segunda-feira, 25 de abril de 2016

Livro - A Cabana


E se Deus marcasse um encontro consigo? As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada. Quatro anos mais tarde, Marck, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar á malograda cabana. Ainda que confuso, Marck decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre: Fonte livro Bertrand
Li algumas criticas sobre este romance, algumas a dizerem muito mal, outras bem , enfim, o importante é que cada um pense pela própria cabeça. Quem gosta de livros Tipo: “ Conversa com Deus “ de Donald Walsch, vai adorar este.
 Não é por mero acaso que “ A Cabana” já vendeu mais de 15 milhões de exemplares. Na minha opinião é um livro simples, para descontrair e, do qual podemos fazer algumas reflexões. O livro aborda fundamentalmente a capacidade de perdoar, o que não implica esquecer, como lá vem referenciado. Quando Mackenzie acusa Deus de não evitar que tantas coisas más aconteçam no mundo, Deus responde “ Ninguém sabe de que horrores eu salvei o mundo, porque ninguém pode ver as coisas que nunca aconteceram”
Frases como.” A fé não nasce na casa da certeza”  ou “ O simples facto de acreditares firmemente numa coisa não implica que ela seja verdadeira” dão algum embelezamento à história. Também sublinhei “ Nunca menosprezes a maravilha das tuas lágrimas. Podem ser águas curativas e uma fonte de alegria. Por vezes, são as melhores palavras que o coração pode dizer”
É um livro que não me atrevo a aconselhar. Acho que é um livro muito pessoal. Eu li e acho que precisava de ler um livro para descontrair e nesse aspecto gostei. Mas agora que acabei, já fui buscar a “ Relíquia” do Eça de Queiroz, pois fiquei sedento daquela escrita trabalhada que tanto gosto.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Livro- José Saramago nas suas palavras


Depois de lermos o primeiro livro de José Saramago, este deveria ser o segundo a ser lido. Ao lermos esta obra composta por imensos excertos retirados de entrevistas dadas pelo escritor, estamos prontos para abordar a sua obra e compreender de uma melhor forma o seu pensamento.  Gostei e recomendo a leitura

Único escritor de língua portuguesa a ganhar o prémio Nobel, José Saramago (1922-2010) é um exemplo perfeito do intelectual engajado preconizado pelo autor de As palavras, Jean-Paul Sartre. Com efeito, a intervenção na esfera pública, o comprometimento com uma visão crítica do mundo, a defesa de ideias muitas vezes polémicas, a indignação diante das injustiças e desigualdades económicas e sociais são características marcantes de alguém que jamais separou o escritor do cidadão e sempre disse com todas as palavras o que pensava. Este livro, editado por Fernando Gómez Aguilera, biógrafo espanhol de Saramago, traz uma ampla selecção de declarações do escritor extraídas de jornais, revistas e livros de entrevistas, publicados em Portugal, no Brasil, na Espanha e em diversos outros países, da segunda metade da década de 1970 até Março de 2009.

Os textos estão organizados cronologicamente no interior de núcleos temáticos que abrangem as questões mais recorrentes nas manifestações do escritor. A primeira parte, centrada na pessoa José de Sousa Saramago, reúne comentários sobre sua infância, a formação autodidacta, a trajectória pessoal, os lugares onde morou, bem como reflexões sobre si mesmo – o pessimismo, a indignação, a coerência, a primazia da ética – que traçam o perfil de um escritor sempre disposto a praticar a introspecção e a compartilhar seu pensamento com a opinião pública. A segunda parte, em que vem para o primeiro plano a figura do escritor, traz reflexões sobre o ofício literário que mostram sua plena consciência dos procedimentos romanescos, concepções pouco ortodoxas para um comunista sobre as relações entre literatura e política – “não vou utilizar a literatura para fazer política” – e o papel do escritor na sociedade: “se o escritor tem algum papel, é intranquilizar”. Na terceira parte, quem fala é o cidadão José de Sousa Saramago, o crítico, entre outras coisas, da globalização económica, do “concubinato” dos meios de comunicação com o poder, do consumismo, do comunismo soviético, da paralisia da esquerda incapaz de inovar, do conservadorismo da Igreja católica, da postura de Israel em relação aos palestinos e do irracionalismo generalizado do mundo capitalista. Sua voz clama pela democracia social plena – não apenas formal e eleitoral -, pelo respeito integral aos direitos humanos e pelo sagrado direito de espernear: “Ao poder, a primeira coisa que se diz é não”.

