Existe a desculpa esfarrapada cujo expoente é a famosa frase: “eu não tenho culpa, a culpa é do meu signo”,
a desculpa religiosa “a culpa é do diabo,
foi ele que me tentou” e a desculpa cientifica, “A culpa é do Gene “. A
desculpa é transversal a toda a sociedade, desde o trivial ao argumento mais
sofisticado, existem desculpas para todos os gostos. No parlamento brasileiro uma
deputada expressou de forma convicta: “A
corrupção está no DNA do brasileiro”. É sobre a desculpa científica que vou
tecer algumas palavras neste artigo. Não me querendo imiscuir numa área que não
domino, limito-me a referenciar somente o que a um leigo é permitido. O DNA é
constituído por cromossomas que por sua vez são constituídos por genes. Os
genes são um género de manual de instruções codificadas. A nossa herança
biológica, (hereditariedade) é transmitida pelas características codificadas
nos genes. Segundo o biólogo Dawkins, os genes é que criaram o nosso corpo e a
nossa mente. Compreendendo a parte biológica dos genes, já não é tão claro, que
sejam eles os responsáveis pelas nossas atitudes, perfil psicológico, emoções,
opções morais e éticas. É comum a expressão: “Não podemos fazer nada, ele é assim,
faz parte da sua genética (feitio)”. O geneticista Dean Hamer, depois de já
ter mencionado um gene responsável pela homossexualidade, mais propriamente o cromossoma
x secção xq28, saiu recentemente com um livro (O gene de Deus) que revela o gene
(Vmat2) como responsável pela fé religiosa. Embora não explique se foi esse gene
responsável pelo homem criar Deus ou se foi Deus que criou esse gene para o
homem saber da sua existência. Também um estudo efectuado na Finlândia revelou
dois genes que podem estar ligados à violência. Já se identificou o gene do
alcoolismo e, até o da promiscuidade e da infidelidade. Ou seja, nós não somos responsáveis pelas nossas ações, mas umas
“pobres” vítimas dos genes. É claro que estes argumentos já estão a ser
utilizados habilmente pelos advogados para redução de penas. Acredito no livre
arbítrio filosófico, doutrina que afirma: “o ser humano é livre de escolher ou
decidir em função da sua própria vontade, estando isento de qualquer
condicionamento prévio ou causa determinante” Acredito na educação que por sua
vez produz o respeito. Acredito na consciência e, não acreditando na religião,
acredito na espiritualidade. O corpo não é simplesmente
uma máquina para a sobrevivência e transmissão dos genes é, também uma entidade
para o desenvolvimento do espírito. O que provoca o alcoolismo não é o gene é,
a infelicidade e a miséria humana. Os cerca de 800 milhões de pessoas ameaçados
de morte por causa da fome, devido ao desperdício de alimentos. Os 60 biliões
de animais mortos por ano nos matadouros, o aquecimento global, a infestação
dos produtos agrícolas com químicos e toda a destruição da natureza, as guerras
para fomentar a venda de armas, a precariedade no emprego e desigualdades
sociais, nada disto tem desculpa, a culpa não é dos genes, dos signos ou do
diabo é da estupidez humana, que como Einstein disse: “É infinita”.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
domingo, 31 de dezembro de 2017
Reprogramação
Já defendiam os pensadores da
antiga Grécia e mais tarde Marx e Sartre, entre outros, que o homem é um animal
social e produto do meio em que vive. O homem mentalmente constrói-se a partir
das suas relações sociais, sendo influenciado pelos paradigmas (cultura) que
lhe são impostos desde a mais tenra idade. Somos vitimas e cúmplices de uma
educação familiar, religiosa, escolar e social. “...nascemos originais e morremos cópias “esta frase retrata a vivencia
da maioria das pessoas. Somos treinados para sermos trabalhadores e não empreendedores.
