Na “Alegoria da Caverna”, Platão
imaginou um grupo de homens que vivessem desde a infância num subterrâneo em
forma de caverna. Eles estavam virados para uma parede, acorrentados pelos pés
e pescoço. Uma forte luz no exterior da caverna permitia aos prisioneiros verem
projetadas na parede as sombras do que passava pela frente da abertura da
caverna. Como ignoravam o mundo lá fora, essas sombras, eram a sua realidade.
Imaginou também: se um desses prisioneiros se soltasse das amarras e fugisse da
caverna, o que aconteceria? Ao sair, ficaria ofuscado pela luz e sentiria dores
com a claridade. Aos poucos, iria verificando a beleza incrível que havia fora
da caverna. Com o passar do tempo é, normal que sentisse a necessidade de
voltar à caverna, contar aos companheiros tudo que presenciou e tentar
libertá-los. Qual seria a reação dos prisioneiros? Provavelmente não
acreditariam nele, considerá-lo-iam louco e matavam-no. A caverna, representa o
nosso mundo. Os prisioneiros, são as pessoas que estão presas a preconceitos
que vivem no obscurantismo. As sombras projetadas na parede, são as “falsas
verdades”. O fugitivo, é aquele que questiona e reflete sobre o mundo em que
vive. O lado de fora da caverna, representa a realidade, a forte luz, o
conhecimento. O retorno do fugitivo à caverna, representa o educador, o
filósofo. Platão nesta metáfora, provavelmente representa a vida do seu mestre
Sócrates, filósofo que não se submeteu aos conceitos vigentes e, incentivou as
pessoas a uma busca interior, dando
mais valor ao aspeto moral que aos bens materiais. Sócrates foi condenado à
morte em 399 A.C. com as acusações de: corromper os jovens com a sua filosofia,
negar os Deuses do estado e, ameaçar a vida social e politica de Atenas.
Passados que foram quatro séculos, foi a vez de Jesus Cristo percorrer o mesmo
caminho de Sócrates. Ao desvalorizar o materialismo em prol da espiritualidade
e, através de parábolas provocar reflexões sobre a vida, acabou como Sócrates,
condenado à morte. Mil e poucos anos depois apareceu a inquisição, que julgou
em tribunal mais de 150 mil pessoas, muitas delas acabaram assassinadas, porque
pensavam diferente ou não agiam segundo os padrões sociais instituídos.
Atualmente, com a implementação da democracia em muitos países, existe uma
maior tolerância à opinião contrária e maior liberdade de expressão. Mas, a
tradição, a superstição e a ignorância, ainda são armas poderosas de
manipulação. Em muitas situações, quem pensa e age diferente ainda é alvo de
preconceito e violência. Hoje, tal qual, no tempo de Platão, continua a ser
necessário rebentar as amarras, sair da caverna, ver a realidade e, mesmo
correndo riscos, retornar à caverna, contar as boas novas e, tentar soltar os
prisioneiros. Bem hajam, todos aqueles que já saíram da caverna e, que mesmo
num ambiente de hostilidade, promovem o caminho para a dignidade humana e
animal, que lutam contra a pobreza, protegem o meio ambiente e têm um modo de
vida sustentável. Benditos, aqueles que se preocupam e dedicam ao bem da
humanidade e, com os seus gestos conseguem influenciar os outros.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
Midllemarch de George Eliot
George Eliot é o pseudónimo de Mary Ann Evans, que adotou um
nome masculino para criar as suas obras.” Meddlemarch: um estudo da vida
provinciana” é um livro para ir degustando calmamente, com o prazer que só os
bons livros nos podem dar. É uma obra obrigatória para os amantes da leitura,
não só por ser considerado pela critica especializada como um dos melhores
livros do século XlX, mas, também por nele serem dissecadas de forma sublime as
diversas facetas do comportamento humano. Antes de começar a ler as mais de 800
páginas de Meddlemarch e, como sempre faço com escritores que leio pela
primeira vez, fiz alguma pesquisa biográfica sobre George Eliot, tendo lido algumas
referencias que me deixaram surpreendido, como por exemplo; compará-la a Liev
Tolstói. É claro que achei um exagero e, não valorizei essas opiniões. Mas,
agora que acabei de ler Meddlemarch, digo que fiquei agradavelmente
surpreendido e que George Eliot, nesta obra, ombreia efetivamente com os
grandes nomes da literatura mundial. É uma grande obra, com um realismo
extraordinário. Não vou escrever sobre as personagens nem sobre a história, vou
apenas colocar uns breves excertos de forma a aguçar a curiosidade sobre este
magnifico livro.
