domingo, 31 de dezembro de 2017

Reprogramação


Já defendiam os pensadores da antiga Grécia e mais tarde Marx e Sartre, entre outros, que o homem é um animal social e produto do meio em que vive. O homem mentalmente constrói-se a partir das suas relações sociais, sendo influenciado pelos paradigmas (cultura) que lhe são impostos desde a mais tenra idade. Somos vitimas e cúmplices de uma educação familiar, religiosa, escolar e social. “...nascemos originais e morremos cópias “esta frase retrata a vivencia da maioria das pessoas. Somos treinados para sermos trabalhadores e não empreendedores. A sociedade de forma inteligente e, sabendo que um indivíduo num determinado ambiente se ajusta ao mesmo, molda os seus membros conforme as suas necessidades. Esta organização (sociedade) gerou mecanismos de repetição constante, que por sua vez acabam por criar automatismos, na ação dos indivíduos. Os vícios, são um exemplo de como a repetição constante manipula facilmente o ser humano. Podemos constatar este aspeto mesmo nas chamadas drogas legais: cafeína, nicotina e álcool, aceites e fomentadas socialmente, cujo efeito dissuasor de uma sociedade estratificada, instrumentalizada e altamente competitiva, serve plenamente os objetivos dessa mesma sociedade. Estaremos condenados a ser apenas um produto do meio em que vivemos? Eu penso que não. Nós podemos ser subversivos, temos capacidade para fazer uma reprogramação “emocional”, destruir padrões “mentais” entranhados, mudar de hábitos criando novos paradigmas. Com a repetição sistemática de um determinado comportamento o cérebro cria vias sinápticas mais rápidas fazendo com que ações promovam outras ações de uma forma quase automática. Assim foram criados os nossos atuais padrões de comportamento e, desta forma também podemos criar novos hábitos, abandonando aqueles com que não concordamos. Mas, é importante sabermos que os novos hábitos levam algum tempo a se fixarem. Também é preciso lembrar que os nossos antigos hábitos sugiram através de repetições de comportamento e, mesmo depois de “quebrados”, esses comportamentos podem ser reativados sobre o menor estímulo. Depois de adquirirmos novos padrões de comportamento, não devemos abrir alguma exceção para voltar a utilizar algum dos padrões que com tanto esforço conseguimos eliminar. Alterar comportamentos pode ter um efeito que vai muito além do fator individual. Dou o exemplo do que uma simples alteração dos hábitos alimentares pode fazer: foi feito um estudo pela universidade de Oxford onde prova cientificamente que ser vegetariano reduz para metade a pegada ecológica. Como podemos verificar os nossos comportamentos podem ter impacto a nível global. Nota-se um número crescente de pessoas a quererem alterar os seus padrões de comportamento, mas nós somos seres programados, a mudança mete sempre medo, exige esforço e dedicação.  Qualquer um de nós e após uma introspeção, se quiser, pode mudar qualquer hábito por muito enraizado que esteja. Na minha opinião o fator importante para conseguirmos reprogramar os nossos hábitos não é a força de vontade, mas a consciência e a capacidade de se liderar.