sábado, 22 de janeiro de 2011

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver


Enviaram-me um texto muito giro, que vou aproveitar para publicar. Este texto tem uma curiosidade que é a de ser muitas vezes atribuído a Fernando Pessoa.
Mas pelo que parece o texto pertence a Augusto Cury e está no seu livro " Dez leis para ser feliz".
Quanto à frase " pedras no caminho? .... " o seu autor também é brasileiro.
Fiz esta ligeira introdução por duas razões:
A primeira é por causa daquela frase bíblica " A césar o que é de César".
A segunda é que quando este texto é atribuído a Fernando Pessoa, as pessoas têm tendência a discutir quem é o seu autor e não o seu conteúdo.
Faz- me lembrar aquela discussão entre religiosos sobre se Jesus Cristo tem pai ou é filho de Deus,esquecendo-se de falar sobre o que ele disse e fez.
Se o mais importante é não ter pai, então podiam adorar o Adão e a Eva.
Eu laico e agnóstico a dar exemplos religiosos? eheheh


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

sábado, 15 de janeiro de 2011

Um pensador desconhecido



Ontem quando fui buscar o meu filho à catequese vi afixado um texto que achei muito interessante. Aproveitando a tecnologia, tirei uma foto ao texto com o meu telemóvel e agora vou transcreve-lo para o Blogue.
É um texto que foi encontrado numa velha igreja de Baltimore em 1692, autor desconhecido e foi retirado do livro " A viagem de Théo" de Catherine Clément.
Acho que vale a pena ler.




“Ide tranquilamente por entre alaridos e pressas e lembrai-vos da paz que pode existir no silêncio.
Sem alienação, vivei tanto quanto possível em bons termos com todas as pessoas.
Dizei baixo e claramente a vossa verdade, e escutai os outros, mesmo o simples de espírito e o ignorante, também eles têm a sua história.
Evitai os indivíduos barulhentos e agressivos, que são uma afronta ao espírito.
Não vos compareis com ninguém, há sempre quem seja maior ou mais pequeno que vós…
Gozai os vossos projectos bem como as vossas realizações, sede sempre interessados pela vossa carreira, por mais modesta que seja, é sempre algo que se possui verdadeiramente no meio das mudanças que o tempo traz.
Sede prudentes nos vossos negócios, porque o mundo está cheio de falsidades. Mas não sejais cegos no que diz respeito à virtude que existe. Vários indivíduos procuram os grandes ideais, e por toda a parte a vida esta cheia de heroísmo.
Sede vós mesmo acima de tudo, não simuleis amizade! Não sejais também cínicos no amor, pois face à esterilidade e ao desencanto, ele é tão eterno como a erva….
Aceitai com bondade o conselho dos anos, renunciando de boa mente à mocidade. Fortificai uma prudência de espírito para vos protegerdes em caso de infelicidade súbita. Mas não vos desgosteis com quimeras! Muitos medos nascem da fadiga e da solidão….
Para além de uma disciplina sã, sede brandos convosco mesmos. Sois filhos do universo, tal como as árvores e as estrelas, tendes direito a estar aqui….
E quer seja para vós claro ou não, o universo vai correndo certamente como deve. Vivei em paz com Deus, seja qual for a concepção que dele tenhais e, sejam quais forem os vossos trabalhos e sonhos, conservai no meio da confusão ruidosa da vida a paz na vossa alma.
Apesar de todas as perfídias, das tarefas fastidiosas e dos sonhos desfeitos o mundo é belo! Prestai atenção ao que vos rodeia….procurai ser felizes”

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Poucos e bons / Poucos e maus





Durante um treino, falávamos sobre o projecto de atletismo feito em São Paulo ( Brasil) pela equipa “ Rede Atletismo” que tem como objectivo descobrir talentos.
O projecto tem como meta seleccionar 60 jovens talentosos para irem viver num complexo desportivo localizado em Bragança Paulista.
Ai é proporcionado de forma gratuita condições ímpares para a prática da modalidade, Educação, cuidados com a saúde, moradia e alimentação.
O mais impressionante deste magnífico projecto, é a adesão que o mesmo teve. Começou com 16.079 jovens inscritos, fez-se uma 1ª selectiva e ficaram 4.466, na 2º selectiva ficaram 600, depois foram apurados 180 que disputaram a grande final, de onde saíram os 60 contratados.

