quinta-feira, 30 de março de 2017
O Quinto Império
quarta-feira, 15 de março de 2017
Evoluindo
Segundo
a Associação Vegetariana Portuguesa, em 2007 existiam em Portugal cerca de
30.000 vegetarianos. Em 2014, a Associação Portuguesa de Medicina
Preventiva anunciou que esse número ascendia a cerca de
200.000. Muitos podem questionar estes números, mas, poucos contestarão a
gestão comercial da McDonald’s,
cuja cadeia de restaurantes em Portugal, lançou um hambúrguer vegetariano,
o McVeggie, composto por quinoa
e vegetais. Ninguém acredita que a maior cadeia mundial de restaurantes de fast food, iria investir
num produto que não tivesse um grande número de consumidores. Esta
pequena introdução vem a propósito dos projetos de lei, que primeiramente
apresentado pelo partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) e, posteriormente
pelo Bloco de Esquerda (BE) e Partido Ecologista os
Verdes (PEV), torna obrigatório a inclusão de pelo menos uma opção
vegetariana (que não contenha nenhum produto de origem animal) nos menus de
todas as cantinas públicas e refeitórios do Estado. Esta lei, foi aprovada
no parlamento na passada sexta feira com a abstenção do PSD e CDS e
concordância dos restantes partidos que compõem o hemiciclo. Aguarda
promulgação e a respetiva publicação em Diário da Republica. Prevê-se
que entre em vigor daqui a dois meses. De salientar, que a aprovação da lei,
foi pedida em petição pública por mais de 15 000 pessoas. A Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica (ASAE) assegura a fiscalização e o
cumprimento da lei, sendo esta a instituição à qual qualquer cidadão pode
enviar uma queixa. Assim, acabará a discriminação
que existia em relação às pessoas que têm uma opção de vida
vegetariana. Mas, como uma boa notícia nunca vem só, esta semana foi
publicado em Diário da Republica, no dia 3 de março, o novo estatuto
jurídico dos animais. Esta nova lei, largamente noticiada aquando da sua
promulgação pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,
entra em vigor no próximo dia 1 de maio. O estatuto reconhece os animais
como: “Seres vivos dotados de
sensibilidade e objeto de proteção jurídica”. Esta
legislação vem alterar o anterior código penal, no qual os animais eram
considerados coisas. Estas novas leis, só surpreendem aqueles que não
conhecem a história da evolução das leis em Portugal. O nosso país ao
longo da sua história tem estado na vanguarda das leis que acabaram com
muitas injustiças e desigualdades sociais. Vou mencionar apenas algumas
das que considero mais importantes: Portugal foi o primeiro país no mundo
a inscrever na Constituição a abolição da pena de morte. Já, em 1761
Portugal tinha sido o primeiro país a abolir a escravatura, embora de forma
restrita, pois só abrangia o território Continental e a Índia. Em 1869, foi
aprovada a abolição completa da escravidão no império português. Em 1867, primeiro código civil,
começou em Portugal a evolução dos direitos das mulheres. Em
1889, Portugal já tinha uma mulher médica e, em 1890 é autorizado o acesso
das mulheres aos liceus públicos. Mais recentemente, o ordenamento jurídico
português consagra, em sede de lei Constitucional, Direitos Fundamentais dos
Cidadãos com Deficiência. Esta lei consagra às pessoas portadoras de
deficiência o direito social, designadamente o direito à subsistência
condigna. Também possuímos uma lei de bases do ambiente, bastante
ambiciosa, que defende o direito dos cidadãos a terem um ambiente humano e
ecologicamente equilibrado. Portugal, subscreve na íntegra a declaração sobre
os direitos das pessoas pertencentes a minorias Nacionais ou Étnicas,
Religiosas e Linguísticas. Muitas destas leis que têm sido fundamentais para a
evolução da nossa sociedade, provêm de propostas de pequenos partidos, ações
individuais e movimentos de cidadania. Dai, a importância de não criarmos
bipolarização politica, dispersarmos os votos, darmos oportunidade às várias
correntes de pensamento e, criarmos sinergias que contribuam para uma sociedade
mais equilibrada e solidária.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Rendimento Básico Incondicional
