quarta-feira, 27 de abril de 2011

PAULA de Isabel Allende







Acabei de ler o livro Paula de Isabel Allende. Achei o livro fantástico e vou partilhar alguns apontamentos sobre o mesmo.

A razão da existência deste livro é a sua filha Paula, que sendo portadora de porfiria, uma doença hereditária adquirida através do seu pai, adoece gravemente e acaba por falecer após um longo período de coma. Este livro foi escrito “ durante horas intermináveis pelos corredores de um hospital em Madrid e num quarto de hotel onde vivi durante vários meses. E também ao lado da sua cama, na nossa casa da Califórnia”

“ Ouve Paula, vou contar-te uma história para que, quando acordares, não te sintas perdida” e assim começa Isabel Allende a contar o seu percurso de vida, de uma forma tão corajosa que expõe os seus erros, desilusões, medos, intimidades, fragilidades e onde fala da sua família, do seu País, da liberdade, da ditadura e das grandes personalidades com quem de alguma forma partilhou alguns momentos.

” A minha vida faz-se ao contá-la e a minha memória fixa- se com a escrita; o que não ponho em palavras no papel o tempo apaga-o”

Enquanto vai falando da sua vida, vai informando o leitor sobre o estado de saúde de Paula e dos esforços que faz para que ela regresse daquele estado de morte aparente. Aceita todo o tipo de ajudas, curandeiros, rezas, espíritas, medicina tradicional etc. Até que chega a um ponto em que diz: “ Já não escrevo para que quando a minha filha acordar não se sinta tão perdida, porque não acordará. Estas páginas não têm destinatário, a Paula nunca poderá lê-las…”

Par terminar um pequeno trecho do livro:

“ Gostaria de voar numa vassoura e dançar com outras bruxas pagãs no bosque à luz do luar, invocando as forças da terra e afugentando demónios, quero converter-me numa velha sábia, aprender antigos encantamentos e segredos de curandeiros. Não é pouco o que eu pretendo. As feiticeiras, tal como os santos, são estrelas solitárias que brilham com luz própria, não dependem de ninguém, por isso carecem de medo e podem lançar-se cegas no abismo com a certeza de que em vez de se destruírem sairão a voar. Podem converter-se em pássaros para ver o mundo de cima ou em vermes para vê-lo por dentro, podem habitar noutras dimensões e viajar para outras galáxias, são navegantes num oceano infinito de consciência e conhecimento”
Paula é um livro que requer muita reflexão é um testemunho de uma mãe que acompanha a morte de uma filha e um autêntico documento autobiográfico com várias lições de vida.