A sociedade de forma inteligente e, sabendo que um indivíduo num determinado
ambiente se ajusta ao mesmo, molda os seus membros conforme as suas
necessidades. Esta organização (sociedade) gerou mecanismos de repetição
constante, que por sua vez acabam por criar automatismos, na ação dos indivíduos. Os vícios, são um exemplo de
como a repetição constante manipula facilmente o ser humano. Podemos constatar
este aspeto mesmo nas chamadas drogas legais: cafeína, nicotina e álcool,
aceites e fomentadas socialmente, cujo efeito dissuasor de uma sociedade
estratificada, instrumentalizada e altamente competitiva, serve plenamente os
objetivos dessa mesma sociedade. Estaremos condenados a ser apenas um produto
do meio em que vivemos? Eu penso que não. Nós podemos ser subversivos, temos
capacidade para fazer uma reprogramação “emocional”, destruir padrões “mentais”
entranhados, mudar de hábitos criando novos paradigmas. Com a repetição
sistemática de um determinado comportamento o cérebro cria vias sinápticas mais
rápidas fazendo com que ações promovam outras ações de uma forma quase
automática. Assim foram criados os nossos atuais padrões de comportamento e,
desta forma também podemos criar novos hábitos, abandonando aqueles com que não
concordamos. Mas, é importante sabermos que os novos hábitos levam algum tempo
a se fixarem. Também é preciso lembrar que os nossos antigos hábitos sugiram
através de repetições de comportamento e, mesmo depois de “quebrados”, esses
comportamentos podem ser reativados sobre o menor estímulo. Depois de
adquirirmos novos padrões de comportamento, não devemos abrir alguma exceção
para voltar a utilizar algum dos padrões que com tanto esforço conseguimos eliminar.
Alterar comportamentos pode ter um efeito que vai muito além do fator
individual. Dou o exemplo do que uma simples alteração dos hábitos alimentares
pode fazer: foi feito um estudo pela universidade de Oxford onde prova
cientificamente que ser vegetariano reduz para metade a pegada ecológica. Como
podemos verificar os nossos comportamentos podem ter impacto a nível global. Nota-se
um número crescente de pessoas a quererem alterar os seus padrões de
comportamento, mas nós somos seres programados, a mudança mete sempre medo, exige
esforço e dedicação. Qualquer um de nós
e após uma introspeção, se quiser, pode mudar qualquer hábito por muito enraizado
que esteja. Na minha opinião o fator importante para conseguirmos reprogramar
os nossos hábitos não é a força de vontade, mas a consciência e a capacidade de
se liderar.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Sete Anos
Nas últimas semanas têm surgido
na comunicação social, com maior regularidade, alguns nomes que são
desconhecidos por grande parte das pessoas. Refiro-me a: WEB Summit, Startups e CEOs. Simplificando esta terminologia: a
Web Summit é simplesmente uma
conferência sobre tecnologia que se realiza anualmente desde 2009. Startups são empresas que iniciam uma
atividade com baixo custo de manutenção em atividades inovadoras no mercado e
crescem rapidamente aumentando grandemente os seus lucros. Os CEOs são os chefes máximos das grandes
empresas, responsáveis pelas suas estratégias e visão. Como podemos constatar,
não vale a pena ficar amedrontado com estas nomenclaturas, pois sempre houve
conferencias sobre tecnologia, empresas que apostando com baixos custos em
produtos inovadores, tornaram-se grandes empresas e, também sempre houve “Chefões”
que orientaram e inovaram com grande visão grandes empresas. No suplemento
Económico do Expresso de 18 de novembro, a jornalista Sónia Lourenço, faz um
excelente artigo tomando por tema uma informação da consultora Deloitte, em que esta consultora prevê
sete anos para o surgimento de “alterações
drásticas nos modelos de trabalho e nos próprios trabalhadores com a entrada no
mercado global das novas gerações”, isto quer dizer que as empresas e os
trabalhadores têm um espaço temporal bastante curto para se adaptarem à nova
realidade. Neste artigo a jornalista faz menção ao robô “Sophia” que na Web Summit
realizada recentemente em Lisboa disse: “Nós
não vamos destruir o mundo, mas vamos roubar os vossos empregos”, depois
fazendo referência a um estudo, diz que em Portugal 57% dos empregos são
vulneráveis à automação. Na minha modesta opinião, a forma como toda esta
temática é apresentada, tem objetivos que ultrapassam a simples informação da
evolução tecnológica. Visa preparar as pessoas com menos habilitações para o
desemprego, atribuindo as culpas à tecnologia e passando uma mensagem de
incapacidade técnica para acompanharem os tempos que se seguem. O avanço
tecnológico não vai fazer desemprego, o que vai produzir desemprego é a
ganância humana. O desemprego atual não é devido aos computadores nem às
máquinas é devido à deslocação das grandes empresas para os países emergentes e
do terceiro mundo à procura de mão de obra barata e onde é fácil escravizar
seres humanos, tudo isto em nome do vil metal. Mesmo nos países desenvolvidos
as empresas, alegando engenharias financeiras, promovem o trabalho precário e o
desemprego. A história ensina que a
evolução tecnológica não produz desemprego, pelo contrário o número de empregos
que cria é superior ao que destrói. Citando Sérgio Lee, sócio da Deloitte a revolução industrial acontecida
no início do século XIX, “embora
alterando a estrutura de emprego, gerou mais empregos que os que eliminou”.
