sexta-feira, 20 de março de 2015

Tertúlia do sábado à tarde



 Nas tertúlias do sábado à tarde, quando no emaranhado das conversas, surge algo sobre a sustentabilidade do planeta “ temos o caldo entornado”. Os três R´s, da sustentabilidade; reduzir o consumo, reutilizar dando novas utilidades às coisas que já não necessitamos e reciclar para diminuir a quantidade de resíduos que vão para as lixeiras, poupando também na utilização de matérias-primas, permitem um vasto leque de opiniões que uma longa tarde de conversa por vezes não é suficiente para provocar consensos.

 Frases simples como: Devemos ter práticas que estabeleçam uma relação de harmonia entre o que consumimos e o meio ambiente ou, como alguém já escreveu; “ambiente limpo não é o que mais limpa, mas o que menos suja” por mais incrível que pareça não são consensuais.

 Neste tema a pessoa mais interventiva do grupo e a quem vou dar o nome fictício de Manuela recusa-se a fazer reciclagem e por mais que eu tente argumentar sobre os benefícios desta prática existe sempre um contra-argumento.

 A Manuela não faz reciclagem porque lá no condomínio onde vive quase ninguém faz, por essa razão diz: ou fazem todos ou não vale a pena fazer. Além do mais, desconfia que na recolha, o carro do lixo volta a misturar tudo. Disse-lhe que o dever dela era fazer a sua parte como o louva-a-deus na história do incêndio na floresta. Como ela desconhecia a história, lá contei, e passo a descrever: Houve um grande incêndio na floresta e os animais começaram a fugir das chamas, nessa fuga desenfreada o elefante viu um louva-a-deus com um pouco de água no bico indo em direção às chamas. O elefante perplexo perguntou ao louva-a-deus:- O que é que vais fazer? Ao que o louva-a-deus respondeu: - Vou apagar o incêndio. O elefante nem queria acreditar e disse-lhe: -Tu és louco, não vez que essa gotícula de água, não serve para nada, foge connosco ou vais morrer. O louva-a-deus respondeu: -Eu vou fazer a minha parte.

    Depois a Manuela argumentou que a nossa dimensão é tão pequena e o que podemos fazer é tão pouco, que a influência dos nossos hábitos a nível do planeta é nula. Lá ataquei eu com a famosa frase do Edmund Burke “ Ninguém cometeu maior erro, do que aquele que nada fez só porque o que podia fazer era muito pouco”. Os meus argumentos nunca eram suficientes.

 Logo de seguida disse-me que não era empregada do lixo, que pagávamos impostos para que alguém fizesse esse serviço. Lá tive que lembrar-lhe que ela também não era empregada das bombas de gasolina e deitava combustível no carro e não era empregada do supermercado e fazia os pagamentos nas máquinas de Auto atendimento, ações mais graves, pois retiravam postos de trabalho.

 Cada argumento meu só servia para elevar o nível da discussão. A minha amiga acabou por dizer o que lhe ia na alma, que essa coisa da reciclagem é tudo uma treta. Foi ao telemóvel, fez uma busca no Google a apresentou-me uma lista com dez itens de supostos malefícios da reciclagem. Estas a ver? E agora o que dizes? Disse-lhe que não me guiava pelo Google, mas pelo meu raciocínio e consciência, esses eram os meus maiores valores. Propus que ela tentasse ver o planeta como um condomínio, exatamente como o condomínio onde vivia. Que pensasse um pouco na influência que as ações dos seus vizinhos em termos de higiene e segurança nas próprias casas, têm na casa dela. Enfim, vão ter que passar ainda algumas gerações para mudar mentalidades.

Mas numa terra onde pessoas ditas normais ocupam constantemente estacionamentos destinados a pessoas com deficiência, onde existe gente que fica aborrecida porque perdeu algum tempo na estrada devido a um deficiente que ia numa cadeira de rodas movida eletricamente. Gente que usa uma ferramenta para retirar as moedas dos carrinhos de supermercado só para não o irem colocar no respetivo local. Pais que ensinam os filhos a apagar sempre a luz por causa da conta da eletricidade e não para diminuir a poluição que a produção de energia elétrica provoca. Não podemos esperar atitudes altruístas de quem cultiva o egoísmo, quem não respeita o seu semelhante nunca irá respeitar um planeta.

