sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Simplesmente mais um Poema


Transcrevo um poema do poeta Carlos Queirós. Um poeta, Infelizmente, pouco divulgado. Embora não corroborando com o pensamento deste poema, gostei muito. A propósito de um comentário: Sim é verdade, às vezes, em vez de sermos nós a lermos o poeta é ele quem nos lê.
POEMA:
Ouvir , outrora, era o bastante
Para sentir, enfim , justificada, a vida
E supor que podia , a partir desse instante
Abrir, impunemente ,ao mundo ,confiante
Minha alma enternecida.
Fitar o teu olhar, era um deslumbramento,
Que me transfigurava e me fazia crer
Que depois de viver, na terra, esse momento
--Sereno, como após o extremo sacramento--,
Já podia morrer.
Premia as tuas mãos nas minhas e dizia,
Com profunda emoção:--É só por ti que existo!
Como foi isto, amor?Do nosso olhar, um dia,
Caiu neve no fogo em que a minha alma ardia...
Amor como foi isto?!
Passas por mim, agora, e nada me insinua
Ser a tua presença o derradeiro elo
Que me prendia à vida.-- E a vida continua!
E tudo ,como outrora, ( o Sol, O Mar A Lua ...)
Mesmo sem ti, é belo!
Como havemos de ter, nos outros, confiança?
Que humano sentimento a nossa fé merece?
De que servem, na vida, os ideais e a esperança
Se o próprio amor,-- como os brinquedos ,em criança--,
Tão cedo, para nós, perde o encanto e esquece?!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Eterno Brincalhão - Neotenia


A minha maturidade tem demorado a aparecer, e embora tenha feito um grande esforço para adquirir aquela seriedade do adulto, abandonando certo tipo de brincadeiras e alterando com muita dificuldade a minha forma de agir, continuo com muita dificuldade em situar-me fora da faixa etária dos dezassete ou dezoito anos. Mesmo sentindo-me muito bem assim, às vezes ficava um pouco preocupado com a situação. Até que li um artigo “A NEOTENIA NA EVOLUÇÃO HUMANA” e fiquei esclarecido sobre o prolongamento da minha juventude a nível mental. Segundo a teoria da biologia evolucionista a Neotenia é a manutenção das características juvenis na idade adulta. Esta teoria é muito engraçada e tem muita lógica. È daquelas teorias que vale a pena explorar. Vou lançar algumas frases ao desbarato só para aguçar a curiosidade dos meus amigos sobre este tema: Atribui-se o sucesso da nossa espécie a um processo evolucionário chamado Neotenia. Ou seja: a manutenção de características infantis na idade adulta. Diferentemente dos outros animais, não paramos de brincar quando crescemos. Adultos os homens dão nomes diferentes a essa brincadeira: chamam-na de arte ou pesquisa, música ou poesia. A evolução dotou o ser humano de estruturas lentas que progressivamente complementam os aspectos físicos. O homem quando nasce é por isso um ser inacabado (Neotenia) não dependendo completamente de si.” “ Para J.G. Herder o bebé humano é o ser mais órfão e desprotegido da natureza. Diferentemente dos animais, que se especializam como uma chave numa fechadura, o homem tem o seu destino aberto. A sua falta de especialização redundou na independência da natureza, o que abre ao homem a possibilidade de auto – determinação, e o torna essencialmente uma criatura social. Inacabados e desprotegidos pela natureza, cabe aos seres humanos completar o seu projecto por si próprios, usando a razão e a reflexão, que só eles têm. “ A capacidade do cérebro aprender é muito maior antes da maturidade estar completa e como a Neotenia significa uma infância estendida há mais hipóteses do cérebro desenvolver-se.” Conclusão: a nossa superioridade em relação aos outros animais deve-se muito a uma infância muito mais prolongada do que as restantes espécies. Eu da minha parte vou tentar ir brincando até ao fim da minha vida, ou seja vou ser sempre neotenico, não vou deixar escapar esta criança que vive no meu cérebro, esta fonte de eterna juventude e que me faz muito feliz. Agora que já conheço a teoria da Neotenia, quando os adultos começarem a chatear-me com frases tipo “ és uma criança do caraças” “ deixa de ser criança, já tens 48 anos” Eu simplesmente vou responder, “ eu não sou criança, sou neotenico” ou quanto muito, uma porra do carago dum neotenico. PS. A partir de agora é que vai ser brincar eheheheheeh

