sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Dr. Fausto

O nome Fausto está ligado a algumas das grandes obras literárias, musicais e de pintura. Consta que Fausto era uma pessoa sedenta de conhecimento o que o levou a estudar medicina, alquimia, astrologia e magia. Também se diz que tinha os dons da adivinhação e charlatinice, qualidades estas que fizeram dele um homem muito rico. Fausto era alemão e tornou-se muito conhecido ao percorrer várias localidades da Alemanha fazendo curas e prevendo o futuro. Von D Johann Faosten (Fausto) viveu entre 1480 e 1540 na transição da idade média para a idade moderna, período onde grassava o misticismo. Os seus prodígios e o facto de Fausto não ser um homem temente a Deus, ajudou na criação da lenda de ter vendido a alma a Mefistófeles (diabo) a troco dos poderes sobrenaturais que dispunha. A lenda de Fausto atinge o seu apogeu e uma dimensão mundial na obra” Dr. Fausto” do grande poeta e escritor alemão Goethe. Mais tarde, Thomas Mann prémio nobel da literatura escreveu uma das suas maiores obras “Dr. Fausto” sobre o mesmo tema. Nesta obra, Thomas Mann conta a história de um individuo que faz um pacto com o diabo para conseguir com a sua ajuda cumprir todos os seus desejos, em troca, o diabo proíbe essa personagem de amar. Este romance que começou a ser escrito em 1943 e foi publicado em 1947, é uma analogia ao povo alemão que fez um pacto com Hitler (diabo) ficando incapaz de amar (amor cristão) em troca do domínio do mundo e criação de uma raça pura. Mas o que será que leva tantos escritores a se dedicarem a esta barganha Faustiana de “Vender a alma ao diabo”. Provavelmente é o paradoxo humano de trocar o bem pelo mal. A obra continua atual, pois os pactários que negoceiam o seu caráter numa busca egoísta pelo dinheiro e fama proliferam cada vez mais na nossa sociedade. A frase “vão-se os anéis, mas ficam os dedos” para muitos deixou de fazer sentido, parece preferirem perder os dedos, mas ficar com os anéis. O conceito de uma vida após a morte, a conquista do paraíso, do céu ou a infelicidade do inferno, não faz parte da sociedade atual, o futuro passou a ser simplesmente o agora (Carpe diem). Então como viver no pouco tempo de vida que temos? Criou-se a ideia de consumo fácil e rápido e de que quanto mais se consumir mais felizes seremos. Este tipo de felicidade tem criado uma sociedade depressiva. O hedonismo regressou em força, esta filosofia que coloca o prazer como o bem supremo da vida está de volta, não o hedonismo mais moderado de Epicuro, mas o mais radical, o do seu fundador Aristipo. Para contrariar estes excessos está a emergir, ainda que de forma envergonhada, o Minimalismo uma opção de vida que sem prescindir de uma boa qualidade de vida e conforto incentiva as pessoas a se libertarem dos excessos, abdicar de bens materiais que não têm um propósito, colocando a sustentabilidade no centro das nossas vidas. Não deixemos um rasto de destruição e dor na busca egoísta de uma suposta felicidade, até porque a velha pergunta filosófica: A felicidade existe? Nunca teve uma resposta concreta. Não vale a pena vender a alma ao diabo.

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