terça-feira, 5 de abril de 2016

Livro - As Flores de Lótus

Usando como tela, Portugal, Rússia, China e Japão o escritor projectou a vivência de quatro famílias num percurso onde podemos observar cidades como: Tóqui no Japão, Irkutsk na Russia, Changsha na China e Lisboa em Portugal. É através do narrador de nome Artur, que o autor relembra algumas das grandes transformações políticas e sociais que aconteceram no mundo no final do século XIX e princípio do século XX. Além dos países anteriormente mencionados e por motivos históricos também passam pelas páginas deste romance, a Itália de Mussolini e o seu partido nacional fascista, a Espanha de Primo Rivera fundador da União Patriótica e que inspirou a União Nacional em Portugal, a Alemanha e a França.
O principal foco do romance é dirigido para quatro situações:1) A ascensão ao poder de Mao Tse –Tung na China 2) A forma como Estaline implementou o seu sistema político na Rússia 3) Da queda da monarquia até entrada de Salazar no governo português 4)A sociedade japonesa e a aversão da mesma em relação aos ocidentais.
Grandes pensadores e filósofos também fazem parte deste romance. Hegel, Maquiavel, Engels e Marx, Sócrates, Platão, Aristóteles, Rosseau e Confúcio são mencionados.
É um romance que por certeza não agrada a quem é comunista, nele está explícito a crueldade que esses regimes impuseram às populações. Também podemos verificar ao longo das histórias contadas que tanto o comunismo como o fascismo enquanto regimes totalitários provêem da mesma base filosófica.O Diálogo de Salazar com Carmona, os argumentos de Salazar ao Capitão Artur Teixeira para não aceitar a pasta das finanças, a forma como é apresentada a cultura chinesa e japonesa, está tudo muito bem conseguido. É um livro que se lê rapidamente como todos os livros do José Rodrigo dos Santos.
Aconselho a leitura fundamentalmente àqueles que como eu já leram os livros anteriormente publicados por este autor. Para quem quer iniciar a leitura das obras deste autor, aconselho que deve começar por ler “A Filha do Capitão”.

Na minha opinião, José Rodrigues dos Santos continua a escrever como jornalista, sempre com a preocupação de dar informação e transmitir conhecimento. Nos seus romances sente- se a falta da adjectivação e dos advérbios que nos conseguem dar aquela sensação de visualização e despertar a imaginação. Recorre pouco aos estilos linguísticos como a hipálage, sinestesia, aliteração e tem pouca ironia. Vou aguardar a continuação deste romance que é “O Pavilhão Púrpura”, para ver se é tão interessante como “As Flores De Lótus” mas um pouco menos pragmático e com uma escrita mais burilada. 

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