quinta-feira, 19 de março de 2015

A Armada Invencível


Portugal foi campeão da europa em atletismo nos sectores feminino e masculino: As equipas portuguesas venceram de forma inequívoca o 7º campeonato da europa de atletismo em pista coberta para atletas do INAS (deficiência intelectual).As selecções nacionais no seu conjunto conquistaram 25 medalhas (8 ouro, 8 prata e 9 bronze). Para a revalidação destes títulos, além do excelente contributo de todos os elementos envolvidos neste evento, contribuiu em muito, a prestação individual da estrela da equipa, Lenine Cunha, que conquistou 8 medalhas (2 ouro, 2 prata e 4 bronze), praticamente um terço do total das medalhas conquistadas. É de salientar as excelentes prestações de Érica Gomes com o recorde Nacional absoluto no triplo salto, Pedro Isidro na marcha que fez recorde dos campeonatos e realço também a veterana Graça Fernandes a quem a soma dos anos parece fazer bem. A presença de três jovens açorianos, Ana Filipe, Maria Sousa e Carlos Lima, todos a bom nível, são a evidência de uma renovação que se continua a fazer e da capacidade de recrutamento da ANDDI.

 Ao longo dos últimos anos, as excelentes prestações tanto individuais como coletivas dos nossos atletas nas competições INAS, têm sido o maior meio de divulgação do atletismo adaptado. A constante presença destes atletas na comunicação social, e a divulgação dos resultados nas redes sociais, tem contribuído de forma decisiva para o esclarecimento da importância que o desporto adaptado tem num melhor e mais equilibrado desenvolvimento social. Vivendo como vivemos, um momento de transformação no desporto adaptado, é de bom senso proteger estas atividades e ter muito cuidado em não matar a galinha dos ovos de ouro.

São Petersburgo, a antiga capital do império Russo foi a anfitriã deste campeonato. Com uma excelente organização tanto a nível do quadro competitivo como na componente social, este campeonato primou pela ausência de alguns países de referência nesta modalidade. Este facto não foi impeditivo da realização de alguns resultados de alto nível. Na minha opinião, essas ausências devem-se ao facto de durante a presente época ainda existirem mais duas grandes competições internacionais, uma no Equador e outra Qatar, tendo a actual crise financeira obrigado alguns países a fazerem opções.

Nota final: No último dia do campeonato a organização proporcionou a todos os intervenientes um passeio turístico pela cidade. A cidade confirmou a ideia que eu tinha dela, uma cidade muito linda, deslumbrante. Um dia gostaria de voltar para poder ver por dentro tudo aquilo que eu vi por fora. Uma referência à voluntária Alexandra Ivanova, uma estudante Bielorussa de apenas 21 anos, que fala um excelente português e sabe mais sobre a história e literatura de Portugal que muitos portugueses. Uma daquelas pessoas que vale a pena conhecer. Deixei para último o mais importante, El Comandante Costa Pereira, que com a sua dedicação e conhecimento consegue com que Portugal atinga estes patamares na área do atletismo da deficiência intelectual. Gosto de ver a sua entrada tipo furacão, transmitindo uma grande energia a todos e estabelecendo regras de uma forma muito clara que desmotiva qualquer atleta a infringi-las.

