sexta-feira, 23 de abril de 2010

Portugal foi campeão do Mundo em atletismo


Portugal foi campeão do Mundo de atletismo em Pista Coberta. Saiu vencedor nos sectores Feminino e Masculino, numa competição para atletas portadores de deficiência intelectual. Este campeonato designado por ” Indoor World Championships “ ou “ 6º Campeonato do Mundo de Pista Coberta INAS-FID” foi realizado em Bollnäs na Suécia. Terei de começar por dizer que tive o privilégio de pertencer à equipa técnica que acompanhou os nossos atletas na obtenção destes resultados de excelência. É de facto mais um grande feito de um País, que embora pequeno, sempre foi habituado a grandes êxitos. Portugal conquistou 15 medalhas, 5 de ouro, 5 de prata e 5 de bronze.
Findo o Campeonato, é tempo de reflexão! Vou aproveitar o blogue para tecer alguns comentários, com o objectivo de contribuir para uma melhor imagem da deficiência intelectual. Começo por elogiar a Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual (ANNDI), e toda a sua direcção, pelo excelente trabalho desenvolvido nesta área (aconselho vivamente a consulta ao seu site http://www.anddi.pt/).
Mas vou fazer umas referências especiais: Eng.º Costa Pereira que com a sua capacidade de mobilização, experiencia como técnico e dirigente é sem sombra de dúvidas o grande responsável pelos êxitos obtidos no atletismo.
Quando uma equipa é campeã do Mundo, todos tiveram que ter um contributo positivo, mas não posso deixar de referir as prestação de Inês Fernandes no lançamento do peso, Pedro Isidro na Marcha, Lenine cunha no triplo salto e pentatlo, medalhas de ouro em provas individuais, com marcas de bom nível.
Mas na deficiência intelectual, nem tudo são medalhas de ouro, como poderemos constatar no restante deste texto. Muita gente perguntará, o que é um atleta portador de deficiência intelectual? Um portador de deficiência intelectual tem, como qualquer outra pessoa, dificuldades em algumas situações, mas também tem potencialidades. Por isso, é importante reforçar e propiciar o desenvolvimento dessas potencialidades e facultar o apoio necessário de forma a minimizar as dificuldades.
A falta de informação, que leva algumas pessoas a confundir deficiência intelectual com a doença mental, e alguns preconceitos sociais, são provavelmente os dois factores que mais contribuem para o isolamento (infelicidade), de muitos portadores desta deficiência.
Nas deficiências, motora, paralisia cerebral, invisual ou síndrome de down, onde a deficiência é visível, normalmente existe maior receptividade por parte dos familiares, para autorizarem a prática desportiva aos portadores da deficiência. Não obstante, ainda existem muitas famílias que tentam manter estes indivíduos escondidos.
No caso da deficiência intelectual, onde normalmente não existem factores físicos visíveis da deficiência e que muitas vezes só são detectados através do insucesso escolar, ou em testes psicotécnicos, a situação muda de figura. Os pais não gostam de ver os filhos conotados com esta deficiência, porque pode ter repercussões negativas nas suas vidas.
Embora não seja habitual os pais levantarem objecções quando a nível escolar é proposto a integração dos filhos em turmas especiais, possibilitando assim, a formação escolar mínima, já em relação à prática desportiva a receptividade não é a mesma. A exposição dos resultados desportivos através dos órgãos de comunicação social, a visibilidade das competições, difere em muito dos resultados escolares que são entregues ao encarregado de educação de forma sigilosa, e das aulas, ministradas numa sala igual a tantas outras, integradas numa escola normal, que não deixa transparecer qualquer tipo de deficiência do filho.
Mas os pais que procedem desta forma( embora seja compreensível) estão enganados, pois uma prática desportiva adaptada, tem uma função importante a vários níveis: É uma forma destes indivíduos, demonstrarem a si próprio e à sociedade as suas capacidades. Muitas vezes, quando integrados em competições com os “ ditos normais” acabam por superar grande parte destes.
A prática desportiva também contribui de forma decisiva para uma melhor imagem física. Vários estudiosos desta área, referem benefícios provenientes da prática desportiva como: o domínio do gesto que conduz a um aumento de autoconfiança, redução da ansiedade e melhoria da comunicação. Também contribui de forma significativa para o desenvolvimento da autonomia e da reintegração social.
Enfim, um sem numero de benefícios que a prática desportiva pode dar. Os pais ao afastarem o filho, daqueles que partilham as mesmas dificuldades, pensam que estão a colocar a sua “árvore” ao meio de uma floresta. Eu penso que estão enganados, essa “árvore” cada vez fica mais isolada. Porque uma Palmeira ao meio de mil Carvalhos será sempre uma palmeira isolada e alvo de atenção, mas uma Palmeira ao meio de mil Palmeiras, será uma igual a tantas outras.

3 comentários:

  1. Parabéns a Portugal! =)
    Você trabalha com esportes, ao que parece. O que faz exatamente? (Se me perdoa pela indiscrição, hehe.)

    Parabéns também pelas considerações feitas depois. Importante esclarecer e incentivar.

    Abraço.

    ResponderEliminar
  2. Olá Sarah, fico agradecido pelos parabéns a Portugal.Sou treinador de atletismo,trabalho com atletas Federados(os ditos normais)e com atletas da deficiência visual e intelectual.Mas esta não é a minha principal profissão, embora seja a que gosto mais.Quanto à indiscrição,tudo o que eu sou e penso está escrito no blogue.Por isso... ehehehe
    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Ao treinador,excelente trabalho!!parabÊns pelo empenho e determinação, pela meta, pelas horas, pelo coração, pela entrega,aos atletas, parabêns pela grande meta,pelo sucesso merecido,PARABÊNS!!vcs são o orgulho de muitos e mais uma vez mostraram que realmente são especiais!

    ResponderEliminar

Comentários...