Uma dissertação
feita por um conhecido filósofo brasileiro, sobre o percurso de vida de um ser
humano e o legado que deixa para as gerações vindouras, serviu de mote para
este artigo. Nessa oratória o filósofo cita dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação, onde a média de consumo diário de sólidos, líquidos
e gasosos por parte do um ser humano que é de 1,5Kg. Fazendo algumas
contas, quem tiver o privilégio de viver o que a estatística diz sobre a
esperança de vida em Portugal, consumirá durante a sua vida cerca de 45 toneladas
sólidos, líquidos e gasosos, mas, como o ser humano também é um animal
excretor, após a sua morte deixará atrás de si cerca de 45 toneladas de
excrementos. A questão que se coloca é: além do consumo de recursos do planeta e
das imensas toneladas de excrementos que depositamos, o que é que fizemos de
útil durante o nosso tempo de vida? Ou será que a nossa vida foi fútil, banal e
inútil. Qual é o sentido da vida? Poderá ser simplesmente aperfeiçoarmos
mecanismos de sobrevivência, vivendo da melhor forma possível, mas isso é o que
também fazem os chamados animais irracionais. O Ser Humano teve a sorte, ou o
azar, de possuir algo a que chamamos de consciência e devido a isso, só sobreviver vivendo bem sem olhar a
meios, não chega. A nossa mente acaba sempre por nos questionar sobre a razão por
que existimos. Embora a nossa existência seja involuntária, simplesmente
existimos, pois, a mesma dependeu mais da vontade dos nossos progenitores do
que de nós, algo nos impele a escolher um propósito que dê um significado a
essa existência. Podemos pensar que a vida é uma festa e que estamos cá só para
nos divertirmos, que tudo acaba com a nossa morte e, como dizia o antigo slogan
a vida é: “sexo, drogas e rock and rol”. Também podemos acreditar, na
reencarnação, na ressurreição, acreditar que a vida é uma escola para o nosso
desenvolvimento espiritual, que é se relacionar com a realidade de acordo com o
que a realidade é, que é ajudar o mundo à nossa volta, desejar a felicidade do
outro e sentir que a felicidade do outro é importante para nós. O sentido da
vida é um campo muito vasto a explorar, as religiões, correntes filosóficas e políticas,
grupos ateístas, dão várias perspetivas sobre o assunto e arrastam multidões
para os seus objetivos coletivos. Há quem acredite que o objetivo da vida é a
felicidade e que essa felicidade não é encontrada em bens materiais, nem nas
outras pessoas, depende única e exclusivamente de um bem-estar interior e de
uma ligação do nosso interior à energia criadora de tudo o que existe. Muitos
são aqueles que têm contribuído para a existência de um mundo melhor, seja
através de descobertas científicas, ou simplesmente prestando auxílio a alguém
que precise de ajuda. Independentemente daquilo em que se acredite o importante
é que a nossa passagem por este planeta não tenha só servido para consumir
alguns dos seus recursos e depositar algumas toneladas de excrementos.
sexta-feira, 3 de julho de 2020
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