“O carácter não é uma peça de mármore…Não é algo de sólido e
inalterável. É algo que está vivo e se transforma, e pode adoecer como também
acontece com o nosso corpo”
“…. Houve grande regozijo na antiquada sala de estar, e até
os retratos dos magistrados célebres pareciam observar a cena com satisfação…”
“Os obstáculos mais terríveis são os que ninguém pode ver,
exceto nós mesmos”
“Passa o tempo a tentar tornar-se aquilo que o marido
desejava sem nunca chegar ao repouso de o saber contente com aquilo que
era”
Ao último capitulo do livro, George Eliot deu o nome de:
“Conclusão” que termina desta magnifica forma:
“Mas o efeito do seu ser sobre os que a rodeavam teve um
alcance incalculável: porque a multiplicação do bem no mundo depende em parte
de atos que não são históricos; e se, tanto para o leitor como para mim, as
coisas não são tão más como seria possível que tivessem sido, devemo-lo em boa
medida àqueles que viveram fielmente uma vida desconhecida, e que repousam em sepulturas
que não visitamos”
(Uma dica: Quando comecei a ler o livro, imprimi uma
“cábula” da Wikipédia, enciclopédia livre, que tem uma discrição muito boa de
22 personagens que fazem parte desta história e, que por vezes quando andava um
pouco perdido com as diversas ligações entre as personagens, foi um documento
muito útil)
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
A Desculpa
Existe a desculpa esfarrapada cujo expoente é a famosa frase: “eu não tenho culpa, a culpa é do meu signo”,
a desculpa religiosa “a culpa é do diabo,
foi ele que me tentou” e a desculpa cientifica, “A culpa é do Gene “. A
desculpa é transversal a toda a sociedade, desde o trivial ao argumento mais
sofisticado, existem desculpas para todos os gostos. No parlamento brasileiro uma
deputada expressou de forma convicta: “A
corrupção está no DNA do brasileiro”. É sobre a desculpa científica que vou
tecer algumas palavras neste artigo. Não me querendo imiscuir numa área que não
domino, limito-me a referenciar somente o que a um leigo é permitido. O DNA é
constituído por cromossomas que por sua vez são constituídos por genes. Os
genes são um género de manual de instruções codificadas. A nossa herança
biológica, (hereditariedade) é transmitida pelas características codificadas
nos genes. Segundo o biólogo Dawkins, os genes é que criaram o nosso corpo e a
nossa mente. Compreendendo a parte biológica dos genes, já não é tão claro, que
sejam eles os responsáveis pelas nossas atitudes, perfil psicológico, emoções,
opções morais e éticas. É comum a expressão: “Não podemos fazer nada, ele é assim,
faz parte da sua genética (feitio)”. O geneticista Dean Hamer, depois de já
ter mencionado um gene responsável pela homossexualidade, mais propriamente o cromossoma
x secção xq28, saiu recentemente com um livro (O gene de Deus) que revela o gene
(Vmat2) como responsável pela fé religiosa. Embora não explique se foi esse gene
responsável pelo homem criar Deus ou se foi Deus que criou esse gene para o
homem saber da sua existência. Também um estudo efectuado na Finlândia revelou
dois genes que podem estar ligados à violência. Já se identificou o gene do
alcoolismo e, até o da promiscuidade e da infidelidade. Ou seja, nós não somos responsáveis pelas nossas ações, mas umas
“pobres” vítimas dos genes. É claro que estes argumentos já estão a ser
utilizados habilmente pelos advogados para redução de penas. Acredito no livre
arbítrio filosófico, doutrina que afirma: “o ser humano é livre de escolher ou
decidir em função da sua própria vontade, estando isento de qualquer
condicionamento prévio ou causa determinante” Acredito na educação que por sua
vez produz o respeito. Acredito na consciência e, não acreditando na religião,
acredito na espiritualidade. O corpo não é simplesmente
uma máquina para a sobrevivência e transmissão dos genes é, também uma entidade
para o desenvolvimento do espírito. O que provoca o alcoolismo não é o gene é,
a infelicidade e a miséria humana. Os cerca de 800 milhões de pessoas ameaçados
de morte por causa da fome, devido ao desperdício de alimentos. Os 60 biliões
de animais mortos por ano nos matadouros, o aquecimento global, a infestação
dos produtos agrícolas com químicos e toda a destruição da natureza, as guerras
para fomentar a venda de armas, a precariedade no emprego e desigualdades
sociais, nada disto tem desculpa, a culpa não é dos genes, dos signos ou do
diabo é da estupidez humana, que como Einstein disse: “É infinita”.
