena povoação de nome fictício Maycomb e tem como protagonistas uma família cujo pai Atticus é viúvo, advogado e tem um filho chamado Jem e uma filha chamada Stout.É através de Stout, uma criança no início da sua vida escolar, que assistimos à narração dos factos passados. Stout vê o mundo como só uma criança consegue ver, sem preconceitos e com as interrogações próprias da idade da inocência.

 Atticus é chamado a defender um jovem negro acusado de violação de uma mulher branca e, mesmo sabendo que nunca algum negro conseguiu ganhar uma acção em tribunal contra um branco, ele empenha-se da melhor forma na defesa do seu cliente e consegue provar a sua inocência. Ao longo da história deparamo-nos com personagens do pior e do melhor que pode haver numa sociedade e todas elas aparecem normalmente associadas a frases que transmitem emoção e conduzem a reflexões.

Não vou fazer uma sinopse da história, mas vou deixar alguns excertos que achei interessantes

"Tinha a sua própria visão das coisas, talvez bastante diferente da minha... filho, eu disse-te que se tu não tivesses perdido a cabeça, eu ter-te-ia mandado ler para ela na mesma. Queria que visses qualquer coisa nela...queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de pensares que coragem é um homem com uma arma nas mãos. Coragem é sabermos que estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente até ao fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos. “

“Têm todo o direito de pensar dessa forma, como também têm o direito a que as suas opiniões sejam respeitadas - disse o Atticus -, mas antes de viver com os outros, tenho de viver comigo próprio. E a única voz que se sobrepõe à regra da maioria é a nossa consciência."

“As cotovias não fazem nada a não ser cantar belas melodias para nós. Não estragam os jardins das pessoas, não fazem ninhos nos espigueiros, só sabem cantar com todo o sentimento para nós. É por isso pecado matar uma cotovia”


Recomendo a leitura deste clássico da literatura Norte Americana

sexta-feira, 25 de março de 2016

Livro - Pai Nosso de Clara Ferreira Alves

 um livro escrito de forma muito elaborada. Um romance fantástico, que me deixou fascinado. Como disse António Lobato Faria, aquando da apresentação do Livro: “Pai Nosso é para mim um livro perfeito” e eu acrescento, para mim também. A Clara Ferreira Alves esclareceu que: “ Este livro é realidade e ficção”, mas foi na ficção que eu senti mais realidade. Não vou fazer um resumo do livro, apenas vou deixar alguns excertos de forma aleatória que penso, serem um incentivo à leitura deste magnífico romance.
 
 

Começo a beber demais, gin todos os dias, gin para diluir o remorso de pecados que não cometi
 
 

Amei uma pessoa nos labirintos de Jerusalém onde seria mais apropriado amar deus
 
 

 O amor é ópio. É uma droga. Fica-se agarrado. O amor distorce mais a realidade do que a guerra
 
 

 No chão a sombra dele cai sobre a minha, e foi o único momento em que tivemos intimidade, na confusão das sombras no cemitério
 
 

 (…) homens velhos aos quarenta anos. Os ares do mar e o sol cavaram desfiladeiros na pele curtida. Marinheiros e janízaros tão desempregados como os peixes
 
 

Pela varanda aberta sobre a noite entra o cheiro de plantas e árvores de que não sei o nome
 
 

Uma lua cor de fogo incendeia o azul cobalto e a água é uma fosforescência onde flutuam barcos como insectos num charco
 
 

A voz do Eduardo(....)era uma voz funda e acertada a compasso, uma voz treinada para mentir com aprumo......
 
 

Nunca gostei do Eduardo. Um peixe que se move nas profundidades submarinas onde não penetra a luz
 
 

Deus fica longe dali. Deus está no céu que é um sossego. Há-de ser ele a receber os cadáveres dos mártires, a reconstituir-lhes a carne despedaçada como quem reconstitui um quebra-cabeças de milhares de partículas elementares
 
 

Enquanto o lunático falava, eu pensava que alguém devia oferecer um cão, um gato, um peixe, uma tartaruga, às crianças de Gaza. Para os ensinar a amar
 
 

É preciso prestar atenção a todas a s coisas que acontecem pela primeira vez. Não só às coisas que acontecem pela primeira vez na nossa vida. A todas as coisas, as que acontecem fora da nossa vida e dentro das outras vidas. Quando um avião cai não é a primeira vez que acontece. Quando um avião decapita as torres do world trade center é a primeira vez. Os corpos a cair das janelas. Corpos que explodiram no chão sem que ninguém ouvisse o som porque a grande explosão abafou a pequena explosão.
 
 

Porque tens medo desta história? Porque não sei se consigo contá-la direito.