quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ressureição de Lev Tolstói





Acabei de ler o magnífico romance “Ressurreição” de Lev Tolstói, não tem em minha opinião, a grandeza de “Anna Karenina”, aliás, nem sei se existe algum romance com a sua grandeza, mas por ser o seu último romance e nele transmitir muito da sua filosofia de vida, que aliás, pôs em prática, é uma obra incontornável para quem gosta de ler Tolstói.

Utilizando como protagonistas o príncipe Russo Nekhliúdov e uma jovem empregada doméstica Maslova, Tolstoi constrói uma narrativa onde faz uma crítica à vida social da Rússia czarista dos finais do século XIX e uma crítica sarcástica às injustiças sociais, ao sistema judicial e ao regime Russo vigente.

A hipocrisia das pessoas que abdicam dos seus princípios morais em troca de cargos governamentais e favorecimentos para poderem circular na alta sociedade, são também alvos de uma crítica muito forte. Nota-se ao longo do romance que o escritor não corrobora com a subserviência e através de várias personagens, incentiva as pessoas a terem um pensamento próprio e a respeitarem tudo o que às circunda. A água, a terra e o ar não deveriam ter dono, pois pertencem a toda a humanidade.
De seguida coloco alguns excertos do muito que sublinhei neste romance:


“ Estavam em alegria as plantas, os pássaros, os insectos e as crianças. As pessoas porém, as pessoas grandes, adultas, não deixavam de se enganar e de se magoar, a elas mesmas e aos outros. Achavam elas que o sagrado e importante não era a manhã primaveril nem a beleza do mundo de Deus concedida para o bem de todas as criaturas, beleza que predispunha à paz, à concórdia e ao amor, mas que o sagrado e importante era o que elas próprias tinham inventado para ganharem poder umas sobre as outras”

“ Se precisares de mim, toma-me. Se não precisares passa. Ao passo que a outra finge que não pensa nisso, que vive uns quaisquer sentimentos sublimes, requintados, mas no fundo é a mesma coisa. Esta pelo menos, é sincera, a outra mente”

“ Esta mulher da rua é água suja e fedorenta que se oferece àqueles para quem a sede supera a repugnância; a outra, no teatro, é um veneno que, imperceptivelmente, contamina tudo onde cai”

“ Todas as pessoas vivem e agem, em parte, de acordo com as suas próprias ideias, e em parte de acordo com as ideias dos outros. Na medida em que as pessoas vivem mais em conformidade com as suas ideias ou em conformidade com as ideias dos outros consiste uma das maiores diferenças entre elas”

“ Quando se reconhece que há coisas mais importantes do que o humanismo, sejam quais forem, nem que seja apenas durante uma hora e num caso excepcional, será sempre possível que cometamos crimes contra os seres humanos e não nos consideremos culpados”

“ O mesmo se passa relativamente às pessoas. E não poderia ser de outro modo, porque o amor recíproco entre as pessoas é a lei fundamental da vida humana”…….

“ Se não sentires amor pelas pessoas, fica quieto ----- pensava Nekhliúdov, dirigindo-se a si mesmo, trata de ti, dos teus haveres, do que quiseres, mas não das outras pessoas.”

1 comentário:

  1. Mais um livro do magnífico Tolstoi para eu ler. Acredita que ainda não acabei de ler Anna Karienina? Último ano da faculdade, não há tempo para literatura que não seja do curso... Mas em breve chegam as férias e eu vou terminar.

    Um abração.

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