domingo, 31 de dezembro de 2017
Reprogramação
Já defendiam os pensadores da
antiga Grécia e mais tarde Marx e Sartre, entre outros, que o homem é um animal
social e produto do meio em que vive. O homem mentalmente constrói-se a partir
das suas relações sociais, sendo influenciado pelos paradigmas (cultura) que
lhe são impostos desde a mais tenra idade. Somos vitimas e cúmplices de uma
educação familiar, religiosa, escolar e social. “...nascemos originais e morremos cópias “esta frase retrata a vivencia
da maioria das pessoas. Somos treinados para sermos trabalhadores e não empreendedores.
A sociedade de forma inteligente e, sabendo que um indivíduo num determinado
ambiente se ajusta ao mesmo, molda os seus membros conforme as suas
necessidades. Esta organização (sociedade) gerou mecanismos de repetição
constante, que por sua vez acabam por criar automatismos, na ação dos indivíduos. Os vícios, são um exemplo de
como a repetição constante manipula facilmente o ser humano. Podemos constatar
este aspeto mesmo nas chamadas drogas legais: cafeína, nicotina e álcool,
aceites e fomentadas socialmente, cujo efeito dissuasor de uma sociedade
estratificada, instrumentalizada e altamente competitiva, serve plenamente os
objetivos dessa mesma sociedade. Estaremos condenados a ser apenas um produto
do meio em que vivemos? Eu penso que não. Nós podemos ser subversivos, temos
capacidade para fazer uma reprogramação “emocional”, destruir padrões “mentais”
entranhados, mudar de hábitos criando novos paradigmas. Com a repetição
sistemática de um determinado comportamento o cérebro cria vias sinápticas mais
rápidas fazendo com que ações promovam outras ações de uma forma quase
automática. Assim foram criados os nossos atuais padrões de comportamento e,
desta forma também podemos criar novos hábitos, abandonando aqueles com que não
concordamos. Mas, é importante sabermos que os novos hábitos levam algum tempo
a se fixarem. Também é preciso lembrar que os nossos antigos hábitos sugiram
através de repetições de comportamento e, mesmo depois de “quebrados”, esses
comportamentos podem ser reativados sobre o menor estímulo. Depois de
adquirirmos novos padrões de comportamento, não devemos abrir alguma exceção
para voltar a utilizar algum dos padrões que com tanto esforço conseguimos eliminar.
Alterar comportamentos pode ter um efeito que vai muito além do fator
individual. Dou o exemplo do que uma simples alteração dos hábitos alimentares
pode fazer: foi feito um estudo pela universidade de Oxford onde prova
cientificamente que ser vegetariano reduz para metade a pegada ecológica. Como
podemos verificar os nossos comportamentos podem ter impacto a nível global. Nota-se
um número crescente de pessoas a quererem alterar os seus padrões de
comportamento, mas nós somos seres programados, a mudança mete sempre medo, exige
esforço e dedicação. Qualquer um de nós
e após uma introspeção, se quiser, pode mudar qualquer hábito por muito enraizado
que esteja. Na minha opinião o fator importante para conseguirmos reprogramar
os nossos hábitos não é a força de vontade, mas a consciência e a capacidade de
se liderar.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Sete Anos
Nas últimas semanas têm surgido
na comunicação social, com maior regularidade, alguns nomes que são
desconhecidos por grande parte das pessoas. Refiro-me a: WEB Summit, Startups e CEOs. Simplificando esta terminologia: a
Web Summit é simplesmente uma
conferência sobre tecnologia que se realiza anualmente desde 2009. Startups são empresas que iniciam uma
atividade com baixo custo de manutenção em atividades inovadoras no mercado e
crescem rapidamente aumentando grandemente os seus lucros. Os CEOs são os chefes máximos das grandes
empresas, responsáveis pelas suas estratégias e visão. Como podemos constatar,
não vale a pena ficar amedrontado com estas nomenclaturas, pois sempre houve