sábado, 11 de outubro de 2014

O Almoço

   Após ter saboreado a refeição preferida, joelho de vaca no forno acompanhado por um belo tinto de reserva, iniciava o habitual ritual de preparação do whisky e do charuto.
   Whisky de malte, o seu preferido, com três pedras de gelo, nunca conseguira perceber porque colocava sempre três pedras. O charuto, que fazia questão de manter sempre num humidificador era um Montecristo nº4,que lhe proporcionava quarenta minutos de um grande prazer. Também não sabia porque só comprava o Montecristo, só sabia que sempre que pegava no charuto lembrava-se da história que tinha dado origem a esse nome e, essa história estava ligada a um dos seus livros preferidos, “ O conde de Monte Cristo".
   Costumava dizer, que este era o melhor momento da refeição, pois segundo ele, proporcionava-lhe sensações únicas, que nunca voltavam a repetir-se. Ia até à varanda desfrutar da paisagem e degustar o charuto e o whisky.
  Sentado num cadeirão de vimes, deixava-se levar por terrenos inexplorados, desfrutando de um momento de paz e relaxamento. Começava por olhar para o aglomerado de casas onde se destacava a torre da igreja, logo começava a contemplar o mar. depois fixava os olhos na linha do horizonte e iniciava o seu transe.
   Quem é este homem? Também isso o atormentava e merecia a sua reflexão. Uma vez, numa das suas incursões pelo mundo do sobrenatural, aquando de uma palestra, perguntaram-lhe, quem és tu? Tentando ser honesto, não conseguiu responder e entrou num momento de introspeção. Não sabia se era um espírito num corpo, se era um corpo que tinha um espírito ou era nem uma coisa nem outra. Ou talvez fosse como escreveu Fernando Pessoa “ Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
  Ser agnóstico não o ajudava muito, esta filosofia que o acompanhava a maior parte do tempo, tinha como principio não ser possível provar racionalmente a existência de Deus e do sobrenatural, dizia: Pode existir, mas é impossível provar a sua existência! Mesmo sem a convicção dessa existência, tinha longas conversas com a divindade. O facto de não podermos provar a sua existência, não prova a sua inexistência, argumentava.
   Depois de acabar o charuto e o whisky, acomodava-se melhor e entrava naquela fase entre o dormir e o acordado. O espaço entre esses dois estados, segundo ele, proporcionavam-lhe imensas revelações, que quando já totalmente desperto nunca sabia se essas revelações provinham de um sonho ou, de um seu pensamento quando acordado.
   Normalmente levantava-se do cadeirão cheio de energia e com uma estranha sensação de felicidade. Mas nesse dia sentiu-se amargurado e triste, provavelmente pelo que tinha pensado ou sonhado! Durante a meditação, se é que podemos chamar meditação ao que se passava naquele cadeirão.
  Pensou se os animais tinham alma. Se tinham, as almas dos animais seriam diferentes da dele? Ele que tinha lido todos os livros do Alan Kardec, criador da doutrina espírita, lembrava-se de ter lido no “livro dos espíritos” que os animais tinham alma mas que era inferior à do homem, “ entre a alma dos animais e a do homem existia uma distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus”.
  Tinha sonhado ou, talvez pensado e visualizado, um prado com imensos animais a pastar, vivendo em plena harmonia. Havia entre eles uma cumplicidade, e até parecia que viviam em grupos familiares. Chamou-lhe a atenção os seus olhares, as suas expressões de sentimentos que revelavam uma sensibilidade que não podia continuar a ser ignorada pela razão humana. Apareceu-lhe diversas vezes na mente o slogan: “ Os animais não são mercadorias”.
  Viu o sofrimento dos animais nos matadouros, as condições degradantes como eram tratados. Todo este sofrimento por causa de comer um naco de carne? Apareceu-lhe na mente os graves problemas por que o planeta estava a passar com a produção industrial dos animais.
 O planeta estava triste e não aquentava por muito mais tempo toda esta agressão. A desflorestação por causa da criação das zonas de pasto, o aquecimento global onde só a pecuária era responsável por grande parte das emissões de gases, a contaminação dos recursos de água potável e gasto deste bem precioso para a rega dos pastos e alimentação dos animais.
  Enfim, dizia ele, este foi o dia em que tomei a decisão de ser vegetariano.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Portugal campeão europeu de atletismo INAS 2014


A pacata cidade Holandesa Bergen op Zoom acolheu o 7º Campeonato da Europa de Atletismo INAS que se realizou de 11 a 16 do passado mês de junho. As equipas portuguesas, feminina e masculina, chegaram a esta competição como campeãs do mundo e da europa em título e por conseguinte com a responsabilidade da revalidação dos respetivos ceptros.As seleções nacionais cumpriram os seus propósitos e foram campeãs da Europa no sector masculino e feminino. Ao contrário das nossas expetativas antes do início do campeonato em que prevíamos menos dificuldades no sector masculino do que no sector feminino, no desenrolar da competição esta situação alterou- se, pois a seleção masculina da França apareceu muito forte e criou muitas dificuldades a Portugal e no sector feminino a Polónia que era o adversário mais forte acabou por claudicar ao segundo dia de competição. Para aumentar o pecúlio de taças e medalhas conquistados por atletas da ANDDI (Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual) ficam além dos dois títulos coletivos de campeões da europa, 31 medalhas sendo 11 de ouro, 13 prata e 7 bronze.

Notas soltas sobre o campeonato

A organização esteve excelente em todos os aspetos. Aproveitaram a ideia do anterior campeonato da europa disputado em Gavle na Suécia e começaram a competição com o lançamento do peso a ser disputado na praça principal da cidade. Uma ótima forma de divulgação da modalidade e bom para os atletas competirem na presença de bastante público.

Elogio público do Dr. Geoff Smedley presidente do INAS Europa, ao nosso coordenador nacional Engº Costa Pereira, na importância que ele tem na organização INAS. É sempre bom ver o trabalho reconhecido desta forma.