Uber e Volvo juntam-se para
testar carros sem condutor; Ford quer lançar carro sem condutor até 2021; A
partir de agora todos os carros da Tesla são produzidos com tecnologia
necessária para no futuro serem carros sem condutor. Estas são algumas das
notícias produzidas diariamente anunciando avanços tecnológicos. A produção
deste tipo de veículos Inevitavelmente vai provocar desemprego em milhões de
pessoas cuja profissão é conduzir. As empresas que se dedicam à tecnologia estão
a evoluir os robôs. Segundo estudiosos desta área a inteligência artificial provocará
nos próximos anos uma perda líquida superior a cinco milhões de empregos, nos
15 países líderes. Robôs que trabalham sem revindicações, dias inteiros sem
parar, sem férias, sem horas de almoço, sem doenças, são um aliciante para as
grandes empresas. As máquinas deveriam ajudar o humano, diminuindo as horas
laborais humanas e, concomitantemente melhorando as suas condições salariais. Mas,
a ganância humana não permite que assim seja, então a máquina em vez de ajudar
o humano coloca-o no desemprego e sem meios de sustentação. As pessoas não
podem morrer à fome, vai ser preciso arranjar meios de sustentabilidade para
esses milhões que sem emprego, precisam viver com o mínimo de dignidade. Para
colmatar esta situação, surge o chamado Rendimento Básico Incondicional (RBI).
O que é o RBI? O RBI é uma prestação a ser atribuída a cada cidadão,
independentemente da sua situação financeira, familiar ou profissional, que lhe
forneça condições para viver com o mínimo de dignidade. O RBI, não discrimina
ninguém, pois todos o recebem e garante uma autonomia financeira às pessoas com
mais dificuldades. Esta é uma forma de tentar acabar com a pobreza. Assim dito,
parece uma utopia, uma proposta de alienados, pessoas ignorantes e
irresponsáveis. Mas não é assim, é uma proposta que pode ser viável e com estudos
de implementação a serem efetuados em países como a Finlândia e a Noruega. Na Suíça,
embora sendo rejeitado, foi efetuado um referendo sobre a atribuição do RBI a
Suíços e estrangeiros legais no país há pelo menos cinco anos A ideia de um
rendimento mínimo fixo não é nova. Existe um movimento internacional que desde
1986 defende esta ideia. Este tema é destaque em Portugal devido ao partido
Pessoas Animais e Natureza (PAN) defender um estudo para a sua implementação no
nosso país. Segundo o PAN, ao aplicar o RBI iriam desaparecer muitas das
prestações sociais (não contributivas) como o complemento social para idosos,
pensões de invalidez, rendimento social de inserção, desemprego e, poderia ser
atribuído um valor limite para atribuição de reformas, o que permitiria o Estado
poupar milhões de euros. A esta poupança ainda podemos somar uma “poupança
instantânea” em encargos públicos provocados pela pobreza aos sistemas públicos
de saúde. Segundo O PAN, com os valores das declarações de rendimentos totais
de IRS de 2012, que somaram 80 milhões de euros, aplicando metade dessa verba
para o RBI, permitiria dar 435 euros mensais a cada adulto. O PAN ao lançar
este tema para a praça pública, fez despoletar um grande interesse pelos
principais órgãos de informação e deu início a um debate público com
intervenção de algumas das principais personalidades políticas portuguesas.
Este é um tema pertinente, que na minha opinião merece uma reflexão bastante
profunda. Dei o exemplo do ramo automóvel, mas esta evolução tecnológica é
transversal a toda a área comercial, como podemos constatar presentemente nas
self-Checkout, que são a mais recente forma de pagamento nas grandes
superfícies e que dispensam o operador de caixa e, os projectos de construção
dos chamados supermercados “inteligentes”
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Cassandra
Cassandra era a mais formosa das filhas de Príamo rei de
Tróia. A mitologia grega, através da ilíada, conta que o Deus Apolo concedeu a
Cassandra o dom de predizer o futuro em troca do seu amor por ele. Mas, Cassandra
faltou à sua palavra. Apolo irritado, ordenou que as profecias de Cassandra não
merecessem algum crédito e quem às ouvia acabava ridicularizando as mesmas.