domingo, 11 de outubro de 2009

Uma simples passada

Resolvi descrever os pormenores técnicos de uma passada de corrida. Só que não tinha a ideia que um movimento tão simples e tão natural, fosse tão complicado de descrever. Não consegui o que pretendia, faltam muitos pormenores , como o movimentos dos braços e tronco nas diversas fazes etc etc. De qualquer forma vou colocar o que está feito e tentar ir melhorando o artigo aos poucos.
Analise técnica de uma passada de corrida na fase de velocidade máxima: A passada é normalmente caracterizada por duas fases, uma fase de apoio e uma fase de suspensão. Um dos indicadores utilizados para avaliar o nível técnico de um velocista é durante uma passada analisar a relação existente entre o tempo despendido na fase de apoio e o tempo em que o atleta está na fase de suspensão. Para que a técnica seja adequada, tomamos como referencia 40% do tempo para a fase de apoio e 60% para a fase de suspensão. A fase de apoio tem uma duração que varia entre 80 e 120 milisegundos e nesse curto espaço de tempo, acontecem três acções: apoio à frente (ligeira desaceleração), sustentação e impulsão. A fase de suspensão tem uma duração de cerca de 113 milisegundos. Durante a passada o atleta deve manter o seu centro de gravidade num deslocamento rectilíneo na direcção Antero - posterior minimizando os deslocamentos noutras direcções. Para que exista uma boa técnica é importante o correcto posicionamento dos segmentos articulares do pé, tornozelo, joelho, bacia, tronco, braços e cabeça, no sentido de garantir uma maior rapidez, economia de energia e rendimento óptimo. Passo à descrição da técnica circular, que é a utilizada nas corridas de velocidade lançada:
Fase de apoio : (apoio à frente/ sustentação/ impulsão)
Apoio à frente – Teoricamente o ideal será o pé contactar o chão por baixo do centro de gravidade, na vertical do joelho a fim de evitar a acção de travagem, que sucede quando se efectua o apoio á frente do centro de gravidade. Mas na prática um apoio eficaz situa-se entre 30 a 40 cm à frente da projecção do centro de gravidade e com um ângulo da articulação do joelho que não deve exceder os 165º.Se o apoio realizar-se à frente ou atrás desse ponto diminui a eficácia de perna de impulsão, pois um contacto à frente do ponto óptimo dá origem a uma travagem excessiva, mas se for por detrás reduz o efeito propulsor, impedindo uma impulsão de melhor qualidade. O pé deve efectuar o seu contacto com o chão no seu terço anterior, em flexão dorsal e executar um movimento rápido de cima para baixo e da frente para trás.
Sustentação - Durante o apoio o atleta tenta sustentar o impacto efectuado contra o chão evitando uma flexão muito acentuada nas articulações do tornozelo, joelho e anca. A flexão dessas articulações deve ser só o sufeciente para que os seus músculos se contraiam excentricamente, acumulando energia elástica potencial, a ser utilizada na fase de impulsão.(no momento de flexão máxima, o centro de gravidade não deve baixar mais do que 5 cm)O atleta deve facilitar o avanço do centro de gravidade a uma posição óptima para receber o impulso. Esta fase caracteriza-se pela aproximação dos segmentos; O centro de gravidade está mais baixo devido à flexão do joelho da perna de apoio fica com um ângulo aproximado dos 140º, e está alinhado com pé, enquanto o calcanhar da perna livre está muito alto, quase junto à nádega. O calcanhar da perna de apoio chega a roçar o chão. A bacia encontra-se em retroversão afim de evitar o balanço atrás excessivo e facilitar o movimento de circular da perna livre,
Impulsão - Agora que o centro de gravidade ( a bacia) já se encontra á frente do apoio é o momento óptimo para efectuar-se a impulsão. O corpo encontra-se ligeiramente inclinado à frente formando um ângulo com o chão entre os 75º e 85º.O impulso efectua-se como consequência da tripla extensão das articulações do pé , joelho e bacia, provocada por uma potente contração dos músculos extensores da coxo-femoral ( glúteo maior, semitendinoso, semimembranoso e bíceps crural), do joelho ( recto anterior, vasto lateral,intemédio,medial e sartório) e do tornozelo ( gastrocnêmios lateral e medial , solear)No instante da impulsão o ângulo do joelho varia entre os 168º e os 172º. Coincidindo com a extensão da perna de impulso, o joelho da perna livre faz um movimento para a frente para cima e para a frente.
Fase aérea ou de suspensão:
Como consequência do impulso acontece a fase de suspensão. Esta fase depende de vários factores como: do ângulo em que o atleta sai da fase de impulsão, da força dos músculos que intervêm no impulso, da inércia que o atleta tenha nessa fase da corrida, da acção de balanço da perna livre e do movimento dos braços. Dado a que a velocidade decresce neste momento, procura-se que a elevação do centro de gravidade em relação ao chão não seja excessiva, incidindo mais na componente horizontal. Neste momento a perna que vai à frente tem o joelho alto e efectua um movimento forte para a frente ajudando na impulsão e dando espaço à perna que fez a impulsão fazer uma recuperação com rapidez . ( no que eu me fui meter eheheheh)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Confusão





Um Poema de Fernanda de Castro, adequado a quem como eu procura explicações:

Se tudo quanto Existe....
é lenta evolução,
longa transformação
sem Deus e sem mistério;
se tudo no Universo tem sentido
sem o sopro divino;
se o segredo da vida, a criação,
se explica pela ciência,
e a corrente vital
é também consequência;
se a humana consciência
é simple equação....
- que significa a vocação do eterno,
que quer dizer a aspiração do Céu
e o terror do inferno?
E se acaso é o instinto a lei da vida,
se a verdade
é só necessidade
inexorável, lenta, laboriosa,
que sábia explicação
tem esta frágil, esta inútil rosa?

