segunda-feira, 23 de março de 2009

Treino de Musculação (que confusão)

O treino contra resistência, vulgarmente conhecido pelo treino de musculação, tem inúmeras variantes.
Para um determinado objectivo são vários os métodos, meios e conceitos, defendidos pelos mais variados treinadores. A ideia de apresentar este artigo é levar á reflexão quem está a iniciar-se na programação do treino. Vou tentar transmitir da forma como gostaria que tivessem comunicado comigo, quando me iniciei na área do treino. Sem palavras difíceis e como se fosse uma conversa de café. O método sobre o qual vou escrever é conhecido por “Pré – exaustão”. Este tipo de trabalho é utilizado por muitos para o aumento da massa muscular.É também utilizado como forma de diversificar o treino e por quem não pode despender muito tempo no Ginásio. Vou começar por mencionar alguns conceitos que são importantes para quem quer ser treinador:A força é uma qualidade física de característica neuromuscular. Quanto mais e maiores unidades motoras forem solicitadas, maior será a força desenvolvida pelo músculo. A hipertrofia como conceito, é o aumento da secção transversal do músculo. Partindo destes princípios básicos, vou seguir um raciocínio para elaborar um método de treino e os respectivos exercícios, em que o objectivo é a solicitação máxima de um determinado grupo muscular. Incidindo assim num trabalho sobre o substrato proteico. Tomo como exemplo o grupo muscular peitoral, e o exercício “supino”. Se eu utilizar o método convencional de hipertrofia 8 a 12 repetições em que a ultima repetição seja executada para que não seja possível fazer mais nenhuma, coloca-se desde logo uma questão: os principais músculos de apoio (músculos sinergistas) neste exercício, os triceps, são músculos de pequena dimensão em relação ao músculo principal o peitoral. Sendo assim é provável que eu não consiga fazer mais nenhuma repetição porque o triceps já está esgotado e não o peitoral que é o músculo Alvo. Como é que posso resolver esta situação? Através do método de” pré – exaustão”. Então como faço? É simples, escolho um exercício para o peitoral, em que não interferem os triceps, por exemplo: aberturas planas e faço várias repetições, canso o peito, os triceps ficam folgados e sem intervalo passo para o exercício principal. Então, com os triceps folgados e os músculos do peito cansados, se não consigo levantar mais a barra é porque o peito já não tem mais capacidade e não devido ao cansaço dos triceps. Simples? Claro, que sim! Esta situação acontece noutros exercícios, por exemplo: subida na barra (dorsal) quando já não consigo subir. Neste exercício o principal músculo de apoio são os bíceps e como são muito mais pequenos que o dorsal, esgotam muito antes do que o dorsal, impedindo que trabalhe até ao esgotamento. Neste caso, posso utilizar o exercício Pullover em que o dorsal trabalha e o bíceps não, depois, faço o procedimento anterior. Também no agachamento o principal músculo sinergista é o lombar inferior, que sendo muito mais fraco que os músculos das pernas, impede de prosseguir com o exercício, antes dos músculos das pernas estarem esgotados. Neste caso utilizo as extensões de pernas na máquina extensora, trabalho os quadriceps e folgo os lombares inferiores. Mais exemplos podem ser dados. Mas há quem defenda que para atingir os objectivos propostos, devemos fazer exactamente o oposto. Que se queremos tirar o máximo proveito do músculo principal devemos cansar os músculos de apoio (sinergistas) para que estes não possam colaborar com o músculo principal e assim sem a ajuda dos músculos de apoio ele é obrigado a trabalhar ao máximo. Tomando por exemplo novamente o exercício de Supino e o músculo peitoral, eu faria um exercício para triceps, onde não interferisse os músculos do peito, por exemplo: extensões no puxador, executava várias repetições e logo de seguida, com os triceps cansados e o peito folgado, faço o Supino, como os triceps não podem colaborar, as despesas do exercício ficam todas a cargo do peitoral e ele trabalha ao máximo. O mesmo acontece com os outros exercícios mencionados nos exemplos anteriores. Os dois métodos existem, não sei qual deles é o melhor, embora prefira o primeiro. Nem sei se existem estudos sobre a eficiência dos mesmos, sei que têm defensores. Eu utilizo periodicamente o primeiro, como forma de criar novos estímulos. Mas nada disto é muito importante. Como este artigo é escrito para quem se está a iniciar, o que quis demonstrar é que existem várias formas de atingirmos os mesmos objectivos, mesmo com métodos antagónicos. Que devemos analisar o treino sempre de diversas perspectivas. Temos de verificar quais são os métodos que melhor se adaptam aos nossos atletas, pois não existem dois atletas iguais e que o que funciona com um atleta pode não funcionar com outro. Estas regras servem para todas as disciplinas do atletismo, e temos como exemplo máximo os atletas ingleses de meio fundo, Sebastian Coe e Steve Ovett , que treinavam na Inglaterra com treinadores ingleses. Os seus treinadores defendiam conceitos de treino completamente opostos, e eles eram os dois melhores atletas do mundo na sua especialidade.

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