Sérgio Lee defende: “acreditamos mais no
conceito de Inteligência aumentada no que no de inteligência artificial….A nova
espécie dominante serão seres humanos “mesclados” com máquinas”.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Não Obstante a Palavra
Não obstante a
palavra “vegetariano” já não ser uma palavra exótica e, reconhecendo que
atualmente existe uma maior curiosidade e procura de informação sobre a
alimentação vegetariana, ainda assim, existem alguns mal-entendidos sobre este
tipo de alimentação. Estando referenciados vários tipos de vegetarianismo, na
maior parte dos casos, quando alguém diz ser vegetariano, simplesmente está a
dizer que não come animais. Com exceção dos vegetarianos” Vegans” que além de
não comerem animais, não consomem nenhum produto de origem animal, grande parte
dos vegetarianos têm uma alimentação que se coaduna com a alimentação dita”
Normal” Omnívora, excetuando três alimentos: carne, peixe e marisco.
Desmistificando o vegetarianismo, começo por dar o exemplo de um convívio onde
consta uma refeição omnívora e, a presença de um vegetariano nesse convívio
possa causar algum constrangimento ao anfitrião. A pergunta mais comum é: mas o
que é que vou cozinhar para ele? É muito fácil. À exceção do animal, o
vegetariano come de tudo. Todo o tipo de farináceos, legumes, leguminosas,
frutas e alguns até comem ovos, queijos e demais derivados do leite, que podem
ser preparados e cozinhados de qualquer forma. Ou seja, com os ingredientes que
estão a fazer a refeição omnívora, só não adicionando a carne, peixe ou
marisco, poderão fazer uma bela refeição vegetariana. Todos esses alimentos
quando bem confecionados e condimentados com as excelentes especiarias que
existem, fazem pratos deliciosos para o vegetariano ou qualquer outra pessoa.
Ao contrário do que se pensa, o vegetariano não é somente um comedor de
saladas. Embora possa comer, o vegetariano também não é um comedor de soja,
tofu, Shoyu, Algas, seitan, alimentos integrais e, tantos outros produtos que
fazem parte da alimentação macrobiótica e não da alimentação vegetariana. O vegetariano faz uma alimentação completamente normal, só
não come animais. Como acontece com pessoas que por motivos de alergias,
gustação ou alguma sensibilidade, não comem certos alimentos é, normal que também
algum vegetariano tenha algumas restrições mesmo nos alimentos que podem fazer
parte do seu cardápio. Anteriormente mencionei que existem vários tipos de
vegetarianismo, este facto está diretamente relacionado com as motivações que
levam as pessoas a esta prática. Podem ser motivos éticos (respeito pela vida
dos animais), a própria saúde, razões ambientais (ecológicas e económicas) ou
por razões espirituais. Independentemente do regime alimentar ou da razão da
opção, o importante é sermos consumidores responsáveis e estarmos conscientes
que a nossa opção alimentar tem consequências devendo ter em conta: um baixo
impacto ambiental, proteger e respeitar a biodiversidade e o ecossistema, ser
sustentável, nutricional e saudável. Daí, devermos dar preferência aos produtos
sazonais, nacionais, de origem vegetal e produção biológica. Assim também
ajudaremos os agricultores e mercados locais e concomitantemente estamos a ser
uteis à economia global.