Fernanda de Castro, In " Asa do Espaço"

domingo, 4 de outubro de 2009

Abdominais - um pequeno alerta ...




Vou escrever sobre o exercício mais básico para os músculos abdominais. É um exercício que quase toda a gente já fez. Vou descrever o exercício da forma como normalmente é feito: deitado com as costas no chão (decúbito dorsal) pernas flexionadas e sola dos pés assentos no chão. Muitas vezes os pés são fixados num espaldar ou por algum colega. O atleta faz uma flexão abdominal tocando com o peito nas pernas (por vezes este exercício é cronometrado durante 1 minuto, para saber quantas repetições é capaz de fazer e assim avaliar a sua condição física abdominal). Frequentemente sou questionado pelos meus atletas, sobre a forma mais correcta da execução deste exercício, pelo que vou tentar transmitir o que eu sei, sobre o mesmo. É claro que não vou abordar as origens e inserções dos músculos nem todas as suas funções, tentarei ser o mais sucinto possível. Os músculos da parede Antero-lateral do abdómen, vulgarmente chamados de abdominais são o Grande Recto, (principal flexor do tronco) Grande Oblíquo, Pequeno Oblíquo (funções de rotação, inclinação lateral e estabilidade durante o exercício abdominal) e transverso (preferencialmente estabilizador da coluna lombar). Estes músculos em relação ao movimento têm como principal função flexionar o tronco. Sendo assim, a base de qualquer exercício abdominal deve ser o acto de flexionar o tronco. Simples? Claro que sim. Mas a forma como é executado o exercício pode acarretar alguns problemas. Vou mencionar os principais erros cometidos neste exercício e as respectivas correcções. 1º Erro: Colocar as mãos por detrás da cabeça, forçando os músculos do pescoço (esternocleidomastoideu e escalenos) podendo provocar lesões na cervical. Correcção: As mãos devem estar encostadas lateralmente na cabeça sem fazer força, mas também podem ficar cruzadas junto ao peito ou estendidas junto ao chão ou entre as pernas.2º Erro: Tentar tocar com o peito ou os cotovelos nas pernas. Correcção: O tronco não deve subir mais do que 45º pois a partir desse ponto o movimento passa a ser realizado pelos flexores da bacia (psoas ilíaco), a zona lombar deixa de estar em contacto com o chão e o risco de lesão da coluna lombar aumenta. Além do mais o que se pretende com o trabalho abdominal é o encurtamento destes músculos, pelo que os mesmos devem ser trabalhados com movimentos de pouca amplitude 3º Erro: Trabalhar com velocidades de execução muito rápidas e balanços. Correcção: O movimento deve ser lento e controlado e com os abdominais sempre em contracção, na fase excêntrica do movimento (descida) os ombros não devem tocar no chão.4º Erro: Bloquear a respiração. Correcção: Os músculos abdominais são músculos expiratórios (participam na expiração forçada) por isso devemos inspirar no inicio do exercício e expirarmos tanto na fase concêntrica como na fase excêntrica, assim contribuímos para reforçar a sua contracção.5º Erro: Variantes com pernas esticadas. Todos os exercícios abdominais, executados em decúbito dorsal longo ( pernas esticadas) são maus. Neste tipo de exercícios o músculo psoas que é um flexor da bacia, passa a exercer uma função contrária, deixando de ser flexor da bacia para funcionar como hiperextensor da coluna lombar, este movimento é conhecido como “ paradoxo do psoas”.Ou seja, puxa a bacia para trás provocando uma anteversão da mesma e tem como consequência um aumento da lordose lombar. A minha sugestão para a execução deste exercício é: Em decúbito dorsal, membros inferiores em flexão, joelhos a 90º, mãos colocadas lateralmente na cabeça, efectuar os movimentos de forma a que a zona lombar fique sempre apoiada no chão e a bacia em retroversão. Na fase concêntrica elevar só a zona cervical e na fase excêntrica não tocar com os ombros no chão. Fazer sempre a inspiração no inicio do movimento e a expiração durante a execução do mesmo. PS agradeço sugestões para melhorar este artigo

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ânimo
















Quando o ânimo anda por baixo e para quem não tem fé nas orações, não há nada como ler um bom Poema.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas

Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas

Sophia de Mello Breyner Andresen