As palavras de Saramago compõem o retrato falado de um escritor que exerceu seu ofício com o profissionalismo de um operário, a pertinácia de um militante político, a consciência de um cidadão e a visão ampla de um verdadeiro intelectual.

Fonte: Fundação José Saramago

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Livro - Os Maias de Eça de Queiroz


Reler os Maias é sempre um prazer e um pouco de tristeza. Prazer pela bela leitura que este romance proporciona e, um pouco de tristeza por não ter o prazer de o ler pela primeira vez. Embora já o tivesse lido há muitos anos, tinha na mente as principais passagens deste magnífico romance. É claro, que atualmente apercebi-me de uma série de situações, fundamentalmente críticas sociais, que quando o li na minha juventude não tinham grande significado para mim. Muitos amigos dizem-me: eu fui obrigado a ler isso na escola, mas não li o livro, só li o resumo. Não sabem o que perderam. Não vou fazer um resumo do livro, pois já existem tantos, vou só colocar alguns excertos que achei interessantes e que me tinham passado despercebidos aquando da primeira leitura.

Achei interessante a abordagem no livro sobre o ensino. Primeiro o questionar o excesso de carga horária e a utilização de conteúdos que não têm utilidade. Depois a discussão na assembleia sobre a inclusão das aulas de ginástica nas escolas a que o Conde Gouvarinho respondeu: "Creia o digno par que nunca este país retomará o seu lugar à testa da civilização, se, nos liceus, nos colégios, nos estabelecimentos de instrução, nós outros os legisladores formos, com mão ímpia, substituir a cruz pelo trapézio".

Chamou-me também à atenção a referência às instituições de proteção dos animais que já se faziam ouvir na Europa do seculo XIX. Também nesta situação Portugal não acompanhava o pensamento dos países mais evoluídos. Defendia- se que em vez de corridas com cavalos era mais importante uma boa tourada.

“... Pois é verdade, tenho esse fraco português, prefiro toiros. Cada raça possui o seu sport próprio, e o nosso é o toiro: o toiro com muito sol, ar de dia santo, água fresca e foguetes... Mas sabe o Sr. Salcede qual a vantagem da tourada? É ser uma grande escola de força, de coragem e de destreza... Em Portugal não há instituição que tenha importância igual à tourada de curiosos. E acredite uma coisa: é que se nesta triste geração moderna ainda há em Lisboa uns rapazes com um certo músculo, a espinha direita, e capazes de dar um bom soco, deve-se isso ao toiro e à tourada de curiosos...O marquês entusiasmadíssimo bateu palmas. Aquilo é que era falar! Aquilo é que era dar a filosofia do toiro! Está claro que a tourada era uma grande educação física! E ainda havia uns imbecis que falavam em acabar com os toiros! Oh! Estúpidos, acabais então com a coragem portuguesa! (…) O quê, o toiro? Está claro! O toiro devia ser neste país como o ensino é lá fora: gratuito e obrigatório”.

Outras frases e referencias de grande encanto podemos encontrar neste livro.

“ – Falhamos na vida, menino! – Creio que sim…Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação”

“É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm «imenso talento» ……..Um país governado «com imenso talento», que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado !Eu proponho isto ,a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentassem uma vez os imbecis”

 ... uma senhora alta, loura, com um meio véu muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor de sua carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem-feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de ouro, e um aroma no ar. Trazia um casaco colante de veludo branco de Gênova, e um momento sobre as lajes do peristilo brilhou o verniz de suas botinas.