domingo, 30 de julho de 2017
Capitalismo Global
Império:
“Unidade política que abrange uma vasta
extensão territorial e que integra povos com diferentes culturas sob um único
poder, independentemente da forma de governo”. Nos últimos dois milénios, utilizando a força
e as invasões militares floresceram impérios como o Helénico, Romano,
Bizantino, Otomano entre outros, com um objetivo comum, conquistar terras e ter
um domínio total sobre as suas riquezas e povos. Todos esses impérios eram
personificados por uma grande figura, uma nação ou um sistema político. Assim
sendo, a sua génese estava identificada e, foi possível lutar contra esses
poderes e vencer. O imperialismo para os historiadores foi dado como extinto e,
ao longo das últimas décadas um sistema democrático e a independência das
nações foi-se impondo na generalidade dos países. Mas, subtilmente, surgiu um
novo modelo de domínio, que sem rosto, nação ou sistema politico, cumpre na
integra os objetivos do antigo Império. Tem um especto aparentemente
inofensivo, objetivos altruístas, é atrativo, fascinante, domina as sociedades,
sistemas políticos e nações. O império não acabou, mudou de estratégia. Hoje
não utiliza as invasões militares como antigamente, o atual sistema imperial
cujo nome é: “capitalismo global” faz exatamente o que os antigos impérios
faziam, invade as nações, domina os seus povos e riquezas. Este sistema
conseguiu absorver e comprometer as elites da maior parte dos países, fossem
eles considerados ricos, emergentes ou pobres. Impôs ao mundo um mercado livre
e global, os estados, seus habitantes e as multinacionais começaram a funcionar
em função desse mercado. Criou-se mecanismos que permitiram a transferência de
empresas e empregos dos países desenvolvidos para países onde a mão-de-obra
qualificada e a matéria-prima são mais baratas e com uma baixa carga de
impostos. Tudo vale para fazer riqueza, o império não permite que alguém o
conteste, só no último ano foram assassinados 200 ativistas ambientais, por
contestarem o sistema. Conforme escreveu
Aldous Huxley “A ditadura perfeita terá a aparência de uma democracia, uma
prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão com a fuga. Um sistema de
escravatura onde graças ao consumo e divertimento, os escravos terão amor à sua
escravidão” É alarmante a nível
ambiental a crescente destruição da biodiversidade e o uso excessivo de
recursos naturais, a nível social, o aumento de desemprego e trabalho precário
nos países desenvolvidos. O capital precisa de transformar continuamente a
natureza em mercadoria para sustentar o seu crescimento, a sua expansão tem de
ter um ritmo sempre crescente para que não caia em crise e haja uma queda das
ações. O consumismo excessivo está a ser introduzido nas populações como uma
droga altamente viciante. O “capitalismo global” a seguir às armas atómicas é a
maior ameaça que o mundo já enfrentou. Cabe a cada um de nós, ter consciência
desta realidade e iniciar a sua luta contra o sistema, não se deixando
manipular e passando esta mensagem tão importante para a salvação do planeta e
da raça humana.
sexta-feira, 9 de junho de 2017
Uma boa Notícia
Maria Helena Braga, uma investigadora portuguesa docente da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) está ligada a uma descoberta
tecnológica com enormes benefícios para meio ambiente. Helena Braga e a sua equipa,
descobriram o eletrólito sólido de vidro, sobre o qual em 2014 publicaram um
artigo na revista cientifica “Materials
Chemistry A”, que serviu de base para o grande interesse demonstrado pela
comunidade científica internacional. Esta descoberta pode ser a solução para a
construção de um novo modelo de baterias com um impacto ecológico positivo de
grandes dimensões. Sem entrar em pormenores técnicos sobre os quais não estou
capacitado, menciono apenas aquilo que mais interesse tem para o cidadão comum.
O eletrólito de vidro permite construir baterias com três vezes mais capacidade
de armazenamento do que as produzidas atualmente. O uso de eletrólitos de vidro
permite a substituição do lítio que é um material raro, por sódio que em
contrapartida é muito abundante, barato e extraído da água do mar. Não tem o
perigo de explosão e deverá ser a solução para os carros eléctricos. Pode
também ser utilizada em redes elétricas, resolvendo em grande parte a
problemática da produção de energia a partir das fontes de energia renováveis
intermitentes como a eólica e a solar. Acrescentando a tudo isto, esta bateria
tem uma durabilidade muito maior que as atuais e tem um baixo custo monetário
de aquisição, a sua reciclagem não necessita de grandes cuidados. Helena Braga
encontra-se a trabalhar no desenvolvimento deste projeto na Universidade do
Texas em Austin juntamente com o consagrado John Goodenough que foi o inventor
das baterias de iões de lítio. Embora a produção da nova bateria não dependa
dos investigadores, estes preveem o espaço de dois anos para a comercialização
das mesmas. É uma descoberta que poderá ficar na história Mundial da engenharia
física e pode ser que, após o premio Nobel da Fisiologia e Medicina ganho pelo
médico português Egas Moniz em 1946, o prémio Nobel da literatura entregue ao
escritor português José Saramago em 1998, Helena Barros conquiste o terceiro
prémio Nobel para Portugal. Noticias como esta deveriam abrir os noticiários da
rádio e televisão, serem notícias de primeira página dos jornais. Este feito
deveria servir, para quem informa e divulga, aprofundar o tema da investigação
em Portugal, entrevistar investigadores, dar voz aos que das Universidades
clamam por mais licenças sabáticas para quem quer fazer investigação, ajudarem
as universidades/ faculdades a divulgarem os seus talentos e não estar à espera
de receber de fora do país as notícias dos êxitos dos nossos investigadores. As
televisões a rádio e os jornais não podem estar só ocupados com os treinos e
jogos de futebol, com facadas e tiroteios. As principais notícias não devem ser
sobre créditos, dívidas, penhoras, prestações, juros e multas. Todos os dias existem
portugueses que fazem coisas fantásticas e essas notícias é que deveriam estar
em destaque. Que este êxito sirva para dar o passo qualitativo no ensino
público, que se avalie a possibilidade de inclusão de modelos pedagógicos
alternativos como o método High Scope, a Pedagogia Woldorf, o método
Montessori, o método pedagógico Escola Moderna entre outros que fomentam a
criatividade, desenvolvem o sentido critico, a cidadania, o autoconhecimento e
a responsabilidade. Estes métodos pedagógicos têm por objetivo desenvolver a
potencialidade cada um e estimular uma atitude cada vez mais ativa na procura
do conhecimento. Para os atuais avanços tecnológicos as formas clássicas de
ensino deixam de fazer sentido, desde muito novos os alunos devem aprender a
relacionaram-se com a comunidade, serem colaborativos e cooperativos e
compreenderem os desafios que o desenvolvimento tecnológico lhes apresenta.