Assim, quando Cassandra previu a destruição de Tróia, ninguém levou a sério, o
mesmo aconteceu quando pediu que destruíssem o famoso cavalo de Tróia e, com a
profecia sobre a morte de Ageamenon. Consideravam-na louca. Como sabemos, essas
profecias acabaram por concretizar-se. Hoje, na psicologia, utiliza- se o
termo: “síndrome ou complexo de Cassandra”, uma metáfora para designar pessoas
que, apesar de falarem verdade, são tidas como mentirosas, ou quando alguém
visando o melhor, avisa e aconselha, mas os seus avisos e conselhos são
ignorados. Fazendo uma analogia e um pouco de ironia, parece-me quea maldição
do Deus Apolo, que ao longo dos séculos tem atingido as mais diversas
intelectualidades da história, hoje atinge fundamentalmente os defensores da
sustentabilidade do planeta e, aqueles que se preocupam com o bem comum e com o
futuro das gerações vindouras. Isto passa-se a nível regional, Nacional e
internacional. Quem não se lembra da famosa palmeira no Porto Santo, várias
pessoas alertaram para a sua perigosidade, foram ignoradas e vítimas de
chacota, a mesma acabou por cair fazendo duas vítimas. Os avisos públicos
feitos pelo geógrafo Raimundo Quintal, para uma possível catástrofe devido ao
estado das ribeiras e zonas adjacentes. O geógrafo foi acusado de profeta da
desgraça, inimigo da Madeira e ridicularizado. Depois o previsto aconteceu e foi
a destruição que se viu. Um recente relatório da ONU aponta a América Latina
como a região mais hostil aos ambientalistas. Por toda a América latina e
Caraíbas, os activistas ambientais são desacreditados, classificados como “
antidesenvolvimento” e, enfrentam os piores obstáculos na sua luta por um mundo
mais sustentável. Em muitos casos a sua cruzada em prol do planeta e dos
direitos humanos tem custado as suas vidas. Entretanto vão-nos chegando
notícias credíveis sobre o estado em que estamos deixando a nossa casa. No
oceano Pacífico existe a maior lixeira do mundo, conhecida nos meandros
científicos pela “ Sopa de plástico”. Estima-se que esta lixeira flutuante seja
composta por cerca de cem milhões de toneladas de lixo. Segundo a ONU, os
resíduos de plástico matam por ano mais de um milão de aves marinhas e mais de
cem mil mamíferos marinhos. A verdade (incómoda) sobre a produção de animais em
serie, para um consumo desmesurado de carne que está dizimando os recursos
naturais do planeta. As florestas estão perdendo a área de um campo de futebol
por segundo, para a criação de pastos para a pecuária, que por sua vez também é
considerada a principal fonte de contaminação de oceanos, rios e aquíferos. O aquecimento global, segundo as últimas notícias está chegando
ao aumento de 1ºC, ou seja, à metade da trajectória para um aquecimento de 2ºC
que é considerado pelos climatologistas como “perigoso”. A enumeração destas
situações continuava mas falta-me espaço. Não sejamos como os troianos, não
passemos a vida a ridicularizar todos aqueles que nos avisam sobre o mal que
estamos a fazer à natureza e, as consequências nefastas que isso ira trazer.
Sejamos seres inteligentes, analisar, reflectir e agir pela nossa consciência.
Não deixemos que a nossa Tróia (planeta) seja destruída.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
A CASA DOS HÓSPEDES

Adaptado de um poema do mestre Sufi do século Xll: RUMI
O “ser
humano” é uma casa de hóspedes.
Cada manhã
é uma nova visita.
A alegria,
a depressão, a maldade, a falta de
sentido
Aparecem, como
uma visita inesperada.