Para descrever tudo o que gostei, seriam precisas muitas folhas, fico por aqui e dou um conselho a que ainda não leu que leia e, quem já leu que releia, pois por certo que irá encontrar muitas coisas que passaram despercebidas na primeira vez. E como não há duas sem tês, um dia mais tarde por certo, vou voltar a lê-lo.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Ser amigo, no comer, vestir e calçar


Não tem este artigo a pretensão de alterar comportamentos ou ferir suscetibilidades de alguns amigos dos animais. Pretende simplesmente, trazer “ à tona de água ”, alguns aspetos que de tão triviais, por vezes escapam à maioria das pessoas. Os dois princípios que regem o vegetarianismo ético são: O respeito pelos animais não humanos e, a preservação do ambiente. Como já devidamente provado e documentado, as indústrias da pecuária e piscatória, são responsáveis por infligirem grande sofrimento aos animais, pela produção de grandes níveis de poluição ambiental e, destruição de ecossistemas.
 Ao adotarmos uma alimentação vegetariana, estamos a contribuir de alguma forma para uma diminuição desses impactos negativos. Mas, de uma forma menos visível, ao lado das indústrias anteriormente referidas, concorre uma outra indústria, tão, ou mais destruidora, que é a indústria de peles, nomeadamente a indústria de curtumes. Várias fundações, associações e investigações jornalísticas, têm denunciado as enormes atrocidades que a indústria das peles vem infligindo nos animais. Uma dessas fundações é a conhecidíssima fundação, Brigitte Bardot, que tem lutado contra o extermínio de centenas de focas bebés que anualmente são sacrificadas. Para um melhor aproveitamento das peles e, uma melhor rentabilidade económica, estas focas bebés são mortas à paulada, sendo posteriormente as suas peles utilizadas na fabricação de casacos de peles.
 Também uma investigação feita em sigilo durante dezoito meses pela Humane Society dos Estados Unidos/Humane Society Internacional (HSUS/HIS) e um jornalista alemão independente, referenciou que cerca de dois milhões de animais de estimação (cães e gatos) são assassinados anualmente para utilização na fabricação de peles. Por estas razões, o vegetarianismo ético não se resume somente à escolha da alimentação, mas também à aquisição de vestuário e calçado. Gestos aparentemente tão simples, como a aquisição de um par de sapatos, construído sem substâncias de origem animal, fazem parte da filosofia do vegetariano ético.
Embora já vá sendo comum encontrar calçado vegan nas sapatarias portuguesas é nas lojas online que se consegue encontrar estes produtos com mais facilidade. Ligeiramente mais caros do que o calçado comum, podemos encontrar sapatos com um design atrativo e de boa qualidade. Têm também se revelado resistentes e com longa duração. Na construção de calçado vegan são utilizadas substâncias como:” (poliéster e poliuretano) poliamida, nylon, cortiça e fibras". Também se utilizam a borracha natural, microfibras, pneu reciclado entre outros produtos.
Em Portugal já existe uma marca que comercializa calçado vegan, do qual cerca 85% deste produto é exportado. A firma portuguesa de produção de calçado vegan, para diminuir a sua pegada ecológica tenta utilizar o máximo de materiais locais, apostando fortemente na cortiça. Embora este seja um mercado em expansão a nível mundial, em Portugal ainda não tem a importância devida.
Em conversas com pessoas do meu círculo de amizade, noto que ainda existe um grande desconhecimento sobre o material utilizado na construção do calçado e vestuário comum e, um desconhecimento ainda maior, sobre a indústria de peles que sacrifica biliões de animais todos os anos. E a realidade vai ser sempre esta: Eles matam porque nós consumimos

terça-feira, 5 de abril de 2016

Livro - As Flores de Lótus

Usando como tela, Portugal, Rússia, China e Japão o escritor projectou a vivência de quatro famílias num percurso onde podemos observar cidades como: Tóqui no Japão, Irkutsk na Russia, Changsha na China e Lisboa em Portugal. É através do narrador de nome Artur, que o autor relembra algumas das grandes transformações políticas e sociais que aconteceram no mundo no final do século XIX e princípio do século XX. Além dos países anteriormente mencionados e por motivos históricos também passam pelas páginas deste romance, a Itália de Mussolini e o seu partido nacional fascista, a Espanha de Primo Rivera fundador da União Patriótica e que inspirou a União Nacional em Portugal, a Alemanha e a França.
O principal foco do romance é dirigido para quatro situações:1) A ascensão ao poder de Mao Tse –Tung na China 2) A forma como Estaline implementou o seu sistema político na Rússia 3) Da queda da monarquia até entrada de Salazar no governo português 4)A sociedade japonesa e a aversão da mesma em relação aos ocidentais.
Grandes pensadores e filósofos também fazem parte deste romance. Hegel, Maquiavel, Engels e Marx, Sócrates, Platão, Aristóteles, Rosseau e Confúcio são mencionados.
É um romance que por certeza não agrada a quem é comunista, nele está explícito a crueldade que esses regimes impuseram às populações. Também podemos verificar ao longo das histórias contadas que tanto o comunismo como o fascismo enquanto regimes totalitários provêem da mesma base filosófica.O Diálogo de Salazar com Carmona, os argumentos de Salazar ao Capitão Artur Teixeira para não aceitar a pasta das finanças, a forma como é apresentada a cultura chinesa e japonesa, está tudo muito bem conseguido. É um livro que se lê rapidamente como todos os livros do José Rodrigo dos Santos.
Aconselho a leitura fundamentalmente àqueles que como eu já leram os livros anteriormente publicados por este autor. Para quem quer iniciar a leitura das obras deste autor, aconselho que deve começar por ler “A Filha do Capitão”.