O tema da nossa conversa versava em como é que Portugal só com 9 milhões de habitantes, poderia ter atletas com o nível dos brasileiros.
Um dos intervenientes na conversa disse:
Não é preciso sermos muitos para sermos bons.
Comecei a reflectir sobre o assunto, e vou escrever sobre alguns dos pensamentos que passaram pela minha mente.

A ilha da Madeira que é o lugar onde nasci e habito, tem uma população que não chega aos 250 mil habitantes, no entanto tem um jogador de futebol que foi considerado o melhor do Mundo (Cristiano Ronaldo) um velejador campeão do Mundo (João Rodrigues), vários atletas Olímpicos, já teve três equipas de Futebol na 1º divisão Nacional, e tem imensos títulos de Campeão Nacional em várias modalidades.

Portugal é um minúsculo País, mas isso não impediu de ter construído o primeiro Império Global da história, através de um conjunto de territórios repartidos por quatro continentes sob a sua soberania, resultado das explorações realizadas na era dos descobrimentos.

Outras situações que achei relevantes:

Aeróstato – Aeróstato é a designação dada às aeronaves mais leves que o ar, como por exemplo os balões e os dirigíveis. O primeiro voo efectuado num aeróstato foi efectuado por Bartolomeu Gusmão que em 1709 perante a corte de Lisboa, voou num invento da sua autoria baptizado de Passarola.

Aviação – Gago Coutinho e sacadora Cabral realizaram em 1922 a primeira viagem aérea entre a Europa e a América do Sul. Gago Coutinho também fez uma adaptação do Sextante antigo, passando o seu nome a fazer parte da lista dos grandes inventores.

Batalha – Na batalha de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385, o exército português utilizou algumas inovações tácticas que permitiu que o seu exército apeado, que contava com cerca de 6500 homens fosse capaz de derrotar uma poderosa cavalaria medieval de Castela com cerca de 31000 homens.

Burlão – Alves dos Reis o maior Burlão português e um dos maiores a nível mundial, organizou uma gigantesca operação de fraude financeira onde consta a maior falsificação de notas de Banco da História

Circum – Navegação – O português Fernão de Magalhães, comandou a primeira expedição marítima que efectuou a primeira viagem de Circum - navegação à volta do Globo

Derrotas – As maiores derrotas portuguesas foram nas batalhas de Alcácer Quibir a 4 de Agosto de 1578, onde se estima que tenham morrido cerca de 9000 portugueses e 16000 fossem feitos prisioneiros, e em La lys entre 9 e 29 de Abril de 1918 em que a 2ª divisão do corpo expedicionário português, constituído por cerca de 20000 homens, não conseguiu suster o embate de oito divisões do exército Alemão com cerca de 55000 homens, sofrendo 7500 baixas entre os quais 327 oficiais.


Maledicência - Quando a maledicência for uma modalidade olímpica, Portugal vai ganhar a medalha de ouro, prata e bronze. Aqui diz-se mal de tudo, ninguém tem mérito em nada. SE tem uma mulher bonita é corno (chifrudo), se é musculoso é maricas (viado),se é rico é porque roubou, mas se é pobre é burro pois nem roubar sabe etc,etc, etc.....

Neurocientista - António Damásio a residir actualmente nos EUA é um dos maiores neurocientistas mundiais da actualidade.

Fernando Nobre – Médico fundador da AMI, assistência médica internacional – representa a parte mais positiva de Portugal.