Devemos
a todos dar as boas vindas e entretê-los
Mesmo que
sejam uma multidão de dores e mágoas
Que
violentamente varram a nossa casa e, levem a mobília
Mesmo
assim, devemos tratar honradamente cada hóspede
Ele pode
estar a purificar-nos
Para que
possamos receber uma nova alegria.
O
pensamento obscuro, a vergonha, a malícia
Devemos recebe-los
à porta rindo
E, convidá-los
para entrarem.
Sejamos
gratos a quem quer que venha
Porque
cada um foi enviado
Como um
guia do além.
domingo, 6 de novembro de 2016
Sustentabilidade
Estima-se que anualmente
a nível mundial são abatidos nos matadouros mais de 60 biliões de animais (sem
contabilizar o abate doméstico). Esta é uma frase que por si só, pode não ter
muito significado. Mas, se fizermos uma pequena análise sobre o que está por
detrás desta simples frase, logo ganha proporções gigantescas. O percurso de um
animal até o matadouro tem uma pegada ecológica de grandes dimensões. Como a
maior parte das pessoas não tem sensibilidade para a exploração e sofrimento
dos animais, este artigo, tem como objectivo alertar para as causas ambientais
e, fazer compreender a influência que a causa animal tem na sustentabilidade do
planeta.
Então vejamos: Mais de metade da água potável
do mundo é destinada à pecuária. A produção animal consome até dez vezes mais
água do que a usada pela agricultura. Trinta por cento da superfície terrestre
do planeta é utilizada pela pecuária e até setenta por cento da superfície
agrícola pertence à criação de animais. Metade da produção mundial de grãos é
destinada à pecuária. Cerca de oitenta por cento da produção mundial de soja,
setenta por cento da produção mundial de milho e setenta por cento da produção
mundial de aveia são destinadas ao consumo animal. Mais de oitenta por cento do
desmatamento da Amazónia brasileira destina-se à pecuária. A quantidade de
comida atualmente consumida pelo gado mundial alimentaria mais de nove biliões
de pessoas, uma vez que a população humana mundial é de sete biliões, a
quantidade de alimentos destinados hoje ao gado seria mais do que suficiente
para alimentar toda a população humana e, cobriria as necessidades de uma
população mundial só prevista para 2050. Os recursos usados para alimentar dois
biliões e meio de pessoas com produtos animais, poderiam alimentar vinte
biliões de pessoas com uma alimentação vegetariana.Com uma alimentação
vegetariana, alimentaríamos três vezes a população atual do planeta e ainda
haveria sobra de alimentos. Para produzir 1kg de arroz são precisos 2 litros e
meio de água, 1 kg de trigo cento e trinta litros, 1 kg de carne de bovinos
dezassete mil litros. Mais de cinquenta por cento dos gases do efeito estufa
ocorre devido à pecuária, sendo maior que a produzida pelos automóveis que é de
cerca de onze por cento. A produção animal é a principal causa de poluição de
rios e lagos. Os dejetos suínos têm um potencial poluidor duzentos e cinquenta
vezes maior do que o esgoto doméstico.
Podemos concluir: 1 - Com
uma alteração dos nossos hábitos alimentares e de consumo o planeta é auto
sustentável. 2- Deixam de fazer sentido os argumentos da indústria dos
transgénicos que para a produção destes alimentos tão nefastos para a natureza, argumentam para a sua utilização o; “suprir as necessidades alimentares do
planeta” 3 - Urge tomar medidas para evitar uma catástrofe que se avizinha.
Mas, existe uma resistência muito grande, mesmo a nível do próprio Estado, como
por exemplo, a chamada Comissão de Trabalho, de Administração
e Serviço Público que rejeitou o Projeto de Lei 4624/12, que criava o “Programa Segunda Sem Carne”. O texto proibia
o fornecimento de carne e seus derivados às segundas-feiras nas escolas da rede
pública de ensino ou de quaisquer órgãos públicos, obrigando-os a expor em
local de fácil visibilidade um cardápio vegetariano. Nós não podemos mudar as
pessoas, mas podemos ser a razão pela qual as pessoas mudem. Continuaremos a
alertar, e como dizia a canção “ até que a voz me doa”
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
A Cidade e as Serras
O romance “ A cidade e as Serras “ de Eça de Queiroz, escrito nos finais do
século XIX, parece ser uma visão antecipada de uma realidade que é muito
actual. O Jacinto, protagonista do romance, até aos seus 34 anos, personifica
grande parte da nossa sociedade que vive de e para o progresso tecnológico.
