quarta-feira, 17 de junho de 2009

Treino funcional e propriocepção ???



Embora o agora tão falado treino funcional,(muito em voga nos ginásios) esteja mais direccionado para uma população com hábitos de prática desportiva não competitiva, e tenha como principal objectivo preparar essas pessoas para as actividades do dia a dia através de exercícios com transferência para essas actividades.Os princípios que regem este tipo de treino, já são utizados no atletismo há décadas.O mesmo se passa com o treino proprioceptivo.

Este meu artigo, como os anteriores, é dirigido a treinadores principiantes,razão pela qual vou utilizar uma linguagem que seja simples e compreensivel.Penso que este artigo e o anterior em que falo do reflexo miotático e o reflexo miotático inverso, são suficientes para dar a um principiante umas luzes sobre alguns dos mecanismos que eu considero importantes na área do treino da velocidade.

Se nos colocarmos em pé, sobre uma perna e fecharmos os olhos, ficamos logo com alguns desequilíbrios e com a sensação que vamos cair. Durante o exercício o corpo vai balançando para os lados, para a frente e para trás, procurando ficar estável.Nesta situação entram em acção os proprioceptores que estão localizados nos tendões, músculos e ligamentos e têm como função informar o córtex cerebral dos movimentos, tensões, pressões ou distensões das várias partes do corpo para que o cérebro decida como reagir e manter o equilíbrio.
Esta tentativa de manter o equilíbrio é usar a propriocepção, sabermos onde está cada parte do nosso corpo no espaço, em cada momento.
Se fizermos este exercício com regularidade notamos que ao fim de algum tempo conseguimos estabilizar o corpo com muito mais facilidade e mais rapidamente.
Ou seja, a informação dos proprioceptores e a resposta ás solicitações passa a ser mais rápida e eficaz. Então podemos concluir que este mecanismo é treinável.

Seguindo o raciocínio, se sobre um apoio e numa situação de parado a propriocepção tem uma importância tão grande é natural que numa corrida de velocidade essa importância ainda se torne mais relevante. Pois na corrida, o atleta executa uma série de acções das quais passo a descrever as mais importantes:

Fase de apoio: onde há em primeiro lugar uma desaceleração (apoio à frente) e depois uma aceleração (impulsão).

Fase de voo( suspensão): em que a perna livre executa um balanço e depois estende-se para o contacto com o solo (balanço), e a perna de impulsão flecte rapidamente (recuperação).

Em todas estas fases o atleta tem que manter o equilíbrio,uma postura correcta, boa coordenação e um grande relaxamento, evitando ao máximo movimentos parasitas. Se o mecanismo de propriocepção estiver bem preparado, em todas estas fases o atleta vai reagir mais rapidamente, não precisando de despender muita energia para manter o equilíbrio e como resultado a corrida será mais eficiente e ele correrá mais rápido.

“ Desenvolvendo a propriocepção, melhoramos a consciência corporal e a postura, o que facilita a biomecânica da corrida e a torna mais eficiente”

Para este tipo de trabalho utilizo vários exercícios, embora nunca utilize mais do que um numa sessão de treino.

Dando um exemplo de um exercício:

Em decúbito ventral, posição de flexão de braços, elevar e estender o braço direito, elevar a perna esquerda. Tentar aguentar a posição 45 segundos, depois fazer o mesmo com o outro braço e perna.
Neste exercício trabalhamos a propriocepção, é um exercício postural, de força resistência, trabalha os músculos estabilizadores, etc. Ou seja, é um exercício muito completo onde trabalhamos vários objectivos ao mesmo tempo.
Também podemos usar bolas suíças, pranchas de equilíbrio, caixas com diferentes alturas para trabalhar o ciclo de alongamento / encurtamento, exercícios de halterofilia adapatados etc.

Para finalizar vou colocar algumas definições de treino funcional:

“ Um exercício funcional é aquele que proporciona algum grau de transferência para o objectivo que esteve na sua origem” Juan Carlos Santana

"O treino funcional engloba uma abordagem multidisciplinar ao treino” Juan Carlos Santana

"O exercício é mais funcional quando o perfil biomotor se aproxima da competência em falta no corpo do atleta ou quando se assemelha à tarefa para o qual se está a ser treinado” Instituto C.H.E.K.

Como todo este treino é integrado na programação especifica da disciplina e se funcionar (eheheh), podemos dizer que é treino funcional integrado.

É claro que não utilizo nenhum destes termos no meu planeamento, mas como estão na moda é só para tentar dar uma explicação.

Não sei se consegui, ou se o que escrevi está correcto, mas ao pesquisar para escrever este artigo, aprendi mais umas coisas.

1 comentário:

  1. Muito bem corrigido.
    Já agora, porque não explicas o porquê da tua "rotura" (pontual, especial e merecida, eu sei), no para já inesquecível dia 17Jun09?
    Um "nadichinha" de vaidade, fica-te muito bem, para além de ser merecida.
    Um Abraço, LUVA BRANCA

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