Desporto – Vinte e duas medalhas olímpicas, vários títulos de campeões europeus e Mundiais em diversas modalidades, é um bom pecúlio para um país tão pequeno.

Papa - Um português foi Papa, seu nome Pedro Julião ou Pedro Hispano que adoptou o nome de João XXl

Prémio Nobel – Dois portugueses foram galardoados com o prémio Nobel, um de medicina através de Egas Moniz e um de literatura entregue a José Saramago.


Gestores -Em portugal 20 gestores públicos ganham o mesmo que 65000 funcionários púplicos. Somos os maiores corruptos do Mundo, embora nos páíses que foram colonizados por Portugal a corrupção esteja registada no ADN de muita população, mas nada se pode comparar ao que se passa em Portugal.

Acho que já chega – só com estes pequenos exemplos já dá para perceber que para sermos muito bons, ou muito maus, não é preciso sermos muitos – o meu amigo tinha razão

Um bom ano de 2011, para todos

domingo, 5 de dezembro de 2010

Uma simples notícia




Esta pequenina digitalização foi retirada do Jornal Da Madeira do Dia 13/04 1961. Numa coluna intitulada “ Jornal da Sociedade” entre muitas referências a aniversários, aparece esta notícia a felicitar os meus pais e avós pelo meu nascimento. Quem publicou a notícia se tivesse adivinhado as dores de cabeça que eu dei aos meus pais, se calhar tinha escrito: Já que ele nasceu, agora tenham paciência. eheheh
A notícia pelo menos serviu para que o jornal fosse preservado até os dias de hoje. Lá de vez em quando dou por mim a ler este jornal e a deliciar-me com as notícias desse tempo.
Fiquei a saber que no dia em que eu nasci a Rússia lançou o primeiro homem no espaço. Tratava-se do major Yuri Gagarin de 27 anos que segundo o jornal tinha dois filhos. A notícia vem muito bem documentada e como não poderia deixar de ser, junto à mesma, vinha outra a mencionar que os americanos nas próximas semanas também iriam colocar um homem no espaço. Ao fazer uma pequena consulta no Google sobre este tema, descobri que Yuri Gagarin nessa viagem disse duas frases que se tornaram famosas “ A terra è Azul” e “ olhei para todos os lados, mas não vi Deus”
O jornal tinha uma coluna “ Agenda do leitor” onde eram colocadas informações úteis: câmbios, horários das Farmácias, Marés e até o preço do Peixe na Praça e na Lota.
No dia em que eu nasci o Atum era vendido a 8 escudos ao Kg, que corresponde actualmente a 4 cêntimos, e o cinema que eram sempre dois filmes, custava 6 escudos ou seja os actuais 3 cêntimos. Eheheh
A minha ideia em colocar este artigo, não é a de mencionar as notícias desse Jornal, mas sim chamar à atenção para um facto. Hoje em dia nos telejornais e nos jornais só se dão notícias desagradáveis. A necrologia nos jornais ás vezes enche duas páginas, até parece que só morre gente. O resto das noticias é para falar da crise financeira, da guerra, acidentes de viação, violações e sei lá mais Quê… Estamos a tornar a sociedade uma coisa deprimida e triste.
Que tal voltar aos anos 60 e começarmos a felicitar através dos jornais o nascimento dos filhos dos nossos amigos, começarmos a salientar tudo o que de bom se passa à nossa volta. No fim de contas, há sempre duas maneiras de ver as coisas: Tanto podemos dizer que as Rosas Têm espinhos, como podemos dizer que os Espinhos têm Rosas.
(Quando comecei a escrever este artigo estava com a ideia que ás vezes a vida de uma pessoa não é nada mais do que o tempo que vai entre duas noticias de jornal. Mas depois lembrei-me da história das rosas e dos espinhos e alterei o texto)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Gratidão no Amor


Vou colocar um poema do poeta português Carlos Queirós. Só a título de curiosidade ele é irmão da famosa Ofélia Queirós, com quem Fernando Pessoa teve uma relação amorosa . Este poeta é pouco divulgado, mas é muito bom.
Definição de gratidão na Wikipédia - "A gratidão é uma emoção, que envolve um sentimento de dívida emotiva em direcção de outra pessoa; frequentemente acompanhado por um desejo de agradecê-lo, ou reciprocar para um favor que fizeram por você "




Canção Grata

Por tudo o que me deste:
— Inquietação, cuidado,
(Um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
— Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão.
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
— Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: — Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!