conferencias sobre tecnologia, empresas que apostando com baixos custos em
produtos inovadores, tornaram-se grandes empresas e, também sempre houve “Chefões”
que orientaram e inovaram com grande visão grandes empresas. No suplemento
Económico do Expresso de 18 de novembro, a jornalista Sónia Lourenço, faz um
excelente artigo tomando por tema uma informação da consultora Deloitte, em que esta consultora prevê
sete anos para o surgimento de “alterações
drásticas nos modelos de trabalho e nos próprios trabalhadores com a entrada no
mercado global das novas gerações”, isto quer dizer que as empresas e os
trabalhadores têm um espaço temporal bastante curto para se adaptarem à nova
realidade. Neste artigo a jornalista faz menção ao robô “Sophia” que na Web Summit
realizada recentemente em Lisboa disse: “Nós
não vamos destruir o mundo, mas vamos roubar os vossos empregos”, depois
fazendo referência a um estudo, diz que em Portugal 57% dos empregos são
vulneráveis à automação. Na minha modesta opinião, a forma como toda esta
temática é apresentada, tem objetivos que ultrapassam a simples informação da
evolução tecnológica. Visa preparar as pessoas com menos habilitações para o
desemprego, atribuindo as culpas à tecnologia e passando uma mensagem de
incapacidade técnica para acompanharem os tempos que se seguem. O avanço
tecnológico não vai fazer desemprego, o que vai produzir desemprego é a
ganância humana. O desemprego atual não é devido aos computadores nem às
máquinas é devido à deslocação das grandes empresas para os países emergentes e
do terceiro mundo à procura de mão de obra barata e onde é fácil escravizar
seres humanos, tudo isto em nome do vil metal. Mesmo nos países desenvolvidos
as empresas, alegando engenharias financeiras, promovem o trabalho precário e o
desemprego. A história ensina que a
evolução tecnológica não produz desemprego, pelo contrário o número de empregos
que cria é superior ao que destrói. Citando Sérgio Lee, sócio da Deloitte a revolução industrial acontecida
no início do século XIX, “embora
alterando a estrutura de emprego, gerou mais empregos que os que eliminou”.
Sérgio Lee defende: “acreditamos mais no
conceito de Inteligência aumentada no que no de inteligência artificial….A nova
espécie dominante serão seres humanos “mesclados” com máquinas”.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Não Obstante a Palavra
Não obstante a
palavra “vegetariano” já não ser uma palavra exótica e, reconhecendo que
atualmente existe uma maior curiosidade e procura de informação sobre a
alimentação vegetariana, ainda assim, existem alguns mal-entendidos sobre este
tipo de alimentação. Estando referenciados vários tipos de vegetarianismo, na
maior parte dos casos, quando alguém diz ser vegetariano, simplesmente está a
dizer que não come animais. Com exceção dos vegetarianos” Vegans” que além de
não comerem animais, não consomem nenhum produto de origem animal, grande parte
dos vegetarianos têm uma alimentação que se coaduna com a alimentação dita”
Normal” Omnívora, excetuando três alimentos: carne, peixe e marisco.
Desmistificando o vegetarianismo, começo por dar o exemplo de um convívio onde
consta uma refeição omnívora e, a presença de um vegetariano nesse convívio
possa causar algum constrangimento ao anfitrião. A pergunta mais comum é: mas o
que é que vou cozinhar para ele? É muito fácil. À exceção do animal, o
vegetariano come de tudo. Todo o tipo de farináceos, legumes, leguminosas,
frutas e alguns até comem ovos, queijos e demais derivados do leite, que podem
ser preparados e cozinhados de qualquer forma. Ou seja, com os ingredientes que
estão a fazer a refeição omnívora, só não adicionando a carne, peixe ou
marisco, poderão fazer uma bela refeição vegetariana. Todos esses alimentos
quando bem confecionados e condimentados com as excelentes especiarias que
existem, fazem pratos deliciosos para o vegetariano ou qualquer outra pessoa.
