Tinha o nome de “Conversas Vadias” e foi um programa
histórico passado na RTP em 1990, onde grandes personalidades do jornalismo
português entrevistaram e debateram vários temas com o Professor, filósofo e
ensaísta português Agostinho da Silva. É meu intuito, através destas breves
palavras escritas, relembrar a existência deste vulto da cultura portuguesa e
quem sabe, aguçar a curiosidade a quem não o conheça e acicatar o descobrir
desta personalidade. Todos os programas de “Conversas Vadias” estão no youtube e podem facilmente ser
visualizadas. Agostinho da Silva, falecido em 1994, foi um homem com uma visão
profética. Desafiava as pessoas s serem aquilo para que nasceram e, não viverem sendo no que a sociedade as tornou. Foi um
critico do actual modelo de ensino por achar que o mesmo cerceava a
criatividade dos alunos e, onde grassavam conteúdos sem interesse prático para
a vida. Defendia que o proliferar da tecnologia iria permitir mais horas livres
para o ser humano, que por sua vez iria viver mais anos e a escola deveria
preparar os alunos para esta nova realidade. Nas suas “Conversas Vadias”
incentivava as pessoas a extraírem algo de positivo mesmo das
situações mais adversas, pois, podia ser que fosse a vida a colocar essas
situações, que ao serem ultrapassadas levariam a uma evolução da pessoa em
questão “ não devemos dizer que a vida é
negativa e ficar presos a essa ideia, mas procurar outras soluções. Podemos ser
uma pedra a recusar o cinzel do escultor que nos quer tornar menos pedra e mais
estátua.” Quando lhe perguntaram; O que é que acontece nas situações em que
não conseguimos ultrapassar essas dificuldades? de pronto respondeu:” Pode ser que a vida seja mais inteligente do
que nós, nos faça sinais, supondo que nós somos tão inteligentes como ela e,
nós depois apresentemos soluções que afinal não são as mais correctas e
pretendidas por ela” O filósofo não gostava de dividir as pessoas entre as
que têm qualidades e as que têm defeitos. “ Em
vez disso deveríamos dizer que as pessoa têm determinadas características,
porque ao longo dos anos temos verificado que muitas vezes do que chamamos
defeitos saíram grandes obras e são as qualidades que muitas vezes às abatem.”
Abordar a obra de Agostinho da Silva pode ser importante incentivo a tudo
questionarmos, desenvolvermos uma opinião própria e não nos deixarmos
manipular. As novas tecnologias de informação estão a ser utilizadas de uma
forma muito agressiva, por vários agentes económicos, políticos e religiosos,
sendo muito importante a capacidade para filtrar toda essa informação,
utilizado somente a parte útil dessa informação. O filósofo, depois das suas
divagações, costumava dizer: “Mas esqueça
tudo isto que lhe estou a dizer, nunca pense por mim, pense sempre por você;
valem mais todos os erros que forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do
que todos os acertos, se eles foram meus e não seus. Se o criador o tivesse
querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas
cabeças também distintas”.Também dizia que : “Os
meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois
da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe
pertence. São meus discípulos, se algum tenho, os que estão contra mim; porque
esses guardam no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais
desejaria transmiti-lhe: a de não se conformarem”. Acabo transcrevendo uma
frase que li algures: “ A mente que se
abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
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