Lenine Cunha, a nossa maior referência, compareceu com uma lesão grave no tendão rotuliano, sem saber se iria conseguir competir, lá foi fazendo as suas provas, resguardando-se quando necessário e acabou por ser o atleta português mais medalhado com uma medalha de ouro 4 de prata e 1 de bronze

Três atletas açorianos nesta seleção são demonstrativos do bom trabalho que se anda a fazer nos Açores, sendo também compensador para a ANDDI que vê começar a dar frutos as sementes que à cerca de dez anos por lá lançou.

O holandês dono de uma gelataria e casado com uma portuguesa, resolveu oferecer a todos os elementos da seleção nacional gelados enquanto permanecemos por lá. Também ofereceu uma pequena festa de despedida no seu café, uma grande generosidade vinda de alguém que faz parte de um povo que consideramos frio e pouco comunicador. É muito difícil ver uma atitude destas em Portugal.

Eu e a professora Natércia fizemos duas sessões de Reiki com um atleta e acho que foi positivo o atleta ficou mais relaxado e emocionalmente melhor…É claro que o reiki não trata diretamente uma enfermidade, mas ajuda o corpo a criar um ambiente que aumenta o seu nível mental e emocional.

Ana Paula Costa técnica açoriana que acompanhou a seleção nacional, passou este ano por uma situação terrível quando um seu atleta com vinte e dois anos, morreu durante um treino de lançamento do disco. Embora já se passassem alguns meses sobre este acidente a Paula ainda não recuperou totalmente e este foi um tema presente nas nossas conversas.

A amizade é a cola que une este grupo ANDDI, depois a organização e a disciplina fazem o resto. Embora tenhamos que reconhecer a qualidade e dedicação dos atletas, encontro nestes três itens: amizade, organização e disciplina a razão para tantos êxitos.

Parabéns à ANDDI e todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram ligados a mais este êxito. Uma referência especial à Graça Fernandes um caso único de longevidade desportiva e aos atletas mais antigos desta seleção que tão bem sabem transmitir a mística aos seus colegas mais novos.

domingo, 9 de março de 2014

Portugal Campeão



À família ANDDI

"Nem todos os irmãos são amigos, mas todos os amigos são irmãos”


A região de champagne através da cidade Reims acolheu o oitavo campeonato do mundo de atletismo INAS em pista coberta. Cidade pacata onde pontificam dois majestosos monumentos, a catedral de Notre Dame e a basílica da San Remigio .Aqui, nota-se que as estações do ano cumprem religiosamente as suas funções; é inverno, chove, faz frio e cai geada. O Sol, esse só aparece de lampejo, dando a ideia de ter medo de se imiscuir num assunto que não é seu.

Reimis é conhecida pela” cidade da consagração real “ou” cidade dos reis” nela foram coroados 29 reis entre 1027 e 1825. Este foi o local ideal para a consagração das equipas nacionais masculinas e femininas como campeões do mundo de atletismo INAS em pista coberta 2014. Aqui se festejou o décimo quarto título de campeões do mundo em pista conquistado pelas seleções nacionais de atletismo da ANDDI( Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual)

Notas soltas sobre o campeonato

Quando o patinho feio se tornou o cisne mais bonito. Aconteceu com a prova de marcha que normalmente é das menos emotivas e foi a mais empolgante do campeonato. Sabendo a organização da presença do marchador português Pedro Isidro (primeiro atleta da deficiência intelectual a estar presente nuns jogos olímpicos) logo criou condições para que esta prova tivesse um êxito acrescido. Chamando ao local juízes internacionais de marcha e fazendo uma locução extraordinária durante a prova, anunciando os tempos volta a volta com gritos de incentivo, contagiando todo o público que em pé nunca deixou aplaudir o atleta desde o início ao fim da prova. Resultado? O Pedro Isidro juntou à sua medalha de ouro um recorde do mundo, que na minha opinião perdurará por muitos e muitos anos e ainda o prémio da melhor performance masculina do campeonato.

O suspeito do costume. Lenine Cunha voltou a ser o atleta mais medalhado da competição ganhando 8 medalhas ( 1 ouro 3 prata 4 bronze) aumentando o seu pecúlio para 156 medalhas ganhas a nível internacional. Mesmo sendo no desporto adaptado é obra.

Novinhos mas bons. Saliento as medalhas de bronze com recordes de Portugal do jovem Cristiano Pereira nos 800 e 1500 metros e a medalha de ouro com recorde de Portugal de outra jovem, Erica Gomes no salto em altura. Embora nesta área tudo seja demasiado imprevisível, auguro um grande futuro a estes dois atletas.

