Acredito na
transformação da humanidade até um nível de purificação, em que tudo e todos
viverão em harmonia. Que a humanidade evoluirá em conhecimento de tal forma que
implementará no mundo uma era de espiritualidade, onde imperará a paz gloriosa
e a felicidade. Acreditando nestes pressupostos, não poderei desassociar do
caminho a percorrer, a filosofia, a democracia e a poesia. A filosofia porque é
a busca incessante da sabedoria, a democracia porque permite o debate livre das
ideias e a poesia, que por ser a voz da alma e que melhor exprime o sentimento
humano. O Poeta é um sonhador, um idealista, um criativo. Agostinho da Silva
dizia: “todo o homem nasce poeta e
deveria viver de tal maneira e proceder de tal forma que um dia quando
morresse, se pudesse dizer: morreu um poema”. A poesia brota do âmago e
expressa os sentimentos, vai a lugares nunca vistos, mergulha no irreal e torna-o
realidade. O pensamento poético é uma criação divina, que usa o poeta para se
manifestar. A poesia não deve ser reprimida nem envergonhada. Como escreveu Ary
dos Santos: “Serei tudo o que disserem!
Poeta castrado, não!”. O que é ser poeta? Para F. Pessoa: “O poeta é um fingidor. Finge tão
completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente”. Para
F.B. Espanca:” Ser poeta é ser mais alto,
é ser maior do que os homens”. Ser poeta é viver sendo aquilo que se quer
ser, é lembrar aos homens que todos são uma exceção, que não há alguém no mundo
que seja igual, nem física ,nem emocionalmente e que tudo deveria ser uma
exceção adaptada à excecionalidade que cada ser é. Ser poeta é lembrar aos
homens que todos podem ser felizes, cada um fazendo aquilo que mais gosta, que o
amor é capaz de acabar com qualquer tipo de mal. Ser poeta é acreditar na “Ilha
dos amores “de Camões, no “Quinto Império” de Vieira, em Isaías 11:6-9, na “
Sétima idade” de Fernão Lopes. Ser poeta é ensinar aos homens” A Pedra
Filosofal” de Gedeão “…o sonho é uma
constante da vida, tão concreta e definida, como outra coisa qualquer ..… o
sonho comanda a vida…”. Todo o homem nasce poeta, mas a maior parte está
hipnotizada por um género de encantador de serpentes, que os mantém
amordaçados, uns com o olhar fixo na sobrevivência, outros com o olhar fixo na
gula e na luxúria. Mas o pensamento poético um dia irá sobrepor-se a tudo e
conduzirá o homem à fraternidade. P. Neruda escreveu: “… quero viver num mundo em que os seres sejam simplesmente humanos,
sem mais títulos além desse. Sem trazer na cabeça uma regra, uma palavra
rígida, um rótulo.” Eu sei que sou um ser quimérico e tal qual C. Lispector
“Não quero a terrível limitação do que
vive apenas do que é possível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade
inventada”. Ou como E. Galeano explicou a utopia, dizendo que ela estava lá
no horizonte e, que sempre que caminhava em sua direção ela afastava-se, ele
continuava a caminhar em sua direção e ela sempre se afastando, acaba
concluindo: A utopia serve para isso mesmo, para eu não deixar de caminhar.
Sonhemos sempre e sejamos o poema para que fomos criados.
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