Falar sobre o mistério da criação
e a origem do universo é uma grande ousadia. A curiosidade sobre o início de
tudo e a razão da nossa existência é ancestral. É claro que são perguntas
irrespondíveis, embora religiosos e cientistas teimem em dar respostas. O
clérigo do alto do púlpito e de bíblia na mão, brota sapiência explicando aos
fiéis como Deus criou o mundo em seis dias: “No princípio Deus criou o céu e
a terra, depois criou a luz e viu que a luz era boa e separou a luz das trevas
e chamou dia à luz e à noite trevas”. Fala de como se processou a criação
até ao final do sexto dia e também diz que ao sétimo dia Deus descansou. Desse
púlpito ecoam longos sermões, onde se explica o que é que o criador pretende da
criatura e também se fala do fim do mundo, onde haverá um julgamento em que os
bons herdarão uma vida eterna plena de felicidade e os maus serão deitados num
lago que arde com fogo e enxofre. O cientista tão bom palestrante como o
clérigo, embora sem bíblia, mas com PowerPoint, emana a sua
sabedoria pelos auditórios. Para ele, o universo em vez dos seis dias do
clérigo, levou biliões de anos a ser criado. Há 13,7 biliões de anos existia um
ponto com uma concentração inimaginável de energia, esse ponto explodiu (Big
Bang) e deu origem ao universo. Formaram-se as galáxias, as estrelas, os
planetas e as luas. O nosso planeta teve origem há cerca de 4,6 biliões de
anos. Nele surgiram as moléculas precursoras da vida que se desenvolveram no
fundo mar em regiões de água aquecida pela lava de erupções vulcânicas. Ao
longo de milhões de anos essas moléculas foram-se desenvolvendo
transformaram-se em células e deram origem às várias formas de vida que hoje
conhecemos. Umas ficaram no mar e nasceram-lhes barbatanas, outras decidiram
voar e nasceram asas, a quem quis ficar pela terra apareceram pernas. Ao
contrário do clérigo, para o cientista não haverá final feliz para quem é bom,
a galáxia onde vivemos chamada Via láctea, daqui a 4,5 milhões de anos
desaparecerá ao colidir com outra galáxia chamada de Andrómeda. Como dizia
Ariano Suassuna “é preciso de ter mais fé para acreditar na história das
moléculas do que para acreditar na de Adão e Eva”. É claro que clérigos e
cientistas não sabem nada sobre como tudo aconteceu e a razão porque existimos.
Os cientistas não dizem como é que se criou essa bola que depois explodiu, nem
os clérigos dizem o que é que Deus fazia antes de criar o Universo. Também
temos a teoria evolucionista que diz que o homem, os chimpanzés e gorilas
proveem de um antepassado comum que viveu há mais de seis milhões de anos em
algum lugar da Africa. A diferença intelectual do humano para qualquer outra
espécie é abismal, e citando novamente Ariano “eu nem falo na Nona Sifónia
nem na Divina Comédia para não ofender os macacos”. Não simpatizo com
religiões, mas acredito na espiritualidade. Viver sem Deus para mim seria
insuportável. Existem fenómenos paranormais como caso de reencarnação das irmãs
gêmeas Pollock, estudados pela ciência, e outras situações que me fazem acreditar
que somos muito mais que um simples aglomerado de átomos. Ao que tudo criou,
chamo Energia Criadora, evito chamar Deus, para não ser confundido com
os Deuses Gregos, Egípcios e por aí fora. Não faço questão de saber como tudo
surgiu, isso para mim é um mistério. Tento viver o milagre da vida o melhor
possível, e todos os dias dou graças a essa Energia Criadora, que me fez nascer
nesta bela terra e à boa vida que tem proporcionado.
Adriano Gonçalves
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