Vivemos numa sociedade de consumo, destruidora de recursos, alheia à
sustentabilidade do planeta, que pensa unicamente no seu bem-estar imediato.
Muitos de nós estão a tornar-se seres amorfos e egoístas que privilegiam a
socialização através das redes sociais em detrimento do contacto físico. Já é
comum numa casa, cada elemento da família encontrar-se isolado dos restantes
elementos, vivendo no ciberespaço ou isoladamente a ver o seu programa de
televisão preferido. Voltando ao Jacinto, este, nasceu e cresceu rico na
vanguardista cidade de Paris e, vivia com a convicção de que a felicidade dependia
da perfeita simbiose entre a cultura e a tecnologia, que a ciência avidamente disponibilizava
para o seu bem-estar pessoal. Era um comprador compulsivo de todos os gadgets
da altura, costumava dizer: “O homem só é
superiormente feliz quando é superiormente civilizado” Na sua casa, o opulento
Nº 202 dos Campos Elísios, Jacinto disponha de Telégrafo, telefone, elevador,
máquina de escrever, conferençofone, teatrofone, máquina de calcular e uma
biblioteca com cerca de 30 mil volumes. Eram festas e
banquetes com a alta burguesia. Contudo, Jacinto mergulhou no mais profundo
tédio e, como filosofava o seu amigo Zé Fernandes “…o homem tornava-se escravo
de uma ilusão infeliz”. O romance acaba com Jacinto vivendo em Portugal, mais
propriamente no baixo Douro em Tormes, antiga terra dos seus avós. Ai descobre
a felicidade na rusticidade e no trivial, começa a apreciar as estrelas, as
cores da natureza o ar da Serra o “ vinho com alma” O arroz com favas melhor
que os pratos gourmets e de lá nunca mais saiu. Hoje temos a televisão com mais
de duzentos canais, jogos digitais, Facebook, Instagram, Youtube e o Google que
tem muito mais informação que os mais de 30 mil volumes da biblioteca do
Jacinto. Tal como o protagonista do romance continuamos a ser consumidores
compulsivos de gadgets, só que com outras designações, hoje são: Tablets,
Computadores, Smartphones, Leitores de MP3 e muitos mais. A mim preocupa-me o
vazio que este tipo de hábitos está a provocar na sociedade. Sou um usuário da
maior parte desta tecnologia e penso que se bem administrada é uma mais-valia
para a humanidade. Mas, não podemos deixar morrer as tertúlias, que já nos
séculos xix e xx faziam parte da intelectualidade Portuguesa, que do cruzar de
ideias e debate de opiniões, surgiram novas formas de pensar a sociedade. As
noites de serão, as discussões pela noite dentro onde dissertam os pluralistas
e os obstinados, nunca foram tão importantes como agora. Após o jantar é
preciso sair de casa, ocupar as mesas dos cafés, filosofar, falar do trivial,
do raro e, contribuir para a mudança que queremos ver no mundo. É necessário
revitalizar o conceito de família que cada vez mais desagregada está a
construir uma sociedade sem valores. No momento em que já é preciso 1, 6
planetas para satisfazer o consumismo, é necessário criarmos um novo paradigma
ecológico. Rapidamente temos que deixar de ser tão virtuais e mais humanos, estarmos
mais juntos, física e espiritualmente. Correremos o risco de calmamente em
casa, através da televisão, assistirmos às imagens da destruição do planeta e,
quando despertarmos não termos a sorte que o jacinto de Tormes teve, descobrir
a felicidade ao meio da natureza, porque ela pode já não existir.
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