Ao contrário do que se pensa, o vegetariano não é somente um comedor de
saladas. Embora possa comer, o vegetariano também não é um comedor de soja,
tofu, Shoyu, Algas, seitan, alimentos integrais e, tantos outros produtos que
fazem parte da alimentação macrobiótica e não da alimentação vegetariana. O vegetariano faz uma alimentação completamente normal, só
não come animais. Como acontece com pessoas que por motivos de alergias,
gustação ou alguma sensibilidade, não comem certos alimentos é, normal que também
algum vegetariano tenha algumas restrições mesmo nos alimentos que podem fazer
parte do seu cardápio. Anteriormente mencionei que existem vários tipos de
vegetarianismo, este facto está diretamente relacionado com as motivações que
levam as pessoas a esta prática. Podem ser motivos éticos (respeito pela vida
dos animais), a própria saúde, razões ambientais (ecológicas e económicas) ou
por razões espirituais. Independentemente do regime alimentar ou da razão da
opção, o importante é sermos consumidores responsáveis e estarmos conscientes
que a nossa opção alimentar tem consequências devendo ter em conta: um baixo
impacto ambiental, proteger e respeitar a biodiversidade e o ecossistema, ser
sustentável, nutricional e saudável. Daí, devermos dar preferência aos produtos
sazonais, nacionais, de origem vegetal e produção biológica. Assim também
ajudaremos os agricultores e mercados locais e concomitantemente estamos a ser
uteis à economia global.
domingo, 30 de julho de 2017
Capitalismo Global
Império:
“Unidade política que abrange uma vasta
extensão territorial e que integra povos com diferentes culturas sob um único
poder, independentemente da forma de governo”. Nos últimos dois milénios, utilizando a força
e as invasões militares floresceram impérios como o Helénico, Romano,
Bizantino, Otomano entre outros, com um objetivo comum, conquistar terras e ter
um domínio total sobre as suas riquezas e povos. Todos esses impérios eram
personificados por uma grande figura, uma nação ou um sistema político. Assim
sendo, a sua génese estava identificada e, foi possível lutar contra esses
poderes e vencer. O imperialismo para os historiadores foi dado como extinto e,
ao longo das últimas décadas um sistema democrático e a independência das
nações foi-se impondo na generalidade dos países. Mas, subtilmente, surgiu um
novo modelo de domínio, que sem rosto, nação ou sistema politico, cumpre na
integra os objetivos do antigo Império. Tem um especto aparentemente
inofensivo, objetivos altruístas, é atrativo, fascinante, domina as sociedades,
sistemas políticos e nações. O império não acabou, mudou de estratégia. Hoje
não utiliza as invasões militares como antigamente, o atual sistema imperial
cujo nome é: “capitalismo global” faz exatamente o que os antigos impérios
faziam, invade as nações, domina os seus povos e riquezas. Este sistema
conseguiu absorver e comprometer as elites da maior parte dos países, fossem
eles considerados ricos, emergentes ou pobres. Impôs ao mundo um mercado livre
e global, os estados, seus habitantes e as multinacionais começaram a funcionar
em função desse mercado. Criou-se mecanismos que permitiram a transferência de
empresas e empregos dos países desenvolvidos para países onde a mão-de-obra
qualificada e a matéria-prima são mais baratas e com uma baixa carga de
impostos. Tudo vale para fazer riqueza, o império não permite que alguém o
conteste, só no último ano foram assassinados 200 ativistas ambientais, por
contestarem o sistema. Conforme escreveu
Aldous Huxley “A ditadura perfeita terá a aparência de uma democracia, uma
prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão com a fuga. Um sistema de
escravatura onde graças ao consumo e divertimento, os escravos terão amor à sua
escravidão” É alarmante a nível
ambiental a crescente destruição da biodiversidade e o uso excessivo de
recursos naturais, a nível social, o aumento de desemprego e trabalho precário
nos países desenvolvidos. O capital precisa de transformar continuamente a
natureza em mercadoria para sustentar o seu crescimento, a sua expansão tem de
ter um ritmo sempre crescente para que não caia em crise e haja uma queda das
ações. O consumismo excessivo está a ser introduzido nas populações como uma
droga altamente viciante. O “capitalismo global” a seguir às armas atómicas é a
maior ameaça que o mundo já enfrentou. Cabe a cada um de nós, ter consciência
desta realidade e iniciar a sua luta contra o sistema, não se deixando
manipular e passando esta mensagem tão importante para a salvação do planeta e
da raça humana.
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