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Conversas com o filósofo
Tinha o nome de “Conversas Vadias” e foi um programa
histórico passado na RTP em 1990, onde grandes personalidades do jornalismo
português entrevistaram e debateram vários temas com o Professor, filósofo e
ensaísta português Agostinho da Silva. É meu intuito, através destas breves
palavras escritas, relembrar a existência deste vulto da cultura portuguesa e
quem sabe, aguçar a curiosidade a quem não o conheça e acicatar o descobrir
desta personalidade. Todos os programas de “Conversas Vadias” estão no youtube e podem facilmente ser
visualizadas. Agostinho da Silva, falecido em 1994, foi um homem com uma visão
profética. Desafiava as pessoas s serem aquilo para que nasceram e, não viverem sendo no que a sociedade as tornou. Foi um
critico do actual modelo de ensino por achar que o mesmo cerceava a
criatividade dos alunos e, onde grassavam conteúdos sem interesse prático para
a vida. Defendia que o proliferar da tecnologia iria permitir mais horas livres
para o ser humano, que por sua vez iria viver mais anos e a escola deveria
preparar os alunos para esta nova realidade. Nas suas “Conversas Vadias”
incentivava as pessoas a extraírem algo de positivo mesmo das
situações mais adversas, pois, podia ser que fosse a vida a colocar essas
situações, que ao serem ultrapassadas levariam a uma evolução da pessoa em
questão “ não devemos dizer que a vida é
negativa e ficar presos a essa ideia, mas procurar outras soluções. Podemos ser
uma pedra a recusar o cinzel do escultor que nos quer tornar menos pedra e mais
estátua.” Quando lhe perguntaram; O que é que acontece nas situações em que
não conseguimos ultrapassar essas dificuldades? de pronto respondeu:” Pode ser que a vida seja mais inteligente do
que nós, nos faça sinais, supondo que nós somos tão inteligentes como ela e,
nós depois apresentemos soluções que afinal não são as mais correctas e
pretendidas por ela” O filósofo não gostava de dividir as pessoas entre as
que têm qualidades e as que têm defeitos. “ Em
vez disso deveríamos dizer que as pessoa têm determinadas características,
porque ao longo dos anos temos verificado que muitas vezes do que chamamos
defeitos saíram grandes obras e são as qualidades que muitas vezes às abatem.”
Abordar a obra de Agostinho da Silva pode ser importante incentivo a tudo
questionarmos, desenvolvermos uma opinião própria e não nos deixarmos
manipular. As novas tecnologias de informação estão a ser utilizadas de uma
forma muito agressiva, por vários agentes económicos, políticos e religiosos,
sendo muito importante a capacidade para filtrar toda essa informação,
utilizado somente a parte útil dessa informação. O filósofo, depois das suas
divagações, costumava dizer: “Mas esqueça
tudo isto que lhe estou a dizer, nunca pense por mim, pense sempre por você;
valem mais todos os erros que forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do
que todos os acertos, se eles foram meus e não seus. Se o criador o tivesse
querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas
cabeças também distintas”.Também dizia que : “Os
meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois
da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe
pertence. São meus discípulos, se algum tenho, os que estão contra mim; porque
esses guardam no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais
desejaria transmiti-lhe: a de não se conformarem”. Acabo transcrevendo uma
frase que li algures: “ A mente que se
abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”
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