Carlos Queiroz, in “Obra Poética, Vol. I”

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nada é por acaso, existe uma razão para tudo




“ Chega o momento que a vida de cada homem é uma derrota assumida. É uma verdade que todos sabemos” Marguerite Yourcenar

Várias vezes dei por mim a pensar no porquê de tantos milhões de pessoas aderirem ao jogo, como praticantes ou como simples espectadores, seja ele futebol, ténis, atletismo ou um trivial jogo de cartas. Também muitas vezes tentei perceber a razão da necessidade das pessoas terem uma religião.
Penso que uma das razões do homem aderir ao jogo tem a ver com o facto de a sua vida real terminar sempre com uma derrota (que é a morte) e o ser humano como é um ser que tem necessidade de se transcender, utiliza o jogo para obter vitórias, que de alguma forma acabam por fazer dele um vencedor.
A religião aparece como complemento do jogo, pois as vitórias do jogo são demasiado efémeras e o homem precisava de uma vitória total e assim a religião deu-lhe essa hipótese, dotando-lhe de um espírito imortal e propondo-lhe uma vida eterna, seja através da reencarnação, da ressurreição ou de outras teorias que acabam sempre por torna-lo imortal.
Assim o homem é sempre vencedor e pode viver feliz e descansado. (as tretas que nós arranjamos para enganarmo-nos. No fundo o que interessa é que funcione eheheh)
Ao ler uns textos da obra “ O Homem e o Sagrado” de Roger Caillois,aprendi mais algumas coisas sobre o tema, como por exemplo, a de que o jogo é a base de quase tudo. Eu pensava que o jogo era resultado de uma cultura, mas segundo este autor, o jogo antecede a cultura e não ao contrário.

Vou expor a forma como interpretei o capítulo ll “ o Jogo e o Sagrado “ da obra " O Homem e o Sagrado" de Roger Caillois, que quanto a mim é mais uma ferramenta para ajudar-nos a abrir a mente.

"O HOMEM E O SAGRADO”

II. O JOGO E O SAGRADO
Utilizando a obra de J. Huizinga “ Homo Ludens” como grande referencia o autor Roger Caillois debruça-se sobre a importância do jogo na evolução da civilização. A identificação do lúdico e do sagrado que o autor considera ser a questão mais delicada e complexa é importante para podermos perceber a sua influência na nossa sociedade.
Partindo de um principio que o jogo é um dos instintos primários do homem o autor refere que “ a ciência, a poesia, a sagacidade, a guerra, a filosofia, as artes, nasceram e enriqueceram algumas vezes do espírito lúdico ”. Através do jogo o homem cria regras e acções que por algum tempo o conseguem absorver e separá-lo do seu mundo habitual., por esta razão Huizinga tenta demonstrar que “ o estádio, a mesa de jogo, o círculo mágico, o templo, o palco, o ecrã, o tribunal” por tratarem-se tal como o jogo de mundos temporários no dia-a-dia e por terem uma actividade regulada que tem o seu fim em si mesma, são terrenos ou lugares de jogos.
A dissertação que Caillois faz sobre o lúdico e o sagrado transporta-nos para os primórdios da nossa existência e leva-nos a reflectir profundamente sobre procedimentos que utilizamos e conotamos como triviais, por exemplo a origem do alfabeto, que sendo fonético muito provavelmente teve a sua origem nas brincadeiras com diferentes sons.
A ideia de que o lúdico (jogo) está na base da nossa aprendizagem e que aparece antes da cultura leva-nos a reflectir sobre os gestos dos recém-nascidos que antes de aprenderem qualquer coisa a sua primeira atitude é brincar. Se observarmos o reino animal também constatamos procedimentos idênticos, quando dois cães bebés brincam estabelecem regras pois ao morderem as orelhas uns dos outros mordem só até o ponto de não ferir, as suas acrobacias e procedimentos não são nada mais do que uma aprendizagem para o que será a sua vida adulta.
O jogo também tem uma função protectora pois nele escolhemos os riscos que podemos correr, as regras que limitam as nossas capacidades e leva-nos a atingir uma perfeição que embora limitada e provisória traz-nos uma satisfação pessoal. Este facto não é suficiente para alimentar o ego do ser humano pois ele continua a viver em insegurança, e para colmatar esta lacuna surge o sagrado. O sagrado e o lúdico tem em comum o facto de não fazerem parte da vida real mas terem uma função idêntica em relação à mesma, que é retirar temporariamente o homem da sua vida real que em muito se assemelha a uma selva.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Na realidade, eu sou aquilo que não sou