Na minha opinião, José Rodrigues dos Santos continua a escrever como jornalista, sempre com a preocupação de dar informação e transmitir conhecimento. Nos seus romances sente- se a falta da adjectivação e dos advérbios que nos conseguem dar aquela sensação de visualização e despertar a imaginação. Recorre pouco aos estilos linguísticos como a hipálage, sinestesia, aliteração e tem pouca ironia. Vou aguardar a continuação deste romance que é “O Pavilhão Púrpura”, para ver se é tão interessante como “As Flores De Lótus” mas um pouco menos pragmático e com uma escrita mais burilada. 

sábado, 2 de abril de 2016

Livro - Mataram a Cotovia

Mataram a Cotovia, é um daqueles romances que obrigam a pensar e que deixam personagens para nos fazem companhia durante muito tempo. Se existem livros que eu gostava que os meus filhos lessem, este é um deles.

É um livro que aborda a sociedade americana de um estado sulista durante os anos 30-40 do século 20, onde a segregação racial era aceite de forma natural pela maioria das pessoas. Este livro dá-nos uma perspectiva sobre a educação dos nossos filhos, ensina a importância de nunca lhes limitar o pensamento, mas acima de tudo, mostra-nos uma forma de agir com tudo aquilo que é diferente, minorias étnicas, outras religiões, outras raças e acima de tudo outras formas de pensar.

A história passa-se numa pequena povoação de nome fictício Maycomb e tem como protagonistas uma família cujo pai Atticus é viúvo, advogado e tem um filho chamado Jem e uma filha chamada Stout.É através de Stout, uma criança no início da sua vida escolar, que assistimos à narração dos factos passados. Stout vê o mundo como só uma criança consegue ver, sem preconceitos e com as interrogações próprias da idade da inocência.

 Atticus é chamado a defender um jovem negro acusado de violação de uma mulher branca e, mesmo sabendo que nunca algum negro conseguiu ganhar uma acção em tribunal contra um branco, ele empenha-se da melhor forma na defesa do seu cliente e consegue provar a sua inocência. Ao longo da história deparamo-nos com personagens do pior e do melhor que pode haver numa sociedade e todas elas aparecem normalmente associadas a frases que transmitem emoção e conduzem a reflexões.

Não vou fazer uma sinopse da história, mas vou deixar alguns excertos que achei interessantes

"Tinha a sua própria visão das coisas, talvez bastante diferente da minha... filho, eu disse-te que se tu não tivesses perdido a cabeça, eu ter-te-ia mandado ler para ela na mesma. Queria que visses qualquer coisa nela...queria que visses o que é a verdadeira coragem, em vez de pensares que coragem é um homem com uma arma nas mãos. Coragem é sabermos que estamos vencidos à partida, mas recomeçar na mesma e avançar incondicionalmente até ao fim. Raramente se ganha, mas às vezes conseguimos. “

“Têm todo o direito de pensar dessa forma, como também têm o direito a que as suas opiniões sejam respeitadas - disse o Atticus -, mas antes de viver com os outros, tenho de viver comigo próprio. E a única voz que se sobrepõe à regra da maioria é a nossa consciência."

“As cotovias não fazem nada a não ser cantar belas melodias para nós. Não estragam os jardins das pessoas, não fazem ninhos nos espigueiros, só sabem cantar com todo o sentimento para nós. É por isso pecado matar uma cotovia”


Recomendo a leitura deste clássico da literatura Norte Americana