Portugal total. Pela primeira vez com representantes do continente e das duas regiões autónomas, Madeira e Açores a ANDDI demonstrou a sua abrangência no todo nacional

Portugal. Além dos títulos coletivos no sector masculino e feminino conquistou 24 medalhas (5 ouro 7 prata 12 bronze) nas provas individuais e estafetas

Ucrânia. Não poderia deixar de fazer referência a esta seleção pelos momentos conturbados que se vive nesse país, uma quase guerra civil, compareceram e competiram a um bom nível.

Polonia. Com uma seleção feminina cada vez mais forte, conquistaram 8 medalhas de ouro, merecem também uma referência nestas notas soltas.

Parabéns a todos os intervenientes neste campeonato, fundamentalmente à ANDDI pelo seu trabalho e capacidade de recrutamento de novos atletas. Uma saudação especial ao técnico de atletismo da ilha Terceira Emanuel, que a expensas próprias fez questão de acompanhar o seu atleta a esta competição, colaborando sempre com a restante equipa técnica, o que demostra amor pela modalidade.

domingo, 30 de junho de 2013

Insustentável leveza do vencer


Campeonato do mundo de atletismo INAS:

A bela cidade de Praga acolheu o 9º campeonato do mundo de atletismo INAS, razão pela qual escolhi um título em homenagem ao escritor checo Milan Kundera, e à sua obra “ A insustentável leveza do ser” um clássico escrito em Praga. (e também porque, para quem deambula pela magnífica cidade de Praga, fica com a sensação que único grande escritor chego é Kafka)

“ Tudo o que se viveu se há-de repetir outra vez e que essa repetição se há-de repetir uma e outra vez, até ao infinito!” In Insustentável l leveza do ser (citando a ideia do eterno retorno de Nietzsche)

Um aparte:

Efetivamente a repetição das conquistas de títulos europeus e mundiais, tanto individual como colectivamente por parte da selecção nacional de atletismo da ANDDI, tem-se repetido, e provavelmente irão repetir-se muitas e mais vezes. (Segundo a teoria do eterno retorno de Nietzsche, num futuro muito longínquo iremos vivenciar novamente estes momentos)

Crónica de um campeonato:

Ao vencer no sector masculino, Portugal conquistou a sétima vitória consecutiva nesta competição.

Dois atletas desta equipa estiveram presentes nas sete vitórias consecutivas são eles: o lançador Ricardo Marques e o polivalente Lenine Cunha. É obra

No sector feminino Portugal venceu pela terceira vez consecutiva.

O atleta Lenine Cunha mais uma vez e merecidamente, foi considerado o melhor atleta do campeonato.

Os atletas portugueses ganharam seis medalhas de ouro, 10 de prata e 10 de bronze

As boas surpresas, foram as selecções do Japão nos sectores feminino e masculino e Venezuela no sector masculino, que ocuparam lugares no pódio, normalmente pertencentes a selecções europeias.

O ambiente na selecção não poderia ser melhor, muita solidariedade entre os atletas, apoiando sempre quem estava a competir.

Seleccionador Nacional, treinadores, chefe da delegação e fisioterapeuta, numa acção coordenada, conseguiram estar sempre presentes na pista de aquecimento, câmara de chamada e nos diversos sectores onde estavam a competir os atletas portugueses.

A organização Checa esteve a bom nível, demostrando grande capacidade de organização para eventos desta natureza.

Em todos os campeonatos existe sempre um momento de grande emoção. Neste campeonato foi uma intervenção da treinadora Natércia sobre o treinador João Amaral. Fica aqui o registo sem pormenores.

Mais uma vez fiou demostrada a grande capacidade de trabalho da ANDDI, corroborada pelo desejo da equipa japonesa em estagiar em Portugal, para ver como funciona esta organização.

Para terminar:

“ Todo dia é uma ocasião especial. Guarde apenas o que tem que ser guardado: lembranças, sorrisos ,poemas, cheiros, saudades, momentos”.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Agostinho da Silva filosofando


Gostaria com a publicação deste pequeno texto, despertar a curiosidade a mais pessoas lerem ou ouvirem Agostinho da Silva. Na net podemos encontrar muita informação escrita sobre este pensador português. Também no youtube podemos ver alguns documentários e entrevistas onde destaco: “ Agostinho da Silva- conversas vadias” e “ Agostinho da Silva – Um pensamento vivo”

Por vezes fico a imaginar, se tivesse lido e ouvido Agostinho da Silva na minha juventude que tipo de pessoa seria eu hoje em dia?

 

 

"Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Se o criador o tivesse querido juntar a mim não teríamos talvez dois corpos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."

Agostinho da Silva, "Sete cartas a um jovem filósofo”