Quem é que eu sou realmente? Sou as várias personagens que eu criei e represento e nas quais acredito com tal convicção que acabo por perder-me dentro delas, ou serei uma outra pessoa que nem sei que existe?
Isto tem tudo a ver com a obra “A apresentação do eu na vida de todos os dias” de Erving Goffman e da qual passo a descrever de forma muito sucinta algumas ideias que retirei da mesma.

Erving Goffman em vez de fazer uma análise do que é a realidade, debruça-se sobre a forma como vemos a realidade, ou seja em que circunstâncias pensamos que as cenas que vemos ou fazemos são reais. Na sua perspectiva toda a gente em toda a parte com maior ou menor consciência está sempre a representar, todos somos actores.
Por essa razão, e na sua óptica é que utilizamos a palavra “pessoa” que tem origem na palavra grega prósopon que significa máscara. A pessoa que nos tornamos ao representar certos papeis e a forma como vemos as representações dos outras pessoas, passam a ser as personagens mais verdadeiras, pois são nelas que projectamos os nossos ideais, no fundo, aquilo com que nos gostaríamos de parecer.
A personagem que representamos e o que realmente somos acabam por fundir-se e formar a pessoa (máscara) pois segundo o autor nascemos como indivíduos, adquirimos carácter e só depois é que nos transformamos em pessoas (máscaras)
Para podermos representar uma máscara que seja coerente é necessário cumprir certos deveres sociais, e actuar de forma consistente. Goffman recorre a vários exemplos para demonstrar as dificuldades que existem no desempenho da máscara e apresenta soluções para as ultrapassar.
O autor classifica a forma como desempenhamos os nossos papéis, de “cínico” quando não acreditamos nos papéis que representamos, nem temos interesse em convencer a nossa audiência e de “Sincero” quando acreditamos na impressão que o nosso desempenho vai causar.
Goffman chama de fachada a um conjunto de elementos através dos quais o publico avalia ou descobre onde decorre a cena qual é o estatuto do autor assim como o papel que o mesmo procura desempenhar. Dela fazem parte o “Quadro” constituído pelo cenário e o palco onde se irá representar a acção humana e outras subdivisões como “aspectos cénicos da fachada”, fachada pessoal” etc.
A minha interpretação do texto é que perante a sociedade em que vivemos, acabamos por criar adaptações para podermos responder de maneira satisfatória às expectativas solicitadas pela mesma. Tentamos criar perante a sociedade a imagem que a própria sociedade define como ideal e assim podermos impressionar os outros elementos da sociedade positivamente. Esta situação também é válida perante nós próprios, que normalmente queremos ser aquilo que idealizamos e não o que somos na realidade. O benefício do desempenho é que “ Se nunca tentássemos parecer um pouco melhores do que somos, como seriamos capazes de nos tornar de facto melhores” .