terça-feira, 23 de março de 2010

Cartas e bilhetinhos de amor com um pouco de humor



Eu nunca escrevi cartas nem bilhetinhos de amor, ou se escrevi,pelo menos nunca entreguei. Talvez porque achasse ridículo.Sempre fui uma pessoa de falar olhos nos olhos.Mas pelo que parece, havia muita gente que gostava de escrever cartas de amor,escreviam tantas, que ás vezes o carteiro acabava por ficar com a namorada. eheheh. Existe um poema escrito por Fernando Pessoa com o heterónimo de Álvaro de Campos,que retrata muito bem as cartas cartas de amor e que passo a transcrever:


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21-10-1935

Hoje vou escrever um bilhetinho de amor , bastante ridículo, dirigido a Ninguém.Porque sempre gostei muito de Ninguém e até hoje nunca lhe escrevi nem disse nada.

bilhetinho de amor para Ninguém


Os teus olhos são o espelho, onde eu gosto de me ver

O teu corpo , a escultura , que eu gosto de admirar

O teu sorriso, o luar, que faz as noites belas

A tua presença, o sol para me bronzear



A tua voz lembra-me, que o amor existe

O teu rosto faz-me pensar

Gostar de ti é triste

Porque nunca te poderei tocar



Ás vezes és o samba alegre

Outras o triste fado

o teu som, são melodias

Que me mantêm acordado



José Adriano Gonçalves

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