sexta-feira, 5 de maio de 2017

Conversas com o filósofo


Tinha o nome de “Conversas Vadias” e foi um programa histórico passado na RTP em 1990, onde grandes personalidades do jornalismo português entrevistaram e debateram vários temas com o Professor, filósofo e ensaísta português Agostinho da Silva. É meu intuito, através destas breves palavras escritas, relembrar a existência deste vulto da cultura portuguesa e quem sabe, aguçar a curiosidade a quem não o conheça e acicatar o descobrir desta personalidade. Todos os programas de “Conversas Vadias” estão no youtube e podem facilmente ser visualizadas. Agostinho da Silva, falecido em 1994, foi um homem com uma visão profética. Desafiava as pessoas s serem aquilo para que nasceram e, não viverem sendo no que a sociedade as tornou. Foi um critico do actual modelo de ensino por achar que o mesmo cerceava a criatividade dos alunos e, onde grassavam conteúdos sem interesse prático para a vida. Defendia que o proliferar da tecnologia iria permitir mais horas livres para o ser humano, que por sua vez iria viver mais anos e a escola deveria preparar os alunos para esta nova realidade. Nas suas “Conversas Vadias” incentivava as pessoas a extraírem algo de positivo mesmo das situações mais adversas, pois, podia ser que fosse a vida a colocar essas situações, que ao serem ultrapassadas levariam a uma evolução da pessoa em questão “ não devemos dizer que a vida é negativa e ficar presos a essa ideia, mas procurar outras soluções. Podemos ser uma pedra a recusar o cinzel do escultor que nos quer tornar menos pedra e mais estátua.” Quando lhe perguntaram; O que é que acontece nas situações em que não conseguimos ultrapassar essas dificuldades? de pronto respondeu:” Pode ser que a vida seja mais inteligente do que nós, nos faça sinais, supondo que nós somos tão inteligentes como ela e, nós depois apresentemos soluções que afinal não são as mais correctas e pretendidas por ela” O filósofo não gostava de dividir as pessoas entre as que têm qualidades e as que têm defeitos. “ Em vez disso deveríamos dizer que as pessoa têm determinadas características, porque ao longo dos anos temos verificado que muitas vezes do que chamamos defeitos saíram grandes obras e são as qualidades que muitas vezes às abatem.” Abordar a obra de Agostinho da Silva pode ser importante incentivo a tudo questionarmos, desenvolvermos uma opinião própria e não nos deixarmos manipular. As novas tecnologias de informação estão a ser utilizadas de uma forma muito agressiva, por vários agentes económicos, políticos e religiosos, sendo muito importante a capacidade para filtrar toda essa informação, utilizado somente a parte útil dessa informação. O filósofo, depois das suas divagações, costumava dizer: “Mas esqueça tudo isto que lhe estou a dizer, nunca pense por mim, pense sempre por você; valem mais todos os erros que forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus e não seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas”.Também dizia que :  Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se algum tenho, os que estão contra mim; porque esses guardam no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmiti-lhe: a de não se conformarem”. Acabo transcrevendo uma frase que li algures: “ A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”